Cartas de Amor (DoPil)

4 - Todas as canções de amor são ridículas

  Ok, achar um guitarrista é uma tarefa mais difícil do que eu pensei. Espalhei diversos anúncios para uma audição, o problema é que ninguém apareceu no dia. Absolutamente ninguém.

   Pensei em desistir, dizer pro Dowoon achar alguém na escola dele ou pedir à Jeongyeon que colasse anúncios em postes.

  Chutei uma pedrinha imaginária no meio do caminho — já que no corredor da faculdade não tem nenhuma pedra de verdade — e parei na entrada da sala de estudos do pessoal dos cursos de comunicação. A porta está entreaberta e pude ouvir um som vindo de lá

   Aproximei o ouvido e prestei atenção, era alguém cantando, e que voz linda, absolutamente maravilhosa e grave. Essa pessoa precisa entrar para a banda sem nome oficial ainda.

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  Dizem que quando uma pessoa olha por mais de oito segundos nos seus olhos, é porque ela quer te beijar ou te matar — ou talvez isso só seja mais uma mentira do Fatos Desconhecidos — mas se for verdade, eu não faço ideia do que esse cara na minha frente quer fazer comigo.

   O moreno literalmente está há quase um minuto me imprensando contra a parede e me olhando como se eu fosse um animal de zoológico. — Não frequentem zoológicos ok, apenas santuários legais de proteção animal. — Sinceramente, acho que ele é doido.

  — Você. — o doido sorriu de lado. — Você é perfeito.
  — Obrigado? — franzi a testa, sem entender o elogio repentino.
  — Sabe tocar guitarra? Quer entrar na minha banda? — ele se aproximou, me apertando ainda mais contra a parede.
  — Você é maluco. — o empurrei, não com muita força, apenas o suficiente para tirá-lo da minha frente, e sai andando.
  — Espera! — o maluco pediu, mas continuei andando.

   Segui meu caminho até a sala da minha próxima aula sem olhar para trás, eu só não esperava que o maluco do mullet — sim, ele usa esse cabelo — fosse atrás de mim.
  
   — Você não tem que, sei lá, assistir aula? — perguntei quando notei sua presença em minhas costas e cruzei os braços.
   — Tenho, daqui há meia hora. — cruzou os braços com um sorriso maroto e olhou para o relógio de pulso. — Olha, eu te ouvi cantando e sua voz é incrível. Por favor, pelo menos venha ver um ensaio da banda. — fez um gesto de súplica — É na segunda feira, às 14 horas no departamento de música!

   Suspirei, sem saber muito o que responder, e entrei na sala.

   — Te vejo lá! — o maluco do mullet gritou quando dei as costas.

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   Batuquei os dedos na carteira da escola enquanto esperava o sinal para o intervalo tocar. Eu estou azul de fome e tudo que preciso agora é comer a tangerina que trouxe, acompanhada de um sanduíche natural que vendem na escola.

  Olhei para o fundo da sala, meio distraído da aula por causa da fome, e pousei os olhos em Dowoon. Hoje é segunda, faziam alguns dias desde que nos falamos pela última vez, ou seja, no dia do shopping. Ele leu minha resposta, mas não faço ideia do que achou, porque mesmo que eu tenha lhe dado meu contato, não recebi nenhuma mensagem.

  Talvez eu tenha viajado um pouco enquanto encarava Dowoon, e acabei não percebendo que o baterista também estava olhando para mim. Isso me lembrou uma fala de um filme que vi uma vez. "Haviam diversas pessoas no salão, mas quando eu olhei para ela, ela já estava olhando para mim" ou algo assim.

  Dowoon sorriu fraco, eu fiz o mesmo, meio sem jeito por estar encarando-o, e voltei a olhar para frente.

   Enfim soou o toque, anunciando o intervalo. Prontamente peguei minha tangerina e tratei de puxar Jae para fora da sala, pensando na fila imensa da cantina. Enquanto meu amigo contava sobre a partida de valorant que jogou ontem à noite — eu não entendo nada, mas deixo ele falar, pelo bem da nossa amizade. — senti a manga de meu uniforme ser puxada com delicadeza. Me virei, pensando que deveria ser alguém do grêmio ou algo assim, todavia, me surpreendi ao ver Dowoon, com um semblante levemente nervoso.