17. liana bennett

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- Boneca, tem certeza de que está tudo bem?

- Sim, depois eu te ligo.

Desliguei rapidamente sem esperar uma resposta e corri até a porta antes que meu pai acabasse derrubando ela e criando outro prejuízo. A imagem bagunçada dele se tornou vívida na minha frente, ele estava menos bêbado do que eu esperava e com roupas diferentes. Não sabia se eram deles ou se ele havia ganhado em algum dos vários jogos que ele ficava se perdendo cada vez mais noites afora.

- Onde você estava? - Perguntou.

- Eu dormi na casa de uma amiga, o senhor quer alguma coisa?

- Por que não me avisou? - aumentou o tom ao perguntar e ignorar a minha pergunta.

Me encostei na lateral da porta e levantei mais o queixo o olhando confusa, sem entender o aparente interesse dele na minha vida e surpresa por ele ter notado a minha ausência. Realmente pensei que ele não iria voltar ontem quando eu saí, e que se permanecesse em casa nem notaria que estava sozinho. Havia sido assim por anos.

- Porque o senhor nunca se importou em saber onde eu estava. - Respondi, porque essa é a verdade.

Papai nunca se preocupou, nunca se interessou, a minha vida e que eu fazia nela nunca foram perguntas que ocupavam a mente dele. Talvez nos meus primeiros anos de vida até eu estar crescida, mas depois, nunca mais. Esses tipos de pensamentos foram expulsos da mente e do coração dele, sem passagem de volta. Aparentemente estavam retornando, embora eu não soubesse a razão.

- Me responda direito, Liana. - Ordenou cerrando o punho e trincando o maxilar. Escutei o osso estalando e o bafo da mistura de todos os possíveis tipos de bebidas que eu mais repudiava no mundo.

- Eu respondi, pai, essa é a verdade, o senhor realmente nunca se importou e por essa razão eu nunca me preocupei em falar. - As minhas palavras fizeram ele aparentente ficar sem palavras e refletir, por um momento tive a impressão de que as minhas palavras realmente haviam tocado ele e mexido em alguma coisa do homem que ele já foi um dia, talvez tocado profundamente nele e o feito se tocar de toda essa situação terrível. Quase tive a certeza de que por um milésimo de segundo vi o meu pai.

- E eu não me importo mesmo! Agora vê se limpa logo a bagunça da sala! - exigiu antes de se virar e seguir até o fim do corredor onde tinha a porta do seu quarto.

Fiquei parada na porta do meu quarto observando-o até que ele entrasse no quarto e eu não tivesse a menor ideia do quê tinha acabado de acontecer aqui. Por um momento achei que tinha visto uma mudança, mas ela não havia passado de mais uma curta ilusão que logo se destruiu perdendo-se no tempo como todas as outras. Tudo não tinha passado apenas do que eu queria ver, e o que ele nunca vai ser.

- Será que eu estou mesmo insistindo em alguém que nunca mais vai mudar? - me perguntei suspirando alto.

Mamãe teria uma resposta imediata para essa pergunta, assim como qualquer outra pessoa de todo o mundo se soubesse da minha aparente "situação" com meu pai, por essa razão eu não falava sobre. Eu sabia o que iriam falar, o que iriam sugerir, e isso era exaustivo porque me explicar para os outros sobre essa minha decisão era difícil. Por os pensamentos em palavras era mais difícil do que simplesmente pensar e achar sentido nisso. E eu queria me distrair com as pessoas dialogando sobre outros assuntos infinitamente menos complicados e doloridos.

Eu queria, claro que queria pedir conselhos para minha mãe, Elijah, Stacy e até mesmo Vinnie. Mas eu nunca faria isso. Jamais iria falar sobre alguém que a minha mãe tenta esquecer desde que se envolveu. Jamais iria falar sobre alguém que Elijah e Stacy sequer sabem a existência. Eu jamais iria falar de alguém que Vinnie sequer iria se interessar em entender porque no fim, eu sei que tudo o quê ele mais quer de mim, é me levar para cama e me tirar da sua vida.

