Isso não é um adeus

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— Não acha que você devia esquecer também?

Tonks levantou a cabeça para tentar entender do que ele estava falando.

— Quando voltar ao seu tempo, vai continuar se lembrando de tudo o que aconteceu — Remus explicou — Mesmo que as coisas mudem... não acha que devia se esquecer também?

— Acho que você tem razão. Seria potencialmente problemático eu ficar falando de coisas que nunca aconteceram — voltou a deitar-se — Mas eu vou ter lembranças desse tempo que eu não vivi? Isso tudo é tão confuso.

— Acho que vai se lembrar com o tempo. Afinal, continuará sendo você mesma.

Fazia sentido. Não seriam duas Tonks vivendo no mesmo período ao mesmo tempo.

— E então nós vamos viver a nossa vida — ela disse.

Remus moveu-se para que pudessem olhar um para o outro de frente.

— Me conta o que aconteceu na caverna — ele pediu.

— Por quê? — ela franziu levemente o cenho.

— Porque eu não quero dormir, e eu preciso escutar a sua voz pela última vez.

Sentiu os seus olhos lacrimejarem, mas piscou algumas vezes para afastar as lágrimas.

— Encontrei com Albus no hall de entrada...

Depois que contou o que aconteceu na caverna, nos mínimos detalhes, contou sobre as vezes em que eles e Sirius ficaram bebendo e conversando em Grimmauld Place, contou sobre a sua época de escola. Coisas que não tinha contado antes porque não era importante para a missão.

Acompanhou nos olhos de Remus como a luz da lua foi desaparecendo e dando lugar ao fraco sol da manhã. Tentou fazer com que ele reagisse ao que contava algumas vezes, contando piadas sem graça, mas na maior parte do tempo ele se manteve calado, prestando total atenção no que dizia, sem desviar o olhar de seu rosto.

Em algum momento, ele estendeu a mão, hesitando a alguns centímetros de sua pele, como se tivesse medo de tocá-la — o que era uma ideia absurda, considerando todas as vezes que se tocaram antes.

— Você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida.

Soltou uma risada chorosa. Não conseguia ver como podia ser verdade. Os marotos tinham sido o seu apoio desde que se conheceram, os seus primeiros e únicos amigos, transformaram-se em animagos para poderem estar com ele durante as luas cheias. O que ela tinha feito comparado a isso?

— Quem tem problemas de autoestima agora? — ele ergueu uma sobrancelha.

— Quem lê a mente do outro como se soubesse tudo sobre ele agora? — ela retrucou.

Passou a mão pelo próprio rosto, secando uma lágrima traiçoeira.

— Acho que é melhor você ir, antes que Madame Pomfrey nos veja aqui — disse, por mais que não fosse o que queria.

Remus assentiu e então puxou-a para um dos mais profundos e apaixonados beijos que já deram na vida. Tinha uma pontada de desespero também, das saudades antecipadas pelos anos que passariam afastados.

Se eles tivessem tido mais tempo...

Ele levantou-se e pegou a capa da invisibilidade caída no chão. Observou-o caminhar até a saída da Ala Hospitalar e desaparecer sob a capa.

Ficou alguns minutos na mesma posição, observando o ponto vazio no chão, e então deixou-se deitar. Devia estar um desastre, as olheiras enormes por baixo dos olhos, e a cara amassada pelas poucas horas de sono. Não demorou muito tempo para que Madame Pomfrey saísse de sua salinha e parasse a meio caminho de sua cama, percebendo que a cama do diretor estava vazia. Enquanto resmungava sobre responsabilidades, deu uma última checada na garota antes de dá-la alta.

Uma Nova OportunidadeWo Geschichten leben. Entdecke jetzt