O jogador sorriu sem graça e assentiu, apesar da expressão de dor.

– Vocês se conhecem?

Anita completou, também parecendo surpresa, mas foi ignorada.

Eu tentava analisar, por vários ângulos, se o nariz estava quebrado ou não, enquanto Amanda ajudava iluminando o rosto de Cris com a lanterna de seu celular.

– Você acha que quebrou?

Ele perguntou, preocupado, ainda com a cabeça inclinada, como pedimos que ele fizesse, para avaliarmos o septo.

– Não! Acho que não. – Respondi. – Amanda, o que você acha? Você está mais acostumada a ver ossos quebrados do que eu.

Trocamos as posições e eu passei a iluminar o nariz do jogador, enquanto Amanda analisava. Anita e Vera seguiam atônitas observando.

– Não quebrou! No máximo deslocou o osso nasal, mas consigo realinhar isso aqui em 5 segundos. Posso?

Ela concluiu, pedindo autorização ao goleiro para tocar seu nariz.

– Você o quê? Vai mexer no meu nariz aqui?

O jogador parecia apavorado e olhava para mim, na esperança que eu fizesse algo.

– A Amanda é ortopedista, vai dar tudo certo. Calma.

Falei, para tranquilizá-lo.

– Bom, teoricamente, ainda não sou ortopedista, mas eu sei realinhar um nariz, cara. Fica tranquilo. Se esperar e calcificar, vai ser pior.

Mandy disse.

– Se calci...o quê? Ai meu Deus.

O goleiro resmungou, fechando os olhos, pronto para sentir uma dor terrível.

– Vou no 3. – Amanda avisou – 1, 2...

– Ei! Vocês não podem ficar aqui.

Um segurança apareceu, bem na hora, vendo que estávamos em local restrito.

– Amigo, eu estava no meio de algo aqui.

Amanda reclamou por ser interrompida, com uma mão segurando o nariz de Cristián e a outra segurando a cabeça do jogador, por trás da nuca.

A cena seria cômica se não fosse trágica.

– Moço, nós sabemos. Mas o meu amigo aqui se machucou e nós somos médicas, estamos apenas tentando ajudá-lo e já vamos embora.

Expliquei.

– Hum – O segurança disse, desconfiado – Nesse caso, tudo bem. Mas não demorem! Não quero ter problemas por causa de vocês.

– Não vamos demorar! – Respondi, agradecida – Será que você consegue me arrumar um pano e um pouco de água?

Pedi, tentando não abusar demais, a fim de limpar a parte do rosto de Cristián que estava suja de sangue, provavelmente por algum vaso sanguíneo que foi rompido com o impacto da cotovelada.

Logo que ele apareceu, Cris virou o rosto para o outro lado e seguiu assim até o rapaz sair dizendo que ia tentar encontrar o tal pano e água. Eu deduzi que o jogador temia ser visto, com um machucado após uma briga, em uma boate. Era, de fato, um amontoado de informações que daria uma notícia terrível, daquelas do jeitinho que Veronica gostava para levar aos advogados.

– Certo, agora vou. – Amanda avisou, retomando a posição para realinhar o nariz de Castillo – 1, 2...

O som de "creck" se misturou ao grito de dor do goleiro.

Amigos Con DerechosWhere stories live. Discover now