E acima de tudo, eu jamais iria falar para papai que ele é um viciado, que ele perdeu a mamãe, que ele se perdeu, que ele está me perdendo cada dia mais, e que se ele me perder como ele vai ter alguém tentando fazer ele se achar no meio de toda essa bagunça, que se ele não se conscientizar de que precisa de ajuda, nada vai mudar.

Mas neste momento, eu me contento em limpar os cacos do antigo vaso de mamãe espalhados por todo o corredor da casa, e me recordar de quando ela ganhou esse vaso de papai, de quando eles se amavam. De quando esse era o seu vaso preferido até que ela partiu e se desapegou de tudo que vinha dele, com exceção da filha, até que ela saiu dessa casa e não olhou mais para trás.

Jogo os cacos na lixeira da cozinha, guardo a pá e a vassoura no armário e subo de volta para o meu quarto na intenção de terminar de arrumar o que eu mal havia começado. Depois de lavar e colocar para secar as roupas novas e guardar os cosméticos, preprarei o almoço que daria até a janta e o dia de amanhã, e pude finalmente tomar um banho.

Esgotada eu me joguei na minha cama, estava prestes a embarcar em um sono profundo quando senti meu celular vibrando.

Tatiei o colchão de olhos fechados até apanhar o aparelho e aceitar a ligação. Atender a ligação me fazia lembrar dos conselhos que eu queria pedir e que provavelmente ficariam para um outro dia, conselhos sobre alguém que está fazendo do meu coração uma montanha-russa, correndo risco de se quebrar e partir em milhões de pedaços com a queda alta e brusca.

- Alô?

- Oi, minha boneca. - A voz doce de mamãe alegrou o restante do meu dia. Sorri contra o travesseiro e girei na cama abrindo os olhos e fitando o teto escuro do quarto com as luzes apagadas.

- Oi mãe! - Balancei meu pé no ar.

- Estou com saudades e morta, acabei de terminar um ensaio. - Comentou manhosa. Dei risada.

- E eu de fazer comida e as coisas em casa. Estamos no mesmo estado. - A gargalhada dela soou como música cheia de nostalgia.

- Mas, e essa sua voz desanimada, o que aconteceu? - As lágrimas encheram no canto dos meus olhos.

- É apenas cansaço. Não se preocupe. Mas e o ensaio, como foi? capa de revista de novo? - Perguntei, limpando as lágrimas e rindo.

- Liana, o que está escondendo de mim? - A voz dela ficou séria.

- Eu não estou escondendo nada. - Menti, escondendo meus olhos com a palma da mão.

- Está sim! Eu conheço a minha filha. Porque não quer me contar? O que aconteceu? Foi ele? Ele fez alguma coisa com você?

" Você não passa de uma vadia.
Igual a sua mãe.
Agora, come! "

 - Liana Bennett, ele te agrediu? Me diz! Você não pode esconder isso de mim. - A voz de mamãe e a de papai  começaram a ecoar dentro da minha cabeça e antes que eu acabasse contando para ela o que estava acontecendo dentro de casa eu disse algo que talvez se tornasse pior do que tudo isso.

- Eu conheci um cara, mãe. E eu acho que estou criando sentimentos por ele. - O pior de tudo era usar Vinnie para fugir do que realmente me aflige mais. Era usar ele e acabar me aprofundando mais nele.

Porque falar dele, tornava o que eu sentia por ele verdade. Se tornava real cada vez que as palavras saíam da minha boca.

E isso só podia acabar de um jeito.

E eu sabia que esse jeito não era indolor.

Porque, no fim, eu estava usando Vinnie mas desde o começo quem está me usando é ele.

✔ 𝗕𝗔𝗗 𝗗𝗥𝗨𝗚 ✗ vinnie hacker Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora