Capítulo 11

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"No sé cómo te explico
Qué vo'a hacer, que se siente tan rico
Cuando estamo' lejos sumo las ganas
Y cuando nos vemos las multiplico
Ay, yo no sé, no sé cómo te explico
Qué vo'a hacer, que se siente tan rico
Cuando estamo' lejos sumo las ganas
Y cuando nos vemos las multiplico"
(Contigo - Greeicy)

O dia a dia no hospital tem muitas particularidades, afinal, é um local onde imprevistos acontecem o tempo inteiro e emergências chegam a qualquer horário, bagunçando toda a rotina. Mesmo assim, tentamos manter o mínimo de programação para pelo menos tentar dar conta de tudo dentro do período de horas que ficamos lá.

Meu dia normalmente começa pela ronda, para me atualizar sobre os pacientes que foram admitidos durante a noite, sobre a situação atual dos que eu já atendi antes, e também para adiantar alguns papéis de alta para os que pudessem ser liberados.

– Ei, amigão!

Chamei, ao me deparar com Mateo, distraído na tela de um smartphone, se divertindo com algum jogo virtual. Eu não esperava vê-lo ali.

Peguei o prontuário para descobrir o motivo da internação, mas antes recebi um abraço apertado:

– Carina!

Ele exclamou ao me ver, esticando os braços para um abraço.

– Oi, meu amor! Como estão as coisas?

Retribuí o carinho, em seguida me afastando para ler as anotações no prontuário.

– Eu vim porque estava dificuldade para respirar, mas dormi com esse fio no meu nariz e agora estou melhor! Eu posso ir para casa?

Mateo disse, apontando para a cânula de oxigênio, falando com toda a simpatia e desenvoltura típicas dele, que eu já conhecia.

– Vou examinar você e falaremos sobre isso. Tudo bem? Onde está sua mãe?

Perguntei, ainda analisando o prontuário. Os sintomas de Mateo indicavam alguma intercorrência na parte respiratória. Analisando os sintomas, eu tinha duas suposições: uma delas era a de um derrame pleural. Em outras palavras, um acúmulo de água na pleura; camada que reveste o pulmão. É uma condição até comum entre os pacientes oncológicos devido ao tratamento com a quimioterapia e, apesar do nome feio, era a melhor das hipóteses. A pior delas, porém, era a de uma metástase do tumor para os pulmões, o que seria muito mais agressivo e complicado de tratar.

– Mamãe não pode ficar aqui o dia todo, só à noite. – Mateo explicou e, enquanto eu o examinava, perguntou mais uma vez: – Vou poder ir logo para casa?

– Oh, querido... Hoje não! Eu sinto muito. Ainda precisamos fazer alguns exames em você para saber por que você está tendo esses problemas para respirar.

– Vou perder o jogo?

Ele quis saber, com os olhinhos caídos e um biquinho extremamente fofo.

– Qual jogo? O clássico de amanhã?

Perguntei, como se fosse mesmo ligada nesse assunto. O único motivo pelo qual eu sabia que haveria um clássico madrilenho no dia seguinte, era porque Cristián havia comentado sobre.

– Sim! Nessa televisão só passa desenho de bebê.

Mateo explicou, frustrado, apontando para a TV do cômodo, que ficava mesmo fixa em um único canal infantil em todas as alas da pediatria.

– Que horas é mesmo esse jogo?

Indaguei mais uma vez, esquematizando um plano mentalmente.

– É às quatro da tarde!

Amigos Con DerechosWhere stories live. Discover now