Como conquistar uma musicista

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É, Yerim tinha escolhido uma nerd em tecnologia muito esquisita para namorar.

— Preciso que você me faça um favor, — comentou Hyejoo.

— Mais um? — Ela grunhiu em lamento, movimentando-se preguiçosamente até estar sentada. Ignorou o olhar cortante da Son.

— O sinal daqui está péssimo. Preciso que você suba em algum brinquedo e coloque isso, — a mais nova pôs um dispositivo eletrônico quadricular no colo da outra, que erguia as sobrancelhas em descrença.

— Sem chance!

— Ah, vamos lá, Lippie. É só um repetidor de sinal, não uma bomba cronometrada, — insistiu.

— Nem morta, Hye. A gente não sabe que tipo de coisa tem lá dentro!

— Brinquedos abandonados? — Zoou e respirou outra vez antes de voltar a falar. — Olhe, você quer sair daqui, não é?

A Kim cruzou os braços, fitando o computador da amiga com todo o seu ódio. — É claro que quero.

— Ótimo, então vá logo, — sua mão abanou o repetidor na frente do rosto da mais velha até que ela pegasse, mesmo a contragosto, colocando-o no bolso de seu casaco moletom. — Quanto mais você demorar, mais tempo levaremos aqui.

— Isso vai ter volta, — resmungou, subindo o zíper do casaco e abriu a porta, agarrando o próprio celular antes de deixar a hacker para trás.

Não é que Jungeun tivesse medo do escuro; ela não tinha. Ou que acreditasse em coisas como fantasmas, criaturas das trevas ou contos de terror; também não. Todavia, entrar em um parque de diversões abandonado enquanto tudo estava escuro e sem vida era praticamente pedir para morrer, em sua opinião. E ela se considerava jovem e bonita demais para tal.

Visando sair daquele lugar o mais rápido possível, avançou para o primeiro e mais alto brinquedo que viu, a lanterna do celular ligada em seu máximo para guiá-la pelo o chão terroso do estabelecimento.

Montanha Crowley Corners, ela leu na placa caída, pisando no metal para entrar em seus limites. A montanha russa. Céus, ela adorava esse brinquedo o tanto que Jongdae o odiava. Seu irmão, ao contrário de si, sempre fora fraco para tudo que fosse alto e veloz, tendo falhado em seu exame de direção nas quatro primeiras tentativas. Jungeun tinha para si mesma que uma criança de onze anos poderia dirigir melhor do que ele, mas não comentaria nada do tipo na frente de seus pais ou seria obrigada a servir de motorista para o garoto.

Ela, respirando fundo o ar gélido disponível, guardou o celular no bolso da calça jeans e usou os trilhos do carrinho como escada para subir até seu ponto mais alto. Quando já não havia mais nada para subir, a menina olhou para baixo, sequer conseguindo enxergar o chão abaixo de si graças a névoa que ainda bagunçava sua visão, mesmo que pouca, e ergueu o olhar. Palavras faltaram-lhe para descrever a vista que se definia a sua frente: a lua cheia iluminando o azul marinho entre as mínimas nuvens no topo do céu, as luzes da cidade, dos apartamentos e prédios, colorindo a paisagem, os faróis dos carros que ainda estavam em movimento mexendo-se como pequenos vagalumes.

Como Jiwoo, sua prima, dizia, nada é completamente ruim.

— As coisas que a dependência emocional nos meus amigos me faz fazer... — Lamentou-se, buscando no moletom o repetidor de sinal e se agachando para encaixá-lo no pequeno compartimento dos trilhos, esperando que não chovesse tão cedo ou aquilo de certeza entraria em curto.

Ao levantar, embora todos os anos no balé ainda pesassem em seus ombros, o vento e a tontura que a invadiu, proveniente de boas cinco horas sem comer porque ela é esquecida a esse ponto, fizeram-na desequilibrar e seu corpo por pouco não caiu todos os vinte metros de altura, as mãos rápidas o suficiente para manterem-na fixa ao metal.

Roller CoasterWhere stories live. Discover now