Livro de Memória

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  Pouco a pouco, os raios de sol de um novo dia alcançavam o rosto do rapaz. Os fios castanho claros de seu cabelo caiam sobre sua face inexpressiva, vendo da janela os tons escuros da madrugada se tornarem iluminados com a chegada da aurora da manhã.

  “Há quanto tempo eu não viro a madrugada?”, ele se questionava, batendo a caneta contra o papel daquele seu velho caderno. Projetos de músicas que nunca foram terminadas, desenhos engraçadinhos e anotações com letras que diferiam muito da sua eram as principais coisas que o consumiam. Yonghoon não resiste em sorrir ao folheá-lo. “Só vocês pra me fazerem acordar numa hora dessas”.

  Um suspiro é dado e ele olha o quarto em que se encontrava. Tons terrosos consumiam as cores das paredes, livros e papeis se acumulavam pela sua única estante e pelo chão, instrumentos acumulavam poeira pelos cantos. As duas únicas coisas que realmente chamavam atenção por não parecerem de fato abandonadas era uma foto na cômoda ao lado da cama e uma carta que se encontrava junto dela. Yonghoon tomou as duas em suas mãos, olhando-as com certa nostalgia, passando seus dedos por cada letra da carta e pela imagem dos quatro outros rapazes que o acompanhavam na foto.

Era como se um pouco de amarelo brilhasse em sua vida quando via aqueles sorrisos

E um pouco de vermelho lhe consumisse quando relia aquela carta.

  —Acho que tenho que sair agora. —Ele comenta consigo mesmo —Tenho que preparar algumas coisas antes de ir ver vocês.

  O rapaz espreguiça-se, tomando um pouco de coragem para sair de seu quarto. Aquele dia deveria ser especial, então valia o esforço de sair de sua inércia habitual.

  Após colocar uma roupa que considerava um pouco mais decente do que pijamas e chinelos e de tomar seu café, Yonghoon encara a rua, sentindo os raios de sol matineiros arderem em sua pele. “Nada mudou... Mas parece tão diferente...”, ele observou. Colocou os fones de ouvido e respirou fundo, concentrando-se apenas nas palavras ditas pela música enquanto ia na direção do ponto de ônibus.

Quando nossas colisões repetidas diminuírem

Você me verá de costas

Em apenas um dia

Antes que os asteroides caiam

Vou te dizer as palavras

  Mesmo depois de viajar por vários lugares e ter visto tantas paisagens únicas, a sua favorita continuava sendo essa do bairro onde crescera. Não era exatamente o lugar mais chique ou extravagante do mundo. Era um bairro residencial humilde, com casas simples e quintais simples, porém, Yonghoon sempre sentia um calor especial quando, após dias longe, ele voltava para seu lar e via o rosto de todos aqueles com quem cresceu e relembrava de sua infância.

  De repente, ele acaba ouvindo um ganido triste de um velho amigo: Um cachorro de rua.

  —Hehe... Oi amiguinho. Faz tempo que a gente não se vê, né? —Yonghoon se abaixa, engolindo em seco antes de fazer carinho no bichinho —Desculpa, eu fiquei um tempo sumido e acabei esquecendo de fazer muita coisa.

  O cachorro lambeu a mão do rapaz, fazendo-lhe cócegas. Yonghoon riu. “No final das contas, nós ficamos amigos mesmo. Nem parece que você me perseguia pela rua junto com o Hyungu!”

  —O Hyungu te chamava de “demônio” quando a gente era criança. Agora parece que você é um anjinho. —O moreno riu, oferecendo um de seus biscoitos para o cachorrinho —Que virada de história! Você não acha?

A Book In Memory (Onewe Oneshot Fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora