7. A linha tênue entre a vida e a morte

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Álvaro só percebeu que as armas foram trocadas quando foi atingido. Provar do próprio veneno não era bem como ele planejara aquela noite e no momento em que caiu ele percebeu que tinha perdido. O jovem ainda reclamou da dor, mas um segundo depois fechou os olhos e sentiu o ar mais puro. Ele abriu os olhos novamente, não estava sentindo mais nada, e ele sabia o que significava aquilo.

- O tiro saiu pela culatra, não foi? - Maria estava de pé ao seu lado.

- Maria! - Álvaro se assustou. - Se você está... e eu estou te vendo... isso quer dizer que eu também estou...

- Morto? Sim, você foi estúpido o suficiente, Álvaro.

- Droga! - Ele pareceu se desesperar, então notou que a peça continuava. - Foi muito rápido. Você tem a ver com isso?

- Você deve entender que há um propósito para tudo - Maria estendeu a mão para ele. - Não foi vingança.

- Eu sei. - Ele pareceu se envergonhar. - Você é um anjo. Vai me levar com você?

- Coo você mesmo disse, sou um anjo, não um ceifeiro. Não cabe a mim te dar um destino.

A peça terminou e todos aplaudiram. Os dois seres etéreos continuaram observando o movimento, até Álvaro perguntar, no exato momento em que Helga percebeu que ele estava morto.

- Me perdoa?

- Você não puxou o gatilho que me matou. Não tenho nada que lhe perdoar. - Maria respondeu ainda observando o desespero que se formava, onde minutos antes era só alegria.

- Se eu não tivesse te visto... Se você não tivesse me reconhecido...

- Eu não o reconheci - ela o cortou. - Pelo menos não antes de morrer.

Álvaro se deu um tapa na testa, se amaldiçoando pela morte de Maria.

- Você aprendeu a lição e é isso que importa - Maria continuou. - Você deve aceitar seu destino.

Álvaro assentiu e se transformou em uma bola de luz. O que ele viraria dali por diante, apenas ele saberia, não era mais problema de Maria.

- Então foi por causa dele que você morreu? - o amigo perguntou, aparecendo assim que Álvaro desapareceu.

- Ele cometeu um erro, mas não é ele o assassino.

- Você é mesmo incrível, Maria! - O amigo a beijou e desapareceu.

Maria suspirou e então foi atrás de João. Ela o encontrou abraçado a Tainá em uma sala separada, enquanto ao seu lado, Caio contava sua história a um policial.

- Então eu perguntei a ele qual a sua intenção e ele me falou que era brincadeira...

- Então o tiro era para João? - O policial olhou para o casal. - Por que?

- Porque nós nos aproximamos muito nesses últimos meses. - Tainá respondeu ainda abraçada ao namorado. - E Álvaro já vinha me incomodando há algum tempo.

João ficou surpreso ao ouvir aquilo, Tainá não havia comentado nada com ele. Como para que reconfortá-lo, Maria colocou a mão em seu ombro. Ele não a viu, mas sentiu seu toque e seu perfume e soube naquele exato momento o motivo de estar vivo e ao lado da garota que ele agora tanto amava.

João e MariaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora