BAD - ARMAND'S

Capítulo 01

Entro na cafeteria e caminho até a mesma mesa de sempre. Deixo minha bolsa no banco ao meu lado e pego meu caderno e lápis.

Este é o melhor para ter uma visão perfeita dela. A garota a qual eu me encantei desde o primeiro momento, que entrei aqui a alguns meses; onze meses para ser exato.

Seus cabelos são castanhos e longos. Diria que ele desce até abaixo da sua bunda. Mas vivem amarrados por conta do trabalho. Solto um suspiro e volto a encarar o caderno. Começo a fazer os pequenos traços no papel. Quando se passou um certo tempo, me preparo para fazer meu pedido.

Antes que eu possa erguer os olhos do papel, vejo um copo com o logo da cafeteria e os bolinhos que sempre peço a minha frente. Lentamente ergo os olhos, vendo ela parada a minha frente.

— Eu não...

— Eu sei, você sempre entra aqui as sete em ponto — deu um sorriso mínimo — São oito e doze — murmura e eu olho para meu celular vendo que é o horário que ela falou — Você sempre pede dois murffins de chocolate, um café com leite sempre com açúcar, nunca amargo. As nove em ponto você pega um comprimido de uma cartela e em seguida se levanta. Vai até o caixa, pedindo um café amargo e um croissant de chocolate e vai embora.

Pisco algumas vezes confuso por ela ter gravado todo um cronograma que eu fiz sem perceber.

— Ah... desculpe — murmura.

— Sem problemas — dei um sorriso de lado.

Ela olha para os lados e se senta deixando a bandeja na mesa. Fico surpreso com isso. Eu não iria falar com ela, apesar de saber que posso ter criado uma obsessão pela garota. Não iria me me aproximar, nem ao menos dar chance dela ficar perto de alguém como eu.

— Prazer, Hope — estende a pequena mão.

Toco sua mão delicada e acaricio lentamente, vendo os pelinhos claros do seu braço se arrepiar.

— Arion.

Pego meu café dando um gole no líquido morno. Hope me analisa e sorri de modo caloroso.

— Seu nome é diferente — murmura — Mas eu gostei.

Sorrio e observo seu rosto bonito, enquanto fecho o caderno. Deixo ele em cima da mesa, enquanto como um pedaço do bolinho de chocolate.

— O que tanto desenha? — pergunta curiosa.

— Por que quer tanto saber sobre mim, Hope?

Posso ver seu rosto corar se modo encantor. É algo lindo de ser apressiado.

— Você é interessante — sorri apoiando as mãos no rosto.

Dou um sorriso enquanto término de comer os bolinhos e beber o café. Hope me analisa atentamente, como se estivesse vendo um quadro em exposição no Museu e tentando adivinhar o que o artista quer dizer com a pintura. Seus olhos me analisam de modo caloroso, ela parece atenta a tudo que eu faço.

— Eu sempre vejo você me analisar as vezes — murmura inclinado a cabeça para o lado — Por quê?

A analiso por um tempo e sorrio, encarando meu celular vibrar mostrando o horário. Abro minha bolsa, retirando a cartela de dentro do bolso pequeno e pegando um comprimido. Pego minha garrafa de água e deixo em cima da mesa. Coloco o comprimido na boca e engulo com o auxílio do líquido.

— Meu tempo de conversa com você está acabando — sorriu de lado — não vai me falar mesmo o que tanto desenha?

Nego com a cabeça e posso ver um biquinho se formar em seus lábios. Dou risada e me levanto junto com ela. Hope faz o mesmo enquanto pega o copo o prato que tinha os bolinhos.

— Já vou buscar o croissant e o café — fala e sai rapidamente.

Deixo o lápis dentro da mochila e seguro o caderno e abro em um dos desenhos retirando o papel do arame. Dobro o papel e deixo em cima da mesa, guardando o caderno na bolsa.

Vou até o caixa e pego o café e croissant. Pago pelo o que eu comprei e quando estou saindo, passo por Hope deixando o desenho no bolso da sua calça, sem encostar nela.

Saio da lanchonete e passo pela vitrine. Olho para dentro e vejo Hope encarando o seu desenho. Solto um riso e saio do local o mais rápido que posso.

***

— Bom dia — cumprimento minha irmã. Despina se senta na cama e coça os olhos, acabando de acordar. Beijo sua testa e entrego o café para ela junto do pacote que tem seu croissant.

Deixo a bolsa na cama e retiro minha jaqueta e sapatos. Subo na parte de cima da beliche e me deito ao seu lado. Fecho os olhos ao sentir ela acariciando meus cabelos.

— Parece que a tal Hope se interessou por você — Despina murmura e eu abro os olhos encarando minha irmã.

— Como assim?

Ela virou o copo na minha direção e lá estava o nome e número da garota que está atormentando minha mente por meses.

— Liga para ela.

— Talvez — murmuro pegando o copo vazio e deixando no canto da cama.

— Você fala dessa garota o tempo todo, Arion!

— Eu sei — suspiro.

— Não vai chamar ela para sair?

Fico em silêncio e suspiro, abraçando a cintura da minha irmã e deitando a cabeça em sua barriga. Não quero um sermão de Despina agora, só queria um dormir um pouco.

— Vem cá — murmura e me ajuda a me aconchegar em seu colo. Observo ela retirar seu seio da camisola e colocar em minha boca. Fecho os olhos e sugo o leite lentamente.

Já me acostumei com seu leite a um bom tempo. Não que eu goste muito a ponto de ficar viciado como meu irmão ou Tanatos. Apenas me acalma o suficiente para dormir.

Antes de cair no sono, o rosto sorridente e delicado de Hope se ilumina em minha mente. Queria tanto poder fazer dela minha. Mas sei que não posso condenar ela a viver com alguém tão quebrado como eu.

Ela merece algo melhor.

Merece ter alguém melhor ao seu lado.