– É o meu favorito! Vou pedir um também.

Comentei, rindo da coincidência. Cristián fez sinal para que um dos garçons se aproximasse e passei a ele meu pedido:

– Boa tarde! Gostaria de um Caramel Macchiato com duplo expresso, por favor. E uma água com gás.

Falei e o atendente se retirou, após anotar meu pedido.

– Onde você estava essa semana?

Perguntei, colocando a sacola de compras e minha bolsa de mão nos ombros da poltrona onde estava sentada.

– Jogamos em Bilbao e depois em Sevilha.

Ele disse, parecendo meio atônito. Antes que eu pudesse falar algo, fomos interrompidos por outro garçom, que colocou os pedidos à frente de Cristián, anunciando-os:

– Aqui está um Caramel Macchiato com duplo expresso e uma água com gás.

– Acho que na verdade esse é o meu pedido. Mas, ué.. Como chegou tão rápido?

Questionei e o garçom ficou um pouco confuso.

– Na verdade esse é meu mesmo, porque pedi primeiro.

Cris explicou, rindo.

– Pedimos exatamente a mesma coisa? Sem saber?

Perguntei, surpresa. O goleiro assentiu e o garçom riu junto conosco, dizendo antes de se retirar:

– Não sei não, hein? Essa coincidência me parece uma coisa de destino!

Eu e Cristián continuamos rindo da situação, enquanto tentávamos disfarçar o desconforto pelo comentário.

– Fica bem melhor com dois shots de expresso, não é?

Ele brincou, erguendo a xícara antes de provar a bebida pela primeira vez.

Eu assenti, logo buscando um assunto para evitar um silêncio constrangedor:

– Como está a Sofia?

– Sofi está bem! Nos falamos sempre por vídeo-chamada.

O jogador respondeu.

– Quando vocês vão se ver?

Perguntei a primeira coisa que me veio à mente para manter um assunto descontraído, mas logo vi a expressão risonha de Cristián se tornar uma face apática e, sem saber muito bem como me explicar, ele disse:

– Seria no final dessa semana, mas... Sofri uma punição pela última vez que ela esteve comigo e perdi o direito da visita dela essa semana.

– Uma punição? O que foi que você fez? – Perguntei, assustada, sem perceber que estava soando um pouco julgadora. Na minha cabeça, um motivo justificável para um pai ser impedido de visitar a própria filha tinha que ser algo muito grave, o que não parecia o caso, até porque... – A última vez que você esteve com ela não foi justamente no dia que ela passou a noite lá em casa? O que você pode ter feito de tão grave se ela ficou tão pouco tempo com voc... – De repente uma ideia me passou pela cabeça e eu perguntei, extremamente preocupada – Oh não! Não me diga que sua punição foi pelo arranhão que ela levou do meu gato. Foi?

– Bom, na verdade é um pouco por isso, sim. Mas não se preocupe, Cari, não é culpa sua. Veronica sempre procura motivos para que eu seja punido... Eu já esperava por essa.

Ele comentou, ainda envergonhado. Eu não conseguia acreditar.

– Bom, tudo bem, mas não é para isso que deveria servir um juiz? Para que as decisões sejam justas? Eu nunca ouvi falar sobre punições em forma de privação de visitas, isso não faz nenhum sentido! O que seu advogado acha disso?

Amigos Con DerechosWhere stories live. Discover now