As portas dos quartos onde os 12 amigos estavam hospedados se abriram ao mesmo tempo como em um balé sincronizado e gargalhadas animadas ecoaram pelo corredor do hotel que presenciava a euforia do jovens, prestes a aproveitarem mais uma noite da iluminada, e sempre viva, Las Vegas.
A viagem preparada antes mesmo do fim da temporada, era o alento que Charles Leclerc precisava para apagar o ano conturbado vivido com a Ferrari. Esquecer, mesmo que apenas por alguns dias, o desastre que havia sido 2020 dentro das pistas era o que o monegasco mais desejava - e estava tendo. Em partes.
Reunir as velhas amizades era sempre agradável. Os encontros, ao fim do dia, tornavam-se momentos memoráveis que rendiam pautas por dias, ou até mesmo, semanas. No entanto, a companhia deles implicava na presença obrigatória de Alissa Mancini.
A garota fazia parte do grupo que sempre estivera com Charles ao longo da vida, mas a relação existente entre eles, em algum momento, tornou-se apenas conveniência. Charles não sabia a razão pela qual a loira não gostava de sua presença e, com o passar do tempo, o sentimento passou a ser mútuo.
A dupla era civilizada o suficiente para frequentar e manter-se no mesmo ambiente ao lado dos amigos em comum, porém, uma conversa entre ambos não ultrapassava o limite de dez palavras. O monegasco não tinha conhecimento dos motivos que rodeavam esse desconforto e nunca havia se dado ao trabalho de questionar. Era assim e pronto.
— O que temos para essa noite? — Charles alertou enquanto a roda de amigos se postava ainda no corredor, esperando os sempre atrasados Hugo e Nico ficarem prontos.
— Joris reservou três carros para nós. Vamos para LA. Se sairmos agora, chegamos por volta de 01 da manhã, teremos muito tempo para aproveitar a madrugada por lá. — Guizou respondeu enquanto balançava as chaves.
— Eu dirijo. — Leclerc se postou prontamente para assumir o volante de um dos veículos.
— Certo. Por estarem sempre por último, os dois ali levam os outros carros.
Conferindo se não estava esquecendo de nada, o que era comum para Charles - o monegasco tinha o péssimo costume de perder e deixar as coisas para trás - Leclerc tateou os bolsos da calça verificando se tudo estava ali. E claro, havia algo faltando.
— Vão terminando de ajeitar, preciso buscar minha carteira. É rapidinho.
Andando em passos rápidos, o monegasco chegou até a porta do quarto 416, logo ao fim do corredor. Assim que abriu a porta, Charles viu o utensílio sobre o edredom branco da cama.
— Só não esqueço a cabeça... — Leclerc falou dando uma risada sincera enquanto entrava no cômodo e pegava o objeto.
Poucos segundos depois, passou o cartão pela fechadura trancando a porta. Enquanto retornava ao ponto de encontro, colocando a carteira dentro do bolso traseiro da calça, conseguiu ouvir Guizou dizer a todos que já estava definido quem iria acompanhar os motoristas nos carros.
— Charles e Alissa? Sério? Vocês vão mesmo fazer isso? — Hugo questionou em um tom de voz baixo, sem perceber a aproximação do monegasco.
— Eles precisam resolver isso de uma vez por todas. Não dá mais para ficarem igual duas crianças. — Joris rebateu enquanto arrumava o corpo notando a presença do amigo.
Coincidentemente, Alissa também tinha saído de perto dos companheiros e retornava do saguão do hotel. Nem ela, nem Charles, tinham conhecimento do que estava sendo armado para aquela noite. Ou pelo menos, durante as cinco horas de viagem que viria pela frente.
— Peguei alguns mapas para gente. A melhor opção é irmos pela Rota 66. Clichê? Bastante, mas nada melhor do que isso! — Mancini falou empolgada enquanto distribuía as cartilhas.
