Bolo sensual

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Kagami ainda não conseguia acreditar, agora sentado na cafeteria que entrou, seus pensamentos voavam em todas as vezes que esteve com Aomine. O moreno nunca deixava o celular próximo de si, ate mesmo para ir no banheiro. Tinha vezes que dava desculpas estranhado e não ia lhe encontrar na faculdade. Se fosse analisar tudo isso, era bem suspeito.

-Aa... - Suspirou segurando a xícara de café que não lembrava de ter pedido.

O ruivo estava tão absorto, processando a informação de que Aomine Daiki terminou consigo e ainda lhe jogou na cara que era corno. Sentiu o nariz arder de leve, os olhos nublar. Não, não choraria ali, num lugar público. Balançou a cabeça.

_-Taiga... - Sentiu um arrepio na espinha ao ouvir aquela voz.

Tinha medo de olhar e confirmar ser aquele que ele não queria olhar. Mas, como não era mau educado a esse ponto, levantou a cabeça e o encarou.

_-O-oi. Akashi. - Aquele ruivo, mais baixo que si lhe dava certos arrepios na espinha ainda.

-O que esta fazendo aqui? - O ruivo mais baixo, sentou-se na cadeira a frente do outro

-Nada. - Desviou os olhos e fungou o nariz, não queria falar sobre aquilo com Akashi.

-Kagami. - Encolheu de leve os ombros ouvindo ele chamar seu nome.

-Eu... - Ele morde o labio, baixando um pouco a cabeça. - Aomine terminou comigo.

Akashi cruzou a perna olhando para ele. Piscou e começou a abrir um sorriso.

-Ora, finalmente. - A tranquilidade com que ele falou aquilo, deixou o ruivo mais alto chocado.

-Como é? - Franziu as sobrancelhas duplas e encarou o outro.

-Kagami, você nunca deveria ter ficado tão apaixonado por Aomine. Ele nunca foi fiel desde o fundamental. - Explicou o outro calmamente.

-Por que ninguém me avisou? - Taiga não entendia. Se os seus amigos, se Kuroko sabia. Por que então não lhe avisaram?

-Eu ia avisar você. Mas, Kise e Kuroko pensaram que Aomine mudaria e seria fiel a você. No entanto, observei o relacionamento de vocês. Você, Taiga, foi quem sempre deu o passo a frente. - Akashi sentia uma certa simpatia pelo sofrimento de Kagami.

-Você vigiou a gente esses meses? - Taiga sempre achou Seijurou esquisito, mas não sabia que era tanto.

-De forma saudável, sem perseguições. - Declarou ele com a mao estendida acima. - Apenas queria me certificar que tudo sairia bem. Pelo jeito, não.

Kagami murchou na mesa, olhando para sua xícara de café e pensando no quão tolo ele foi. Confiou em Aomine, amou o moreno e entregou seu coração de corpo e alma. Talvez, tivesse ficado tudo bem se o ruivo não fosse tão envergonhado com as coisas que aconteciam entre quatro paredes. Por outro lado, Aomine poderia entender e ajuda-lo a perder a vergonha e o medo de certas coisas.

-Quero um bolo red valvet com creme baunilha e café com leite cremoso. - Akashi pedia para a garçonete do lugar.

-Não sabia que gostava de doces. - Kagami olhou Akashi curioso.

-Não muito, mas não é para mim e sim para você. - Agora ficou confuso. Como assim?

-Olha, Akashi. Não precisa ter pena de mim. - Comentou com ele coçando o pescoço.

-Não tenho pena de você. Na verdade, gosto de você. Não no sentido sexual ainda, mas gosto. - Kagami franziu a testa.

-Ah, sei... Espera, como assim "ainda"? -Ele foi um pouco pra trás com aquela confissão.

-A questão Taiga, é que você - Apontou para ele. - Não deveria se sentir mal por ter sido enganado. Não deixe isso abalar você, ele não merecia você. Siga em frente na sua vida.

