10 - A ignorância é cruel.

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Minha mãe resolveu tirar férias, e iremos para o Tocantins. Paraíso do Tocantins para sermos mais exatos, aonde as famílias dos meus pais vivem.

Eu estou que não me aguento de felicidades, finalmente vou conhecer meus familiares paternos, mas não sei se será possível conhecer o meu pai.

É estranho, mas meu pai mandou duas cartas para a minha mãe, e ela me permitiu lê-las, o estranho é que depois que eu li as cartas, de algum modo, eu consigo imaginar o meu pai apaixonado pela minha mãe, e tendo que se despedir dela, porque não tinha condições de nos manter, sem o apoio dos pais.

Também compreendo a atitude dos meus avós, apesar de achar que eles não tiveram sabedoria, mas isso é o que eu acho no alto da minha sabedoria adolescente, ou seja, não sei de nada, apenas acho muita coisa...

Meu tio Adriano conseguiu o número do telefone do meu pai, mas eu ainda não havia pegado meu celular com a Bia, e eu apertei o passo para encontra-la e pegar o celular e ligar logo para ele.

Para o meu desespero, quando entro na escola, o abençoado do Davi, veio ao meu encontro sozinho, já fiquei cismado ele nunca anda sem seus seguidores.

Como eu disse, eu acho muito de muita coisa, então eu também só acho, que essa criatura desperdiça o dom de liderança que Deus lhe deu, e fico me perguntando porque a mãe dele, perde tanto tempo da vida dela me policiando e não policia a prole dela.

- Bom dia coisinha! - Me cumprimenta pejorativamente.

O que é ridículo, uma criatura que tem vinte e poucos centímetros a menos que eu me chamando de coisinha, mas fazer o quê?

Eu sei por que ele me chamou assim, e como não vou quebrar a cara dele de novo, é melhor ignora-lo, e é o que eu faço. Dou meia volta e tento sair. Ele me puxa pelo braço.

- "Onde estão as pessoas que deveriam estar fazendo a ronda pelos corredores, para pôr alunos rebeldes e babacas para as salas de aula? Cadê o irmão Roberto quando a gente precisa dele"? - Perguntei-me em pensamento, mas em voz alta eu me comporto como o cavalheiro que eu sou. - O que você quer? Eu não tenho nada para falar com você, o que eu tinha para te falar eu falei domingo. - Eu respondo tentando não perder a paciência.

- Não ligo a mínima para o que você tem para falar, sou eu quem vai falar. E preste bem atenção, pois eu não quero mais ter que lhe dirigir a palavra. - Ele falou em um tom, que me fez realmente prestar atenção nele.

Tinha alguma coisa errada, ele não estava apenas me provocando como de costume, ele estava verdadeiramente furioso comigo, naquele momento eu percebi, que ele não avançava contra mim, porque ele sabia que mesmo eu tendo dito que jamais voltaria a bater nele, eu também jamais permitiria que ele me batesse. Engoli seco, e esperei.

- Você e sua mãe, são duas pragas, na nossa igreja, a sua mãe é uma pessoa inescrupulosa, que seduziu o filho de um pastor, isso é um sacrilégio. Vocês dois deveriam ser expulsos da igreja, e você fica longe da minha irmã, não quero que você influencie mal a ela. Enquanto eu achava que você era só uma florzinha, eu não me importava, mas você é um projeto do demo...

- Para a minha sala agora Davi! - Ambos nos assustamos com a voz de trovão do irmão Roberto, e só então eu percebi que tremia.

- Eu tenho uma avaliação agora. - Ele disse sem tirar os olhos de mim.

- Tivesse pensado nisso antes de dizer essas coisas para o seu colega, e mais que apenas seu colega, ele é seu irmão em Cristo. Vai para a minha sala e me espera lá. - Ele finalmente olhou para o irmão Roberto.

E assim como eu, ele ficou surpreso com a expressão do coordenador, apesar, das brincadeiras que fazíamos, por ele ser mais rígido na escola do que era na igreja, ele era sempre carinhoso com os alunos. Mas naquele momento o olhar dele para o Davi, era duro e não tinha nada da compreensão com que ele sempre nos olhava.

Projeto perfeito de Deus.Where stories live. Discover now