Como conquistar uma musicista

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A tela brilhante do celular de Kim Jungeun lhe dizia que já eram uma e vinte e cinco da manhã — a foto da cantora Becky G que usava como imagem de bloqueio sorrindo para si —, tendo passado apenas sete minutos desde a última vez em que ela olhara.

O céu estava escuro e a névoa densa a impedia de ver qualquer coisa que fosse no lado de fora de seu carro. Suas pernas descansavam, uma cruzando-se em cima da outra, sobre o volante, gesto esse que seus amigos costumavam imitar e que ela repudiava. Mas já era madrugada e seu cérebro estava longe de estar funcionando em sua porcentagem máxima.

Suas costas descansavam no banco confortável inclinado exageradamente para trás; o veículo vermelho — um HONDA CR-V — estacionado de mal jeito na entrada do Loona Amusement Park, um parque de diversões que havia parado de funcionar há cinco anos, ou algo assim, graças à falência em que caiu a empresa fundadora.

Jungeun lembrava de visitar o lugar com a família quando era pequena, e, quando cresceu, com suas melhores amigas, estando Jongdae, seu gêmeo fraterno, presente em muitas dessas vezes. Foi uma pena quando o canal de televisão local anunciou o fechamento das atividades do estabelecimento. Ela gostava de lá. Agora, entretanto, tudo que fazia era observar as grades de ferro que circulava seus limites e os borrados dos brinquedos à distância.

— Lembre-me outra vez porquê estou aqui, — ela pediu, demorando a olhar para Hyejoo, sua melhor amiga desde o Fundamental I, que movimentava os dedos contra as teclas de seu computador portátil como se estivesse trabalhando duro para acabar um trabalho importante.

Este não era o caso.

A mais nova finalmente a olhou, mordendo o próprio lábio para evitar emitir um xingamento. A Kim sabia mesmo como a tirar do sério.

— Eu hackeei o e-mail do seu professor de Inglês para você. Isso é lembrança o suficiente?

Os olhos de Hyejoo desgrudaram-se dos seus em segundos, deixando Jungeun com seus resmungos de infelicidade.

Tudo bem, ela estava devendo uma desde o teste final da última unidade que a Son lhe tinha entregado. Mas aquilo era só um e-mail! Uma atividade ilegal, sim — apesar de necessária, porque, se ela não tivesse se preparado para aquelas perguntas, teria tirado negativa de certeza no fim do período, ao invés do seu lindo sete vírgula três —, porém, ainda assim era menos perigoso do que estar parada numa rua deserta no meio da madrugada, e tudo porque Hyejoo queria ter acesso ao sistema da prefeitura para codificar não sei o que.

O e-mail do senhor Walker ela tinha hackeado de seu próprio quarto! Estava longe de serem coisas equivalentes.

— Quanto tempo falta para acabar? — Voltou a perguntar.

— Kimberly, eu juro que se você não calar a-

— Yah! Não me chame de Kimberly!

Hyejoo revirou os olhos. — É o seu nome.

— O meu nome americano.

— Estamos na América, Jungeun.

— Então eu vou te chamar de Olivia também!

— Só... Fique quieta, Lippie. Preciso me concentrar.

Jungeun nada mais disse; jogou a cabeça mais uma vez contra o estofado e fitou o teto. Não estava com sono porque era um sábado — tecnicamente, um domingo, uma vez que já passara da meia noite — e ela não tinha feito nada demais no decorrer do dia. Entediada definia seu estado de espírito. Apanhou o celular que descansava no espaço entre os assentos e o desbloqueou, cansando-se em segundos do Instagram — sinceramente, era sua rede social menos preferida —, e rumou ao Twitter, rindo com os tuítes exagerados de Choi Yerim sobre sua namorada não ter passado sequer um dia do fim de semana no Skype com ela.

Roller CoasterWhere stories live. Discover now