MATEUS: Sábado vai ter uma festa na casa do Renan, vc vai né  

RAFAEL: Não sei, cara

RAFAEL: depende do meu pai  

MATEUS: Sua mãe o convence, cara, é na casa do Renan

MATEUS: a última festa que ele deu foi ano passado, falaram que foi demais

MATEUS: a gente precisa ir, pede para sua mãe certeza que ela fala com seu pai

RAFAEL:  ele ainda tá puto por causa da nota

MATEUS: mano, dá seu jeito

MATEUS: precisamos ir.

Ignoro a última mensagem de Mateus, porque duvido muito que meu pai me deixe ir, pedir para ir nessa festa vai significar para ele que não me importo com a minha vida escolar. Segundo Daniel Monteiro "festas no ensino médio só levam a álcool e drogas e nada produtivo e são um atraso para a vida" o mais contraditório, é que meu pai foi o aluno problema, sempre em festas tanto durante o colégio quanto na faculdade. E agora, quando chega o meu momento de curtir a vida, ele resolve ter um acesso de consciência e me proibir.  

Deixo o celular no balcão e vou lavar a louça do meu almoço e do lanche. Depois de tudo limpo, seco e guardado nos seus respectivos lugares volto a checar as mensagens. Ainda sem resposta de Elena, decido não ficar pensando nisso, ela deve estar ocupada e por isso não me respondeu, a perspectiva de estar sendo ignorado me incomoda, mesmo que esteja tendo a mesma atitude e fingindo que não vi as últimas mensagens mandadas por Mateus.  

De volta ao meu quarto, separo uma boxer e pego a toalha e vou tomar outro banho. O calor de outubro está infernal, não tem uma brisa mais fresca. E nem constantes banhos gelados são capazes de aplacar o calor.  

De baixo do chuveiro sinto a água fria escorrer diminuindo a minha temperatura corporal, ouço o barulho da notificação do celular. A curiosidade de saber quem é bate, resisto e prossigo com o banho. Porém o som da segunda notificação me faz desligar o chuveiro e me secar rapidamente e

enrolar a toalha na cintura e na terceira, pego o celular na pia do banheiro deparando-me com a notificação que esperava.  

ELENA ANDRADE: As aulas vão ser às terças e sextas que são meus dias mais tranquilos.  

ELENA ANDRADE: E depois da aula, podemos alternar entre a minha e a sua casa.

ELENA ANDRADE: Começamos amanhã na minha casa.  

Seca.  

Esse é o tom das mensagens, ela não me oferece um boa noite ou flexibilidade sobre os dias. Totalmente taxativa e para mim, só resta a aceitação.  

                                                                              *

A cena de ontem repetia-se novamente. E é certeza que ela se tornará frequente. Como ontem seguia em direção a Elena, pronto para a aula de física. A conversa da manhã com meus pais ainda está fresca na minha cabeça.

No café da manhã avisei meus pais sobre os dias das aulas e como iriam funcionar e não houve objeções, a felicidade deles foi evidente, principalmente a do meu pai, vi nos seus olhos a esperança da minha melhora na matéria. Apesar de ficar um pouco receosa, minha mãe aceitou com certa tranquilidade as minhas possíveis idas para a casa de Elena. Não contei a eles que foi ela quem me deixou em casa ontem, segundo a minha mãe não devemos subestimar ninguém, mesmo que ela seja uma pessoa aparentemente inofensiva. Por isso, decidi omitir essa pequena informação e falei que foi o pai de Mateus quem me deixou em casa.  

Por hora, achei melhor não comentar sobre a festa, talvez amanhã eu tentasse a sorte e pedisse para ir. Não que Mateus fosse me deixar esquecer da festa, ele falou dessa maldita festa o dia todo, mal tinha chego no nosso lugar usual, ele já estava igual um urubu em cima de mim falando sobre a festa, incentivando Lúcia e Clara a irem combinando horário e tudo mais, por um momento pensei que ele fosse falar para irmos todos combinando.  

O resto do dia foi tranquilo, havia uma ansiedade crescente entre os alunos, aparentemente saber que um dos alunos mais reservados da sala iria dar uma festa mexeu com os ânimos das pessoas e todas conversinhas giravam em torno disso. Se a festa for ruim, vai dar pena de todos os ansiosos.  

Mas, nesse momento, a última coisa que passava na minha cabeça era a festa, afinal minhas chances de comparecer eram pequenas, não valia a pena ficar criando expectativa e planejando algo que era uma possibilidade.  

Por isso, resolvi voltar meus pensamentos para o concreto. E o concreto é Elena Andrade apoiada no seu carro mexendo no celular, a legging vinho e com listras brancas agarravam suas coxas deixando claro que ela praticava algum tipo de exercício, a camiseta branca com o logo vinho era um pouco mais apertada que o recomendado, foi impossível não olhar para os seus peitos tão evidentes na camiseta. Seus cabelos castanhos brilhavam no sol e as tatuagens escuras destacavam-se no braço esquerdo que além da cobra tinha mais desenhos inscritos sob a pele levemente morena.  

Durante três anos estudando juntos foram poucas as vezes que realmente reparei nela, mas não podia negar, Elena Andrade é linda. E gostosa. E vai ser difícil para porra não ficar olhando seus peitos toda hora.  

Elena parece notar a minha aproximação, levanta a cabeça e guarda o celular. Com um simples aceno ela indica minha próxima ação, dou a volta no carro e entro.  

Pronto para a aula.

A física entre nós [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now