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Passamos a manhã inteira na escola, pagando a detenção que deixamos pendente há duas semanas atrás. Eu disse à Natalie que apenas passaria o sábado na casa da Mari para estudarmos filosofia. Não pude contar sobre receber a penitência. Já era difícil manter a confiança dela em mim.

Tombei meu corpo para trás, deitando na cama de Marinette. Ela estava terminando um trabalho em seu computador, enquanto eu revisava a matéria de filosofia. Olhei para o lado e vi os bonecos que ela havia costurado da Ladybug e do Chat Noir. Alguns vilões também. Peguei-os, guardei o livro de filosofia na minha bolsa e voltei a deitar na cama.

— Você quem fez? — perguntei para ela, mesmo sabendo a resposta. Ela disse para o Chat Noir no dia que da Marionetista. Mas eu estou aqui como Adrien, tenho que agir como Adrien. Ela olhou para mim, curiosa.

— Ah... sim...

— Então, eu não sou o único fã de LadyNoir da relação — brinquei.

— Não é bem assim. — Ela girou a cadeira na minha direção. — Eu não shippo eles dois, se é isso que você tá pensando. Aliás, eu fiz uns vilões também. — Apontou para os outros bonecos. — É que, às vezes, eu fico de babá da Manon e, com os bonecos, eu posso entretê-la. 

— Já entendi que você é hater do Chat Noir. Não precisa continuar. — Sentei na cama.

— Eu não sou hater do Chat Noir. Eu só não shippo ele com a Ladybug. Pra mim, eles são amigos. — Ela voltou a digitar. Pressionei os olhos, controlando a culpa do fingimento.

Tento imaginar todos os dias qual seria a reação dela, se eu contasse a verdade. Se teríamos que ceder nossos miraculous, se ela terminaria comigo. Eu estou sendo mentiroso na nossa relação. Isso não é saudável. Eu tenho que contar. Mas eu ainda acho que é melhor esperar derrotarmos o Hawk Moth antes.

— Adrien? — ouvi e saí do transe.

— Oi! — respondi rapidamente.

— Você estava sonhando acordado... — falou, clicando no mouse. — Vem ver se ficou bom.

Fui até lá e me posicionei atrás da cadeira dela. Inclinei-me para observar melhor a tela. Era um pôster para o Jagged Stone. Observei os detalhes em dourado e roxo, os brilhos e o contraste das cores usadas.

— Tá perfeito — falei, sem tirar os olhos.

— Você achou mesmo?

Assenti.

— Ei — chamou Sabine, abrindo o alçapão. — Desçam! Eu preparei um lanche para vocês.

Assentimos. Ela saiu. Ofereci minha mão para ajudar Marinette a se levantar. Ela aceitou. Deixei ela descer na frente e fui logo atrás. Chegamos na cozinha e sentamos à mesa. Sabine nos entregou uns crepes salgados e suco de maracujá. Meu estômago estremeceu de felicidade, ao sentir o cheiro daquela comida.

Poder passar o final de semana na casa da Marinette era libertador e bom. Meu pai estava sendo um pouco menos rígido comigo. Talvez, pela mamãe. É o que ela faria, diz ele.

— Eu adoro a comida de vocês. É tão mais... temperada — falei, depois de comer uns pedaços.

— Sabe que pode vir comer aqui quando quiser, não sabe? — disse Sabine. Eu assenti, com a boca cheia.

— Adrien! — exclamou Tom, entrando na casa. — Que bom que você está aqui! O que acha de um duelo de vídeo game. Ultrameca Strike 4. Topa?

Assenti, ainda comendo. O homem foi ligar a TV da sala.

SIGNIFICA QUE EU TE AMOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora