But How? (cap. VII)

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Phillipe voou com Michael até a minha casa e tocaram à campainha.

Dei uma espreitadela lá em baixo e via Dorothy a abanar o sino. Michael não respondeu. Nem sempre é possível um anjo comunicar com um humano e estamos a ter alguns problemas com o sistema. Dorothy começou a chorar espontâneamente e agarrou-se a um ursinho cor-de-rosa.

Eu abri a porta e lá estavam eles dois.

Eu:  Olá meninos. Entrem, entrem.

Michael entrou de cabiz baixa e eu mexi-lhe no cabelo. Ele sorriu e eu retribuí.

Phillipe sentou-se no sofá central e eu sentei-me no meu cadeirão.

Eu:  Então em que é que é que vos posso ajudar?

Phillipe:  Como sabe, já que sabe de tudo, que o Michael gostaria de continuar a proteger a Dorothy, mas como não a consegue ver, não o consegue fazer.

Eu:  Lamento, mas não te posso mandar a terra se não tiver nenhuma missão disponível para ti.

Phillipe:  Não senhor, vê-la de cá de cima! Não o consegue ajudar?

Michael encolheu os ombros e fez-me um sorriso confuso.

Suspirei.

Eu:  Bom, acho que pode haver uma maneira de veres a Dorothy de BlueBell. Vem comigo.

Levei os rapazes para o sótão de minha casa. Eles seguiram-me até lá.

Eu:  Este é o meu terrascópio antigo. Usava-o para vigiar a terra, quando tinha a tua idade, Michael, queria continuar a proteger os meus pais de cá de cima. Mas agora não o uso, pois tenho um muito maior, mas este está em perfeito estado.

Michael:  É o máximo! Co-co como é que posso agradecer-lhe?

Eu:  Bom miúdo, considera isto uma prenda. Saíste-te tão bem nesta missão que mereces um prémio. Por isso, aqui o tens rapaz, é teu.

Michael:  Muito obrigada senhor, não se vai arrepender. Prometo.

Phillipe:  OK, então acho que vamos andando, Anthon deve ter muito trabalho para fazer.

Acompanhei Michael e Phillipe até à porta e despedi-me deles com um aperto de mão.

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Já era de noite quando decidi ir dar uma espreitadela à varanda e conseguia ver Michael a observar no terrascópio.

Parecia estar a sorrir. Parecia feliz.

Entretanto fui dormir.

Acordei a meio da noite por causa de sede. Fui à cozinha buscar um copo de leite e fui à varanda novamente. Conseguia ver Michael com a cabeça deitada no tubo do terrascópio e a babar-se para a lente.

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E assim se passaram  três curtos anos com Michael a observar Dorothy.

Parecia que tudo tinha mudado naquele dia. Já tinha ela quinze anos e parecia já ter ultrapassado a sua perda. Já tinha desistido de abanar o sino para ver Michael, porque aquele problema da comunicação veio a prolongar-se. Mas agora já está resolvido. Quem me dera poder dizer-lhe mas, não posso descer à terra, mesmo sendo o pai dos anjos, e também não posso ir a missões. Eu trato delas, não as cumpro.

Dirigi-me ao terrascópio e vi Dorothy...

#Narra Dorothy

AH! Amanhã é o primeiro dia de aulas, que porcaria...

Mas estava demasiado ocupada a fazer as malas. Amnhã saímos de North York, Toronto e vamos mudar-nos para Brantford.

Esvaziei as prateleiras e as gavetas e quando pensava que já tinha tudo, deixei cair o meu telemóvel para debaixo da minha cama e encontrei...

Adivinhem só, o sino de BlueBell, o que não faz qualquer sentido porque BlueBell em inglês quer dizer sino azul, e era de facto um sino azul. Admira-me como é que não reparei nisso antes. Aliás sim, mas nunca pensei muito nisso.

Eu:  Oh meu Deus! À quanto tempo! Já nem me lembrava que o tinha...

Pai(Mr. Fairfield):  Querida, estás pronta, já vamos.

Eu:  Estou a ir paizinho!

Como não tinha mais tempo para o observar atenciosamente guardei-o na minha mala com muito cuidado desci as escadas e despedi-me da casa. Nunca me irei esquecer das minhas memórias de infância, principalmente as que foram passadas ao lado do Michael.

E finalmente entrei no carro.

Estava pronta para encarar o mundo como devia ser.

"Só espero fazer amigos novos... Já que na primária não conseguia."-pensei.

Durante a viagem adormeci encostada a uma almofada velha cor-de-laranja, de repente acordei e olhei as nuvens com os olhos carregados de sono.

Arregalei os olhos quando SONHEI estar a ver o meu nome escrito no céu.

"Não pode... Mas é..."

A minha sorte é que a minha mãe ía a dormir e o meu pai a conduzir atentamente enquanto cantava músicas dos anos 70.

É claro que suspeitei que aquilo fosse algum sinal do Michael, e tinha a certeza. Fiquei tanto tempo a pensar nisso que adormeci novamente.

Quando acordei já tínhamos chegado e a primeira coisa que vi à minha frente foi o meu pai a bater na janela do carro e a fazer-me sinais para eu acordar.

Fui à mala e peguei numa sandes, tenho sempre a tendência de em grandes viagens ficar com fome.

Não sei bem porquê...

Eu:  Wow! Este sítio é incrível!

Mãe(Mrs. Fairfield):  E ainda não vistw nada. Olha.( aponta para trás).

Eu viro-me e vejo...

A CASA!

Era fantástica! Tão simples e acolhedora!!!

Abri a mala apressadamente e peguei nas minhas malas.

A minha mãe deixou-me escolher o meu quarto, e como é óbvio escolhi um com varanda com vista para a cidade.

Os meus pais foram buscar ao camião a mobília do meu quarto.

Enquanto isso eu pousei as coisas e vi se não vinha ninguém e tirei o sino da minha mala.

Eu:  Ok amiguinho, vamos tentar mais uma vez... e...

Abano o sino com um olho aberto e outro fechado.

E eis que...


Did you fell from the sky?Where stories live. Discover now