Capítulo 13: Não há cura sem tentativas

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Thelma apenas observou pacientemente.

"O passado da Rafa é meio que...".

Misterioso? Trancafiado em um cofre que só pode ser aberto se é alimentado com doces?

"Delicado." Bianca escolheu. Ela olhou para Rafaella enquanto falava.

"E ela não se sente muito confortável, ou, hm, inteiramente... funcional com as pessoas." Jesus, aquilo soou horrível. Bianca parou e fez uma careta quando pensou no que havia falado e se deu conta de que havia sido muito vaga e discreta.

A Dra. Assis assentiu e olhou para Rafaella. "Ok, então você está aqui mais pela Rafaella."

Bianca assentiu, hesitante. Foi isso que ela disse? Ela não fazia a mínima ideia. Será que ela estava sendo gravada?

"E Bianca, você está aqui porque a Rafaella quis que você estivesse? Estou certa?" Thelma perguntou.

Bianca assentiu novamente. E também, ela mesma poderia precisar de ajuda profissional. Pelo o que lhe disseram.

"Nós vamos precisar que você fale, não é, Rafaella?" Thelma disse, sorrindo. Rafaella olhou para Bianca apreensivamente e Bianca pegou uma de suas mãos em seu colo, acariciando com o polegar na tentativa de acalmá-la.

"Meu filho me deu." Thelma disse, indicando o polvo de pelúcia. Ela pegou o objeto e segurou na direção de Rafaella para que ela pegasse. "Ele tem seis anos. E ele deu o nome de Xaninho antes que meu marido o convencesse a mudar de ideia."

Bianca riu, Rafaella corou e pegou o polvo hesitantemente.

"Ele mudou para Henrique. Não faço ideia do porquê. Mas agora o Henrique é amigo de alguns dos meus pacientes. Ele faz com que eles sorriam." Thelma continuou.

Ok, Bianca definitivamente gostava daquela mulher. E do Henrique. Ela definitivamente gostava do Henrique. Ela só não gostava da planta ao lado que podia muito bem esconder uma câmera.

Rafaella pousou o polvo em seu colo e girou os tentáculos com a mão livre, olhos fixos no colarinho da Dra. Assis.

"Ajudaria bastante se você me contasse um pouco do seu histórico terapêutico, Rafaella. Como por exemplo, quantas vezes você já foi a um psicólogo, o que eles disseram e o que você achou disso."

Bianca teve que morder sua língua para não começar a tagarelar e preencher o silêncio para que Rafaella não tivesse que fazer isso por conta própria. Ela apenas esperou e apertou a mão úmida de Rafaella.

Rafaella engoliu em seco e abriu a boca para falar, mas nada saiu.

"Eu não gosto de falar com as pessoas." Ela disse, em um tom baixo. Thelma se inclinou mais à mesa para poder ouvi-la e então assentiu amigavelmente.

"Compreensível." Ela comentou.

"Meu primeiro... psicólogo...Eu só fui a duas consultas com ele. Ele disse-ele disse que talvez eu tivesse, hm, Asperger, mas eu parei de ir às consultas...então não foi um diagnóstico...definitivo."

Bianca estava prestes a arrancar um pedaço de seu lábio devido à força com que estava o mordendo na tentativa de se conter a ajudar Rafaella a se explicar.

"A outra vez foi quando a mi-minha tia me fez ir a outro p-psicólogo, e ele, hm-" Rafaella começou a bater o pé e Bianca soltou sua mão para pousá-la sobre o joelho agitado da garota ao seu lado.

"Calma, meu bem." Ela suspirou. A doutora observava tudo com um sorriso, mas continuou em silencio para que Rafaella terminasse de falar.

"Minha tia basicamente de-deu uma lista pra ele do que ela achava que havia de... errado. E ele apenas, hm...concordou com a maioria dos itens da lista. Eu acho." Rafaella franziu o cenho, assim como Bianca.

Just off the Key of Reason (Rabia Version)Where stories live. Discover now