― Sério? Eu pensei que você já tivesse desistido — digo zombando da sua cara. — É melhor você ficar com ela, só com ela Luke. Você já pode ir. — Apontei para o seu carro do outro lado da rua. Eu estava me segurando para não chorar, nem me exaltar, e para parar de tremer. — E não precisa mais voltar.

Uma lágrima me escapou. Luke me encarava com os olhos vermelhos suplicando para que eu não fizesse isso, que eu não o mandasse embora, que não terminasse com o pouco que tínhamos. Ficamos alguns minutos parados, nos encarando esperando que o outro se pronunciasse.

― Mand. — Ele segurou meu braço quando eu estava voltando para dentro da casa. — Não faz isso, por favor. Eu te imploro, não faça isso. Não termine comigo. — Ele me beijou, retribui, tendo em mente de que esse seria nosso último beijo por toda a eternidade.

Parecia que havia uma granada prestes a explodir presa em meu peito. As lágrimas, tanto minhas quanto dele, escorriam por nossos rostos até nossas bocas, me embriagando com aquele sabor. E quando me dei conta, eu já havia passado do limite na dose, aquele beijo, era a última gota de Luke que eu havia me permitido beber e me lambuzar. Desconectei-me dele, fechei os olhos e respirei fundo.

― Vá embora agora, Luke. E, por favor, não volte, nem olhe para trás.

Ele apertou a ponta do nariz, e com a voz embargada disse:

― Tem certeza de que é isso o que você quer? Que eu vá embora, e que nunca mais volte? — Ele me encarou.

― Estou falando sério. Eu não quero mais te ver. — Caminhei para o interior da casa. — Vai embora Luke! — gritei quando ele segurou meu braço novamente.

― Mand... Por favor — suplicou.

― Luke — forcei minha voz a quebrar a barreira que o choro está formando na minha garganta. — Vai embora. Você precisa ir.

Contornei o gramado e entrei em casa, fechei a porta em um baque surdo. Ouvi o som do motor de seu carro sendo ligado, e logo o som foi se distanciando. Escorreguei até o chão, e chorei até as lágrimas secarem e meus olhos começarem a arder, minha cabeça estava doendo tanto quanto minha garganta.

A vida não é como um conto de fadas, onde sempre há um final feliz. A vida se parece mais com um livro de suspense, ninguém sabe o que vai acontecer, até chegar na última frase, na última palavra, no último suspiro. No fim, tudo aquilo que vivemos não passa de uma grande mentira. Nós somos uma grande mentira. Eu sou uma mentira. Luke é uma mentira. E devemos pagar por nossas mentiras, com dor, com sofrimento, com agonia.

― Mand. — Me chamou Niall. — Você está chorando?

Sorri e o puxei para o meu colo. Baguncei seu cabelo louro e o apertei em um abraço.

― Quem disse que eu estava chorando?

― Eu vi. — Ele abriu um enorme sorriso.

― Ah é? — O deitei no piso e comecei a lhe fazer cócegas, mas isso não ficou barato, e assim que teve a oportunidade, ele me atacou e quem acabou engasgada de tanto rir fui eu. — Já chega. — murmurei entre uma gargalhada e outra, enquanto tentava recuperar o fôlego.

― Vocês vão querer almoçar? — perguntou minha mãe entrando na sala com Megan logo atrás.

Me curvei no piso para poder encara-la, e acho que fiquei em uma pose meio estranha, porque elas começaram a rir. Então decidi me levantar logo de uma vez, mas elas continuaram rindo, só que não era de mim, era do Niall que estava se arrastando pelo chão como se fosse uma minhoca. Ele grudou na barra da calça da minha mãe, e ela o pegou no colo.

[Pulsos]Where stories live. Discover now