Capítulo 2: "Percebi que cometi um erro"

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- Eu entendo, mas acho que não vai ser necessário, eu...

- Olha, eu não sei absolutamente nada da sua vida. Mas eu sei que se um cara como você chega ao ponto de marcar um encontro com um acompanhante, não cancela cinco minutos antes e de fato aparece, é porque alguma coisa tem. - Hinata disse, bebendo mais alguns goles de cerveja - Sua esposa está desconfiando que você é gay?

- Não, bem pelo contrário. Eu tenho um marido e estamos perfeitamente bem.

Hinata pareceu surpreso.

- Oh... Essa é nova pra mim. Meus clientes normalmente são senhoras ricas e sozinhas que querem andar de mãos dadas ou homens de meia idade se descobrindo gays depois de casar e ter dois filhos. Ah, eu choro em velórios se precisar também.

Atsumu precisou rir. Realmente não entendia como aquela profissão de "acompanhante" funcionava. Achava que era só um disfarce para não assumir que era prostituição mesmo, mas pelo o que o garoto estava descrevendo até que era um trabalho digno.

Sem esperar muito, Hinata logo começou a contar de uma vez que saiu com uma senhora idosa que pediu que ele fingisse ser o neto dela para um grupo de outras idosas num chá da tarde. Tudo corria muito bem até o neto verdadeiro da velha senhora surgir e a maior confusão ser instaurada.

Atsumu mal percebeu como estava rindo, bebendo e se divertindo com as histórias dele. Pediu mais uma rodada de cerveja e uns petiscos e continuaram conversando. Logo se viu compartilhando suas próprias histórias da faculdade, contando como conheceu Kageyama na inscrição pro clube de vôlei da faculdade, como eles tinham disputado a titularidade na mesma posição e como Atsumu sempre acabava no banco de reserva pois ninguém era melhor do que Tobio, admitiu sua derrota com um sorriso apaixonado.

- Eu também jogo vôlei! - Hinata contou. - Posso ser baixinho, mas eu pulo alto.

- Jura? Que posição você joga? Em que time?

Para a surpresa de Miya, Hinata não fazia parte do clube de vôlei da faculdade como ele e Tobio fizeram enquanto cursavam seus cursos, Hinata era do time de vôlei mesmo, o profissional, tinha bolsa da universidade para jogar pelo time.

- Ah, não é nada demais... - Hinata disse tentando diminuir a importância. - Estamos fora da temporada mesmo, não tenho jogado nada. Só cerveja pra dentro e conversa fora.

Atsumu riu abertamente de novo. Nossa, era incrível como Hinata fez rapidamente ele se sentir à vontade, o fazendo rir tão fácil. Não sabia se a culpa era da terceira rodada de cerveja, mas o sorriso do ruivo parecia tão iluminado. Seu rosto sorridente emoldurado pelos cabelos laranjas era tão bonito que ele parecia um pequeno sol irradiando felicidade para o mundo.

Quase como se protegesse o rosto da claridade emitida pelo garoto, Atsumu baixou os olhos para reparar finalmente no resto dele. De fato ele não era muito alto, definitivamente baixo para os padrões do vôlei. Mas isso não mudava em nada o fato de que por baixo da jaqueta havia claramente um corpo de atleta. E agora Atsumu podia perceber todos os sinais! A camiseta que ele usava tinha uma gola V um tanto larga, exibindo as saboneteiras e musculatura dos ombros e pescoço, deixando em evidência o peitoral. As calças jeans skinny faziam o mesmo favor, se agarrando às pernas torneadas, de panturrilhas salientes e bem definidas.

- Vem comigo que eu quero te mostrar uma coisa!

Atsumu pareceu voltar à Terra e nem cogitou outra possibilidade a não ser pegar sua bebida e seguir o ruivo mais para o fundo do bar. Chegaram na área onde os alvos dos dardos estavam expostos e Hinata logo foi tirando sua jaqueta para se posicionar na marcação de distância do chão e fazer sua primeira jogada.

Ele viu o garoto segurar o dardo dobrando o braço, seus bíceps antes escondidos agora totalmente à mostra. Num movimento forte, rápido e preciso, BAM. Quase no centro do alvo.

- Sua vez, Miya-san.

- Ah, se proteja pois eu nunca joguei isso e sinto que estou meio bêbado. - Ele disse em tom de brincadeira, se preparando para jogar um dardo.

- Não se preocupe, se você me machucar eu cobro um extra.

Hinata quis ser engraçado, mas o comentário pareceu lembrar Miya de que aquele não era um happy hour da empresa, e os reais motivos por ele ter vindo. Ele jogou o dardo mesmo assim, que acabou ficando super próximo da borda externa do alvo.

- É melhor eu ir embora... não devia nem ter vindo.

A culpa de estar potencialmente traindo a confiança de Tobio voltou com toda força e Atsumu percebeu que já tinha usufruído demais da situação, bem mais do que conscientemente achava certo. Pagaria o que devia para Hinata e esqueceria desse dia para todo o sempre.

Desviando o olhar, pegou o dinheiro e quando foi entregar, Hinata segurou sua mão, o fazendo olhar pra ele.

- Espere, Miya-san.

Não sabia dizer ao certo se era a bebida ou não, mas o olhar dele parecia preocupado. Aos poucos um alarme interno começou a soar em sua cabeça declarando que Hinata estava se aproximando demais, que ele tinha que ir embora, mas seu corpo só ficou parado, hipnotizado pela claridade do sol.

- Você veio até aqui me encontrar pra tentar entender alguma coisa do seu casamento. - Não era uma pergunta, e sim uma declaração. - Se você não fizer nada, nada vai mudar e não terá servido de nada. Então eu espero que isso te ajude de alguma forma.

E como num dia quentíssimo de verão, Atsumu se viu totalmente consumido pelo sol. Hinata passou uma mão pelo seu pescoço e juntou os lábios nos dele, os abrindo imediatamente. Ele beijava da mesma maneira que contava uma história: envolvente, de um jeito que você sempre quer ficar para saber o final.

Suas mãos relaxaram quando sentiu as de Hinata enlaçarem seu pescoço, as permitindo dar a volta na cintura marcada do ruivo, o puxando para mais perto. Seu coração acelerou vertiginosamente junto com sua excitação praticamente instantânea. Hinata podia ser mais baixo, mas seu corpo era mais sólido, bem definido e compacto, bem diferente de Tobio e...

Atsumu era um imbecil.

Praticamente forçando o dinheiro na mão pequena do ruivo, ele se afastou, pegou suas coisas e saiu correndo sem nem olhar pra trás. Precisava voltar para casa, precisava voltar pro seu marido. Ele tinha errado feio, mas iria consertar, iria resolver tudo.

Tobio ia perdoar ele, não ia?

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Será que perdoa? Comenta aqui o que você acha =) 

Alguns pontinhos caso não tenha ficado absolutamente claro:

- AtsuKage tem uns 35/36 anos, Hinata tem 21, como ele mesmo disse.

- Eu estabeleci essa diferença entre time e clube de vôlei pra diferenciar quem é profissional de quem é amador, mas na vida real das universidades americanas não é exatamente assim.

 Próximo Capítulo: "Você precisa fazer mais vezes"

Sábado, dia 30. (ou sexta, quem sabe).

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Eu Tu Ele [AtsuKageHina]Onde histórias criam vida. Descubra agora