VINTE E SETE

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beijos purpurinados,

Kami <3
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— O que faz aqui?
— A minha carteira deve ter caído no chão, não sei. — informa pela janela.
— Você não podia esperar até amanhã? Sua irmã está aqui e...
— E o que? Eu sou bem grandinho, a Vic não escolhe com quem saio ou deixo de sair.
— Não complique as coisas, por favor. — peço me apoiando no batente da janela. — A Vic é minha amiga, você é meu patrão. Eu sou só uma empregada, uma funcionária.
— Talvez você não seja só uma funcionária. — diz fazendo um sorriso aparecer e sumir do meu rosto rapidamente.
— E eu seria o que? Não, vá embora, Victor Hugo.
Segurando minhas mãos, de frente para mim e olhando em meus olhos, ele pergunta sério:
— O que eu ganho indo embora já que você não é só minha funcionária?
— Não começa, eu tenho visita. A Vic vai te ouvir. — estou completamente apavorada com o que ele possa dizer e só quero expulsá-lo.
Por que o raio da janela tem que ser tão grande e baixa? Com certeza ele consegue entrar se quiser. Mas eu quero isso? Sim!
— Então diga o que sente!
— O que eu sinto?
— Vamos, surda eu sei que você não é. Diga assim: "Victor Hugo, eu te amo... — ouvir aquelas palavras saírem da boca dele fazem meu coração se aquecer e um sorriso inevitavelmente toma conta de mim. — ... Estou louquinha pra pular no seu colo e... — coloco a mão em sua boca o impedindo de continuar e ele levanta suas sobrancelhas ironicamente me desafiando enquanto suas mãos cruzam por trás da minha cintura.
— Helena, a lasanha está esfriando, vem logo! — escuto Vic me chamar e começo a me desesperar para tentar inventar uma desculpa.
— Vic, entrou uma barata pela janela — Victor Hugo ri ainda me segurando, mesmo que eu tente me soltar. — Me solta, eu vou te bater! — sussurro para ele. — Mas eu vou matar ela com uma chinelada. — grito para minha amiga.
Puxando meu rosto em sua direção, Victor Hugo beija minha bochecha me deixando sem reação.
— Se você me bater, eu vou gostar ainda mais.
— Vai, anda, a comida está me esperando. — começo a empurrá-lo para que me deixe fechar a janela.
Não faz sentido as palavras que saíram dele. Eu disse a ele como me sentia. Como ele quer que eu diga que o amo? Eu nem sei se o amo. Será que ele me ama?
— Eu também estou. — fecho a janela de vidro mesmo que eu queira me jogar em seus braços dizendo aquelas exatas três palavras.
Para com isso, Helena. Você nem sabe se isso é amor! — minha consciência tenta me trazer de volta para a realidade.
Obrigo-me a trancar a janela e, com um sorriso, fecho a cortina. Não consigo pensar com clareza.
Havíamos compartilhado nossos sentimentos um com o outro. Admitimos que gostamos um do outro e que queremos ver onde isso vai dar. Mas, por que, agora, ele decidiu que quer me ouvir dizendo que o ama?
— Helena? — escuto a voz de Vic e saio do quarto.
— O que eu perdi? — sento-me com minha amiga e meu filho que conversam animados.
— O Léo estava me contando que o aniversário dele está chegando.
— Eu vou fazer assim, não é, mamãe? — levanta sete dedinhos. Como o tempo passa rápido!
— Isso mesmo, meu amor. Você vai fazer sete aninhos. — sirvo-nos da janta e meu celular acende informando uma mensagem:
"Nem lasanha, nem minha carteira? Estou começando a achar que você não gosta tanto assim de mim, Helena!"
Droga! Esqueci do raio da carteira!
~*~
Acabei convidando Vic para dormir em casa. Sabia que ela não estava bem e que o que ela precisava, não era de um lugar requintado, como a própria casa, mas de atenção e carinho.
Léo insistiu em dormir com ela, como estava fazendo na casa da minha amiga e, apesar de sentir uma pontinha de ciúmes, não me opus quando ela prontamente concordou.
Depois que os dois dormiram, preparei um prato e encontrei a carteira de Victor Hugo debaixo da cama. Mandei uma mensagem avisando que estava indo até a mansão e, quando cheguei a cozinha, ele já estava me esperando.
— Você não pode fazer algo como o que fez. — reclamo, mas ele ignora tirando o prato e a carteira da minha mão, me beijando em seguida.
— Só admite o que sente por mim, Helena. — sussurra no meu ouvido.
— Eu já admiti. Eu gosto de você, Hugo. — ajeito o seu cabelo colocando para trás — Mas é cedo demais para qualquer pessoa saber sobre nós, inclusive a sua irmã.
— Tudo bem, eu entendo. Eu fui um idiota preconceituoso quando fiquei dizendo que você é uma empregada...
— Não é isso. Não há erro em falar a verdade, eu sou sua empregada.
— Eu não ligo pra isso, Helena. Não ligo pra nada disso, mas eu realmente me arrependo das coisas que te disse. Fui tão grosseiro e sem a menor necessidade. — dessa vez ele que ajeita o meu cabelo. — Quando eu disse antes, que nada que você possa dizer, vai diminuir meus sentimentos por você.
— Você nem me conhece direito...
— Conheço o suficiente.
— Eu... eu minto, sabe? — ele sorri.
— Todos mentimos.
— Não, você não está entendendo, eu menti, eu minto para você. — faço com que ele me solte. — Para mim não é fácil admitir isso e eu sei que posso perder o melhor emprego que tive nos últimos anos e...
— E...?
— E você!
— Helena, vamos lá, conversa comigo. — tenta se aproximar, mas o impeço. — Vamos fazer assim, eu te conto algo e você me conta o que está tentando me contar, tá bom?
— Você vai me odiar.
— Impossível, meu amor. — Victor Hugo beija minha testa e segura minha mão me levando pela para o escritório.
Me fazendo sentar na confortável cadeira atrás da mesa, Victor Hugo digita rapidamente no computador e logo aparece uma imagem da cozinha.
— Não tô entendendo.
— Instalei câmeras em alguns pontos da casa há alguns anos...
— Você estava me gravando? — grito.
— Não, não existem gravações, porque eu desativei essa função. Na verdade, as câmeras estavam desligadas até te conhecer e não, não as liguei por desconfiar de você. — afirma antecipando o que eu ia falar. — Eu fiquei curioso sobre você, não sei explicar.
— E decidiu me espionar.
— Você me viciou em "Amor à Segunda Vista" — comenta sobre a novela que assisto toda tarde e que passamos a ver muitas vezes juntos. — Me desculpa pelas câmeras. — fala aparentemente sincero. — Estou te mostrando isso, porque quero que saiba que não há nada que possa dizer que faça meus sentimentos por você mud...
— Eu sou mãe, Hugo! — digo sem dar chance de ele terminar a frase.
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Numa escala de 0 a 10, o quanto vocês me odeiam por terminar o capítulo assim?

Meu Viúvo - (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora