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Estava tudo pronto. A caixa com as decorações já estava disposta no chão da sala e a árvore havia sido posta no lugar no dia anterior. Harvey quis deixá-la ao lado da lareira, entre ela e a entrada para o quarto. Assim, quem entrasse no apartamento já poderia vê-la toda decorada desde o corredor.

Os sobrinhos de Harvey, que na sexta estavam com sono demais pra conversar com os adultos e, no sábado, optaram por ficarem com o pai ao invés de ir comprar a árvore com as mulheres, hoje estavam animadíssimos para iniciarem as decorações.

Donna já havia feito alguns enfeites com eles mais cedo, inclusive todas as meias de feltro. Por todo o apartamento havia algum detalhe natalino, mas ainda faltava a parte principal.

- Podemos começar? - Harvey perguntou, batendo as mãos e esfregando uma na outra.

- Quem vê até pensa que você gosta dessas coisas, irmãozinho.

- Pois se ele não gosta, eu só posso lamentar, porque eu sou a namorada mais fanática por enfeites de Natal que ele poderia arrumar. - Donna riu.

- Eu tenho certeza que ele sempre gostou, só não costumava enfeitar o apartamento. - Lily tentou defender o filho. - Para de implicar com ele, Marcus. E vamos começar a fazer isso!

Os meninos correram pra pegar os enfeites maiores e Donna bateu palmas, explicando que nenhum galho deveria ficar sem enfeite. Harvey foi até a namorada, lhe deu um beijo e foi buscar os enfeites que penduraria. Marcus, só pra implicar, tentava pegar os mesmos enfeites que o irmão.

- Sai da minha casa. Quem te convidou mesmo?

Lily riu. Era muito bom ver seus filhos juntos no Natal outra vez, enfeitando a árvore enquanto brigavam pelo enfeite maior e mais bonito.

- Parecem duas crianças. - Katie comentou com as outras mulheres, que olhavam as duas duplas de irmãos pendurando os enfeites na árvore. Lily não sentia vontade de ficar abaixando e levantando toda hora pra pegar bolinhas, Katie achava que já eram muitas mãos trabalhando e Donna estava feliz demais pra fazer qualquer coisa além de assistir aquela cena.

- Era assim quando menores, também. - Lily contou. - Montavam a árvore brigando o tempo inteiro pelos enfeites, como se não fossem todos para a árvore.

- Nunca imaginei que estaria me divertindo mais assistindo outras pessoas montando a árvore do que eu mesma montar.

Lily sorriu.

- É algo parecido com a felicidade plena, dizem. Estar feliz com a felicidade do outro.

- Deve ser...

Katie riu das duas.

- Eu já acho que estamos nos divertindo porque aqueles dois são uns palhaços - ela apontou para Harvey e Marcus, que se batiam levemente porque disputavam pelo mesmo enfeite. As outras duas olharam para os dois e riram também. - E aqueles dois estão bem bravos com o pai e o tio.

- Marcus! Para de bater no seu irmão. - Lily repreendeu.

- Você sempre defende ele, mãe! - Marcus reclamou. - Eu peguei primeiro!

Donna e Katie riram.

- Respeita o dono da casa. E da árvore, irmãozinho. - Marcus revirou os olhos, emburrado, e Harvey bateu em sua nuca.

- Isso a senhora não vê, mãe!

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Entre tapas e puxões - de orelha, de camiseta e de cabelo -, a árvore foi montada. As mulheres foram ajudar no finalzinho, só pra não dizerem que elas não ajudaram. Lily decorou a parte superior da árvore com a ajuda de Harvey, o mais alto dali, e Donna sentou no chão pra dar os últimos detalhes à parte de baixo. A sobrinha do advogado quis ajudar a ruiva e sentou do ladinho dela, aproveitando a companhia e o cheirinho da sua nova tia.

- Aqui já terminamos. - Lily comentou e abraçou Harvey de lado. - Falta só a estrela.

- Já terminamos aqui também. - Donna respondeu e levantou junto com a sobrinha do advogado. - Quer colocar? - Ela perguntou para a menina.

- Não... Eu tentei colocar uma vez lá em casa e ficava caindo, ficou torto, não ficou direito. Não quero arriscar. - Ela brincou.

Donna assentiu e perguntou se o menino queria.

- Já enfeitei bastante aqui embaixo, a estrela não precisa.

A ruiva deu de ombros.

- Acho que sobrou pra você, então. - Lily comentou sorrindo.

- E-eu? - Donna perguntou. - Mas eu

- Você, sim. - Harvey soltou a mãe e foi na direção da namorada. - Você é a maior entusiasta do Natal, de qualquer forma. E foi sua a ideia de passar o Natal aqui, todo mundo junto. Você quem escolheu a árvore e é você quem vai colocar o último enfeite. - Harvey puxou Donna pela cintura e lhe deu um rápido beijo.

- M-mas é a sua casa, Harvey... Eu não...

- Por enquanto, né. Você tem passado bastante tempo aqui, agora. E eu quero que continue assim. Eu quero passar todos os dias com você, Donna. Você - ele enfatizou - põe a estrela na árvore, porque esse Natal está sendo tão incrível por sua causa. - Harvey beijou Donna rapidamente, antes que os outros pudessem reclamar. A ruiva estava emocionada. - E também porque você é a minha estrela!

- E ele tinha que estragar o momento com essa breguice ridícula! - Marcus resmungou, zombando do irmão.

Donna engoliu o choro e se afastou do namorado pra poder pegar o último enfeite. Lily lhe entregou com um sorriso no rosto, igualmente emocionada pelas palavras que o filho disse à ruiva.

Ela chegou pertinho da árvore, subiu na ponta dos pés e se esticou o suficiente para que pudesse posicionar a estrela no topo. Harvey ficou ao lado dela, segurando em sua cintura para que ela não perdesse o equilíbrio.

Assim que ela pôs o enfeite, endireitou sua postura e abraçou Harvey de lado. Os dois se beijaram rapidamente e olharam para todos que, sorridentes, admiravam a árvore de Natal recém decorada.

- Parece que o Natal dos Specter está oficialmente inaugurado!

Marcus abraçou a esposa e Lily abraçou seus netos, enquanto Harvey e Donna trocaram mais um beijo.

- O primeiro de muitos, senhor Specter? - Donna perguntou, provocativa, arqueando uma das sobrancelhas.

- O primeiro de muitos!


[fim]

Never been touched [like this]Where stories live. Discover now