Kagami achava aquele ruivo baixinho muito assustador, mas tinha que admitir que o que ele falava era verdade.

O pedido chegou, a moca levou a xícara vazia e Akashi deixou o pedido para que Kagami comesse. Se despedindo, dizendo que ele poderia lhe chamar quando quisesse conversar.

-Obrigado. - Agradeceu e se concentrou no doce e no cafe com leite cremoso.

Por fim, ele finalmente começou a olhar ao redor. Notando que o estabelecimento era fofinho e bem confortável. Sorriu levemente ao provar o bolo, era ótimo. Virou o rosto na direção do balcão, olhando o que tinha a mais. Paralisou.

-...Ah. - Seus olhos estavam lhe enganando. Ou era apenas seu lado passivo ao extremo com abstinência.

Murasakibara estava ali, bem ali. Do seu lado. Praticamente só precisava levantar e andar alguns passos ate o balcao e estariam cara a cara. E, céus. Ele parecia tão magnífico.

O arroxeado, com a blusa branca e avental cinza, com o lenço branco sobre a cabeça, não deixando seus fios lisos caírem em seus olhos, davam a ele um charme sexy. Decorando aquele bolo para exposição. Taiga notou a concentração, o braço forte e a forma que a mão dele - grande também - conseguia deixar de forma tão delicada aquela sobremesa.

"Tão lindo..."

Balançou a cabeça, ficou louco? Não faz mais de duas horas que tinha sido chutado. Que levou um pé na bunda. Não, parando por aí. Taiga era alguém que se dava o devido respeito. E iria respeitar esse espaço para se adaptar a ideia de estar solteiro novamente.

-Eu vou ficar maluco... - Sussurrou a si mesmo

Devorou aquele lanche da tarde como se fosse nada, depois foi ao caixa pagar e recebeu a noticia que já tinha sido pago. Ele, meio sem graça, agradeceu o aviso e se despediu. Saindo do estabelecimento escondendo o rosto.

Estava envergonhado ainda pelo seu pensamento, por hora. Somente iria para casa, ligaria para Alex e depois para Jack. Precisava de ajuda feminina no momento.

~~~

Após sair da cafeteria. Akashi foi resolver seus assuntos na cidade, não deixando de marcar seu encontro com Midorima. Precisava conversar com o esverdeado e com o marido dele.

-Sr. Akashi, Kuroko Tetsuya na linha. - Sua secretária avisou no banco da frente.

Agradeceu e pegou o telefone, atendendo a chamada.

-Sim? - Era muito formal, ainda não estava acostumado.

-Akashi-kun? Sou eu, me avisaram que você queria falar comigo. Aconteceu algo? - O leve tom de preocupação, do menino fantasma, era evidente para o ruivo que o conhecia a anos.

-Seu amigo, Kagami Taiga. - Começou a falar e respirou fundo. - Aomine terminou com ele. - Ouviu um grito na linha e afastou o telefone da orelha.

-Desculpe, o celular esta no viva voz. Momoi-san e Kise-kun também estão comigo hoje. - Se desculpou. - Mas, Akashi-kun você falou com ele? Como ele esta?

-Bem, pelo que podemos imaginar, ira ficar melhor depois que nós nos reunirmos. - Não sabia no começo, o por que estar fazendo aquilo. Mas depois, passou a entender e tomou controle do plano para que tudo saísse de acordo.

-Não vamos forca-lo, aos poucos vamos conversando com ele. - Kise se pronunciou pela primeira vez.

-Concordo. - Akashi respondeu.

-Certo, falamos mais tarde. Precisamos voltar a nossas atividades. - Kuroko se despediu e logo desligou a chamada.

Akashi suspirou e olhou pela janela do carro, pensando em como queria naquele momento estar em casa. Riu baixo, na verdade. Estava pensando que aquela ideia tinha que dar certo.

E Akashi Seijurou faria de tudo, para que desse certo.

Loving is HardWhere stories live. Discover now