Eu e o Tyler fizemos uma careta de desconforto. Selena percebeu nosso constrangimento.
_Não estraçalhar dessa forma _suspirou ruidosamente _o que tem de errado com as pessoas das suas idades?
_ Pode esclarecer? _Tyler disse com pouca suavidade.
Selena sorriu e explicou _Oh, para ser o cara certo para a Ágata você precisava ser diferenciado.
_Mas ela pareceu gostar do meu pai. _falei confusa.
Selena fez cara de obviedade e começou a falar _Mas ele não...
_Realmente isso não é das nossas contas, certo Selena?
Cecília apareceu na sala usando uma saia risca de giz e um terninho cinza formidável, seu semblante e voz pétrea totalmente insondáveis, cabelos presos sobre a cabeça de forma elegante.
Selena deu de ombros _Bem, creio que tenha razão. _ela não pareceu se abalar com a presença imponente de Cecília.
Eu queria respostas agora, comecei a protestar _Mas...
Cecília me interrompeu _Mas terá quem te explique as coisas, não nós certamente, é deselegante se intrometer em assuntos que não fazem parte da nossa alçada, interferir em questões familiares certamente não faz. _Cecília respondeu de forma fria.
Sabia que protestar não iria ser de grande ajuda por isso me calei.
***
O volvo negro de Tyler parou suavemente em frente a suntuosa casa de Susan Halle, Tyler estava dirigindo o carro, Selena me fazia companhia no banco de trás. Enfiei a mão no bolso do meu jeans, peguei o medalhão da minha mãe e o coloquei ao redor do meu pescoço.
_Está bem?
_Estou. _menti.
Não estava, entrar na minha até pouco tempo casa era de certa forma mais assustador do que ter um vazio sobre mim pronto a dilacerar meu pescoço, contra um vazio você podia lutar, poderia enfiar uma adaga no peito deles, mesmo que depois você entrasse em choque. Ali nem ao menos o choque era prudente, como entrar em choque diante de uma verdade sempre presente, afinal eu sempre havia tido consciência de que não pertencia ali, mas a pergunta era: aonde pertenço então? A um mundo desconhecido e inóspito do qual eu aparentemente descendia ou a minha família não tão família?
Apertei minha mão com força sobre o medalhão. Não vou ser mais a garota idiota e pálida de sempre, irei ser a garota forte que minha mãe esperava que eu fosse. Se for para escolher aonde pertenço, prefiro a primeira opção.
Abri a porta esquerda do volvo e sai ao mesmo tempo que Selena e Tyler, caminhamos silenciosamente até a porta de entrada, apertei a campainha, ali não era minha casa para entrar livremente.
Marge abriu a porta e arregalou os olhos em uma expressão de alívio quando me viu.
_Menina! _enlaçou seus braços ao meu redor.
_Oi. _a voz que saiu de mim era desconhecida, segura, sem hesitação.
_Estava preocupada, Sra. Susan ia atrás de você hoje, te trazer para casa já que parecia que queria manter residência fixa na casa de sua amiga.
_Sei que iria atrás de mim. _disse sem emoção alguma, simplesmente disse.
Marge se deu conta de Selena e Tyler as minhas costas.
_Entre todos. _segui para o interior da casa seguida pelos outros. _Você deve ser o Tyler, o amiguinho da Crys. _disse ao mesmo tempo que indicava para que sentassem.
_Sou. _Tyler deu uma resposta curta mais ao mesmo tempo cheio de educação.
_E você? _perguntou para Selena docemente.
_Selena Pontes, professora de história dos garotos.
Ah, ela estava na sua casa! Prazer em conhece-los. _Marge tentou sanar sua falta de sutileza nas palavras.
_O prazer é nosso. _ Selena respondeu, Tyler se limitou a um menear de cabeça. _Você deve ser a Marge.
_Sim, desculpe por não me apresentar, é que fiquei meio atrapalhada, estava preocupada com a Crystal, vê-la foi um alívio.
_Onde está a Susan? _perguntei friamente.
_Sua mãe está lá em cima no seu escritório. _deu ênfase quando disse sua mãe.
Selena disse de forma gentil _A chame por favor, quero conversar sobre um assunto com ela.
_Com licença. _Marge se apressou em direção as escadas.
Tyler se postava sentado no sofá despreocupadamente, Selena olhava ao redor da maneira natural que avaliamos a casa dos outros quando ninguém está vendo, eu raspava uma unha na outra como se isso fosse acelerar o tempo. Por fim Susan Halle apareceu na sala, usava um vestido bege e uma sapatilha preta que não descredenciava o requinte do seu cabelo castanho escuro preso em um coque sutil no alto da cabeça.
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A Ordem Da Lua
FantasyCrystal Halle é uma adolescente aparentemente normal. Crescendo em uma família adotiva vivencia problemas típicos de uma adolescente, conflitos familiares, amor platônico e dramas no ambiente escolar. Ela nem imagina como isso mudará... Ao lado do l...
22- Voltando Para Casa
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