QUARENTA E NOVE

27.4K 2.7K 386
                                    

Do momento em que Hugo obrigou os funcionários a abrirem a porta ameaçando-os com a polícia, ao momento em que finalmente conseguimos tirar Vic de lá, foi extremamente estressante para todos nós, mas principalmente para ela.

Hugo e eu não nos falamos por alguns dias. Vic substituiu seu lugar na cama e ele comprou a beliche que Léo tanto queria tornando-se o mais novo colega de quarto do meu filho.

Algumas vezes a noite Vic acordava assustada, nessas noites, eu não dormia. Apenas me sentava e apoiava sua cabeça minhas pernas afagando seus cabelos até que ela voltasse a dormir.

Minha amiga explicou-nos o que aconteceu depois que finalmente conseguiu voltamos para casa e Luciano teve a audácia de vir atrás dela.

Por mais que eu quisesse chamar a polícia e denunciá-lo, e Hugo quisesse acabar com ele com as próprias mãos, optamos por seguir o pedido de Vic e dizer que eles se comunicariam apenas através dos seus advogados.

Vic contou que Luciano a ameaçou dizendo que iria entregar provas que ajudariam a cobra da minha sogra a tomar a guarda do Léo de mim e que disse que estava realmente divorciado. Minha amiga também contou sobre os falsos choros e de como ele prometeu que estava tentando mudar, não mais mentir e que a levaria para conhecer os filhos que ele tinha com a suposta ex-esposa, a Samara, mas que, ao invés disso, a levou para a clínica na qual ela havia indicado que Hugo internasse a sua falecida esposa por um período.

Ela também pediu desculpas a Hugo dizendo que não fazia ideia do que os funcionários poderiam fazer naquele lugar, que quando tinha visitado, após perceber que Jaqueline realmente estava doente, pareceu-lhe um bom lugar onde ela poderia até mesmo continuar a praticar pintura, como gostava.

Após a denúncia de Vic sobre o lugar, ele fora fechado imediatamente. Foi um escândalo quando tudo o que acontecia lá dentro foi revelado, mesmo que Vic tenha se negado a aparecer ou se envolver com isso mostrando ao mundo que esteve lá.

Apenas alguns dias após ela nos revelar as ameaças do crápula do Luciano, recebi uma carta informando que minha ex-sogra estava solicitando a guarda compartilhada de Léo. E quando a questionei, ela se fez de rogada e disse-me que eu não permitia que ela tivesse acesso a ele.

SEMANAS DEPOIS

Na primeira audiência, o juiz foi muito claro, Léo ficaria comigo podendo ver a avó uma vez ao mês, com a minha supervisão ou alguém designado por mim. Na segunda audiência, ela conseguiu que o juiz autorizasse de uma vez ao mês para duas vezes.

Para ocupar a cabeça, Vic decidiu me ajudar na reforma da casa. Apesar de Hugo e eu não estarmos cem por cento um com o outro, todas as vezes que alguém perguntava a ele sobre isso, ele dizia prontamente que deveriam perguntar "a minha namorada".

A barriga da minha amiga cresceu bastante no pouco tempo que não nos vimos, mas desde que ela voltou, parecia prestes a explodir, mesmo que não estivesse na hora do bebê nascer.

Gradualmente Hugo e eu fomos nos entendendo, mas sempre que eu tentava conversar sobre o que tinha acontecido em Ilha Bela, ele mudava de assunto. Dizia estar ocupado, precisava sair ou até mesmo fingia uma dor de barriga.

Cansada, decidi confrontá-lo enquanto Vic e Léo aproveitavam o dia de sol na piscina. Meu pequeno já havia tirado o gesso há um tempo e finalmente tinha sua companhia preferida ao seu lado para curtir esse momento.

— Você não vai mesmo conversar comigo sobre Ilha Bela?

— Não tem o que falar, Helena.

— Como não, Hugo? Você mal conversa comigo... Você quer terminar? Quer que eu deixe a sua casa? O que você quer de mim? — questiono com um nó na garganta e rapidamente ele vem até mim segurando o meu rosto entre as suas mãos.

— Nunca mais fala uma besteira dessa. Se não conversamos sobre Ilha Bela, é porque eu só consigo me sentir um merda que permitiu que o escroto do Antônio falasse com você como falou. — afirma olhando nos meus olhos. — Ele tocou em você e eu não sei o que poderia ter acontecido se eu não tivesse chegado até você.

— Hugo...

— Eu sei que ele ofereceu a você dinheiro para que você transasse com ele. — devagar ele me leva até o sofá. — Eu o ouvi falar do cartão e você confirmar que tinha recebido da acompanhante dele. E eu fiquei tão puto que não sabia o que fazer. Na minha cabeça, no meu coração, eu sabia que você nunca ligaria para ele, que nunca se venderia. Mas senti tanto ódio que cheguei a cogitar que você não tinha feito isso ainda.

— Meu Deus, que tipo de pessoa você acha que eu sou. — tento puxar minhas mãos da sua, mas ele não permite.

— No momento em que tive esse pensamento, Helena, eu já sabia que isso não era possível. Eu conheço o seu amor, o seu caráter e a sua índole. Você é a mulher mais incrível, batalhadora e correta que já conheci.

— E ainda assim, pensou que eu me deitaria com ele. Estando com você. Pior, por dinheiro! — as lágrimas descem sem que eu possa controlá-las.

— Helena, entenda, por favor. Somente por um segundo eu pensei isso. Um segundo!

— Não quero saber. Você duvidou que... Você pensou que eu faria isso, Hugo. Logo eu!

— Helena...

— Já basta! Eu quero que você saiba que você me magoou de uma forma que não pensei que fosse possível. Em um momento em que eu precisava de você, você apenas me julgou. — afirmo em voz baixa. — Posso não ter dinheiro, mas eu tenho a minha dignidade, Hugo.

— Eu sei disso, meu amor, nunca duvidei disso.

— Duvidou, Hugo. Você mesmo disse isso. Mesmo que tenha sido por um único segundo.

— Por favor...

— Sei que eu menti pra você sobre coisas importantes e que eu deveria ter te contado do cartão imediatamente, mas eu nunca nem cogitei ligar para ele.

— Amor, me escuta, por favor.

— Não, me escuta você! Eu quero que você saiba que eu estou magoada e que não era assim que eu queria que as coisas acontecessem. Também quero que saiba que sou grata por estar me ajudando com os advogados por conta da guarda do Léo, mas...

— Eu amo o Léo, Helena. Você sabe disso. — confirmo com a cabeça. — Eu não estou te ajudando. Estou nos ajudando. Ele é o nosso menino.

— Eu sei. Também sei que você me ama. Assim como você sabe que eu te amo, mas o que você ainda não sabe e quero que saiba é que o único motivo pelo qual continuarei aqui, é porque descobri pela manhã que estou grávida. — tiro o teste de farmácia do bolso do meu short e coloco em cima do sofá, na sua frente. — Parabéns, você vai ser papai. — levanto-me o deixando completamente sem reação e imediatamente tranco no quarto.

Meu Viúvo - (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora