𝗕𝗮𝗱𝗯𝗼𝘆 𝗚𝘂𝘆

CHAPTER FUOR

     Amber encara Josh de imediato. Aquele olhar de morte.

— O quê? — ele indaga. — Não confia em mim?

— Não! — ela responde, com a cara fechada.

— Daí o problema já é seu. — ele da de ombros. — Vai logo, gostosa. Não temos muito tempo.

     Ela não parece querer, mas sai mesmo assim, bufando. A pequena calda brilhante de seu vestido arrastando pelo chão, e seu cabelo loiro com fios de ouro balançando. Amber é mesmo tão linda. Devia estar berando os um e oitenta e cinco de altura com seu salto-alto fino. Uau.

     Me foco outra vez em tentar descer meu zíper assim que Amber fecha a porta atrás dela. Tento me manter calma. Respiro fundo e seguro, forçando o zíper mais uma vez.

— Não vai conseguir sozinha. Nem adianta ficar tentando assim — Josh diz, se aproximando novamente. Ele segura meu cabelo com uma mão e o zíper com a outra. — No três você segura a respiração mais uma vez. Um..dois.. três. — eu faço exatamente o que ele pede, e dessa vez o zíper desliza. Sinto o vestido cair sobre meus pés.

     Não consigo evitar outro suspiro de alívio e tento continuar mantendo a esperança. Eu me preparei da melhor maneira possível para que tudo ocorresse como o planejado. Sai com uma hora de antecedência e deixei o celular na cama, para que eu não me preocupasse em ver as horas a todo instante. Mas não imaginei que não entraria com meu vestido, aliás, ele é tudo o que sonhei para usar esta noite. Com o que vou entrar agora? Argh, o que eu fiz?!

— Pode virar de costas, por favor? — com os braços cruzados em frente ao peito a fim de escondê-los o máximo possível, peço gentilmente para Josh, que me dá uma olhada.

— E por que eu faria isso?

     Arqueio uma sobrancelha.

— Porque.. eu estou pedindo, não?

— Tá bem, tá bem. — diz levantando as mãos. — Eu me viro, princesa. — ele se afasta um pouco para direita e vira de costas. — Está bom assim? — questiona por fim, com um ar engraçadão.

— Sim. Obrigada.

     O loiro solta uma risada e se põe a focar no celular, quando noto uma tatuagem aparentemente nova em sua nuca.

     Um par de asas. E que lindo par de asas.

— Você fez hoje? — pergunto, após um tempo.

— Durante a madrugada. Gostou?

— Parece ter doído, está um pouco vermelho. — respondo com voz mansinha.

— Claro que doeu, são picadas de agulha entrando na sua pele. — ele ri pelo nariz, como se já não fosse óbvio. — Mas valeu a pena, eu gostei.

— Eu também gostei, na verdade. Ficou bonito.

     O silêncio se põe a retornar durante alguns  segundos, quando Josh dá continuidade ao assunto.

— Pretendo fazer mais durante a noite inteira, vou passar a noite fazendo. Vou para uma boate depois daqui, e lá tem um cara que faz as tatuagens mais fodas da cidade. Ele fez todas as que tenho e também as únicas três de Amber.

     Franzo as sobrancelhas. Não me lembro de ter visto sequer uma tatuagem em Amber.

— Amber tem tatuagens? — não hesito em perguntar.

— Uma cobra pequena na virilha, flores atrás da orelha e asinha de fada no indicador da mão esquerda. — ele faz uma pausa para respirar. — E eu não deveria estar contando isso.