Capítulo 12

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Jimin apoiou a cabeça no travesseiro sem dificuldade, já fechando os olhos.

Ele se sentia absorvido pela cama, e parecia estar enrolado em um abraço confortável, sem querer prestar atenção em mais nada a não ser na sensação de segurança e bem-estar. Porque se ele se permitisse pensar em qualquer outra coisa, sua sanidade iria escorregar de suas mãos.

Jungkook e Seokjin o levaram antes para uma sala no andar principal da casa, que continha todo tipo de equipamento eletrônico e monitores de câmeras.

Todo ângulo da propriedade podia ser visualizado em tempo real. Havia sensores remotos por todo o terreno e um alarme soaria se qualquer pessoa chegasse perto da casa. E, se alguém entrasse no bosque ao redor da casa, os alarmes também seriam ativados.

Havia ainda um “quarto do pânico” no andar térreo, à prova de fogo e impenetrável, abastecido com água e comida suficientes para suportar qualquer desastre natural, ou até mesmo um apocalipse zumbi.

Jimin segurou a risada que veio de repente dentro de seu peito. Com certeza não tinha graça nenhuma na situação dele, nem em ideias absurdas como a casa poder resistir a um apocalipse zumbi, mesmo que fosse verdade.

O mais importante é que a casa era à prova de balas. Ou à prova de dementes assassinos e ensandecidos.

Ninguém conseguiria nem mesmo espirrar no bosque sem que Jungkook e seus irmãos ficassem sabendo.

Isso deveria acabar com qualquer preocupação de Jimin; no entanto, lá estava ele, deitado em uma das camas mais confortáveis em que já havia estado, exausto e, ainda assim, incapaz de relaxar e pegar no sono.

Jimin simplesmente não conseguia se livrar do medo, não importava o quanto seu coração soubesse que estava seguro.

O coração e a mente dele não entravam em um acordo, o que só aumentava a sensação de que ele estava perdendo cada vez mais sua saúde mental.

Pior ainda, a caminho do quarto que Jungkook tinha reservado para ele, eles passaram pelo quarto de Jennie, e o som do choro dela deixou Jimin cheio de tristeza e com uma dor no peito por causa do transtorno que sua presença estava causando.

Ele não podia culpar Jennie por reagir daquele jeito quando se viu cara a cara com alguém que sabia tudo o que ela tinha passado.

Não havia nada de errado com a negação dela, cada um tinha seu jeito de lidar com o trauma.

Só Deus sabia como Jimin foi capaz de aprender a lidar com os traumas ao longo dos anos.

Isolar cada pesadelo e deixá-lo em um canto esquecido pode não ser o jeito mais saudável de superar tragédia após tragédia, mas esse foi o único jeito que ele encontrou para sobreviver.

Em algum momento, as muralhas iriam ruir e Jimin acabaria botando para fora tudo aquilo que estava guardando dentro de si, como um vulcão em erupção.

Mas, até que esse dia chegasse, ele teria de... lidar com os traumas, assim como Jennie estava lidando com o trauma dela, ou não.

Não era função de Jimin nem sua responsabilidade ajudar a curar a irmã de Jungkook.

Mesmo que quisesse ajudar, ele não saberia nem por onde começar.

Jimin colocou a mão na testa, com os olhos ainda fechados e, cansado, se aplicou uma massagem nas têmporas, tentando aliviar a tensão e a dor que sentia.

Quando é que ele iria parar de fugir?

Será que algum dia poderia parar de fugir e levaria a vida normal, a vida banal, que ele queria tão desesperadamente?

My Safe Harbor -  JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora