Capítulo LXI

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Aviso: este capítulo poderá conter conteúdo impróprio para as pessoas mais sensíveis (auto-mutilação), portanto a escolha é tua se lês ou não

Obrigada

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Acordo com a porta do quarto a bater, o mesmo e invadido por gargalhadas, as gargalhadas que eu tão bem conhecia...

- schhhhh não faças barulho! É melhor não entrares - o Ashton pede a alguém

- oh porquê? - uma voz feminina pergunta

- porque a minha namorada e o irmão estão aqui a dormir

O meu coração cada vez apertava mais ao ouvir aquela conversa e os meus olhos enchem-de de água novamente.

- oh, mas não faz mal, eu não faço barulho - uma gargalhada cínica é ouvida

- não foi o que pareceu lá no bar - ele responde

Aí eu não aguentei mais e deixei um soluço escapar-se pelos meus lábios.

- merda, vai-te embora! - o Ashton diz e a porta do quarto é fechada, sendo as luzes ligadas de seguida - Lucy...

- porquê? - pergunto enquanto as lágrimas corriam pelas minhas bochechas - porque é que me fizeste isto, Ashton? Por diversão? Prazer?

- não... - ele passa o olhar pelo quarto todo, provavelmente pensando numa desculpa

- diz-me! Eu quero saber! - grito e o Calum acorda

- hmmm... - a sua expressão era... Divertida? Aquele não era o Ashton por quem eu me tinha apaixonado

- como é que tu consegues? Eu confiei em ti e tu fazes-me isto!

- deve ser do álcool, desculpa, bebi demais.

- desculpa?! "Deve ser do álcool"? É a pior desculpa que já ouvi, porque nem sequer tens a certeza que é do álcool, eu aposto que não...

- pois, se calhar não é - ele divaga pelos seus pensamentos com uma expressão estranha, enquanto o meu coração continua a partir-se

- já chega! - o Calum rebenta - tu estás pedrado ou assim?! Como é que consegues dizer isso?

- não sei...

Não aguentava mais, sentia uma pressão enorme no peito, só me apetecia gritar.

- o que é que sentiste quando curtiste com aquela puta? - pergunto seca

- um corpo melhor que o teu

Sabem quando estão a levar uma vacina e vos dói o braço? Pois imaginem que a enfermeira começa a descer a seringa pelo vosso braço a baixo, deixando um rasto de sangue e ferida.

Multipliquem por 100.

Foi assim que a dor entrou pelo meu coração a dentro.

Podem achar que estou a exagerar ou a ser uma drama-queen, mas não. O Ashton, nestes últimos meses, tem-me feito sentir amada e que eu valho mesmo a pena. Agora vejo que foi tudo uma mentira. Sinto-me humilhada e ridícula aqui, a chorar, sem saber o que dizer.

- Lucy - o meu irmão chama - ele está bêbedo ou predrado, não ouças, por favor

- e-eu vou dormir no autocarro - aviso e saio do quarto sem olhar nos olhos de ninguém

- Lucy espera! - o meu irmão chama mas eu fecho a porta, depois de pegar na chave do autocarro, que se encontrava na mesa ao lado da mesma

Ando lenta e pesadamente até à garagem, não tinha energia para para correr ou até mesmo andar depressa, o que sinto cá dentro retirou todas as minhas forças.

Entro no automóvel e dirijo-me à minha cama, onde me sento na ponta.

Precisava de algo que levasse a dor embora, algo que me fizesse esquecer do que sinto... Mas não podia, estava limpa há meses.

Devo ter ficado deitada na cama enrolada numa bola por mais de uma hora, pensando em tudo o que estava a acontecer e desejando que fosse apenas um pesadelo, cheguei à conclusão de que era tudo bem real e o Ashton me havia usado durante este tempo todo, ele nunca me amou.

Mas também, por que me amaria? Eu sou ridícula, feia e, acima de tudo, inútil, não consigo fazer nada de jeito!

Então a tentação foi maior e pego na minha mala, de onde tiro o saco que continha as minhas giletes.

A minha consciência gritava-me que não adiantava nada fazer aquilo, mas algo dentro de mim incentivava-me e dizia que me sentiria melhor depois, ou não sentiria nada todo, o que neste momento era melhor do que nada.

Retiro da gilete uma das lâminas sem me preocupar se fazia cortes nas mãos ou não, acabando por cortar o meu indicador direito e o polegar esquerdo, mas nada de especial.

Devem pensar que eu estava a tremer, chorar e soluçar desalmadamente, mas não, a dor era tanta que não conseguia fazer nada.

Deixo-me escorregar pela cama abaixo, ficando agarrada aos joelhos, encostada à mesma.

É engraçado como tudo mudou numa noite. Há poucas horas atrás estava a entrar num bar com os meus amigos e namorado, divertida e pronta para uma noite bem passada. Agora estava sozinha, porque queria, sem namorado, devastada e prestes a perder a batalha que eu pensava já ter vencido meses atrás.

Faço pressão no objeto de metal contra a minha pele e depois deslizo-o. Logo fui invadida por uma dor aguda, mas não importava, o que sentia o meu coração nada se comparava com esta dor física que invadia o meu corpo, portanto repeti o que tinha feito segundos antes.

Já via pequenas gotas vermelhas a formarem-se nas pontas dos riscos existentes nos meus pulsos, mas não era suficiente, por isso deslizo a lâmina novamente, mais profunda e rapidamente, múltiplas vezes.

Tinha já lágrimas de sangue a escorrerem por ambos os meus braços e começava a sentir-me um pouco zonza, deixando o objeto metálico cair no chão.

Respirei fundo várias vezes, tentando acalmar o meu ritmo cardíaco e também aumentar a quantidade de ar que inspirava. Consegui regularizar minimamente ambos.

A porta do autocarro é aberta e vejo o Luke a entrar no mesmo.

- Oh meu Deus, Lucy... Porquê? - ele pergunta incrédulo, abaixando-se à minha frente

Nesse momento não consegui conter as lágrimas e elas escorreram todas pela minha cara? Tapo esta com as mãos, pois não queria que ele me visse assim, vulnerável.

- Hmmm, eu tenho q-que... Eu vou buscar toalhas - ouço-o a levantar-se e a voltar rapidamente, segurando nos meus braços com cuidado e enrolando-os em toalhas, que mostraram ficar manchadas de vermelho claro.

Assim que os dois estavam tapados, puxou-me para o abraço.

- vai ficar tudo bem - o rapaz loiro sussurra e deixa um beijo no topo da minha cabeça

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Hey, como estão?

Okay, este capítulo foi muito emocional e deprimente, eu sei, mas tive que o escrever, estou a tentar mostrar que a vida não é fácil... Acho eu, por isso, o que acharam?

Não estou a dizer que a solução para os problemas é o que a Lucy fez, muito pelo contrário, se alguma vez sentirem a necessidade de se auto-mutilarem por favor falem com alguém ou procurem ajuda, se quiserem mandem-me mensagem privada, às vezes ter alguém que ouça pode ajudar e eu estou aqui para vocês.

Obrigada pelas 170k leituras!!! Vocês são incríveis e não vos podia estar mais grata por tudo, adoro-vos a todas ♥️

Pergunta:
1 - qual foi o primeiro álbum que compraram?

Beijinhos suas bananas ♥️

Effects // 5sosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora