02- As coisas não são como queremos.

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O congresso estava sendo tudo de bom! E eu claro estava eufórico! No sábado no horário do almoço, Ricardo estava todo misterioso o que é muito estranho, pois sou a única pessoa para quem ele não tem segredos. 'Pelo menos eu pensava assim'. Mas de uma coisa eu tinha certeza ele estava aprontando alguma. Ele é desses adolescentes que gostam de causar, é do tipo bonitão, e as garotas caem matando em cima dele, e ele não dispensa uma, então eu pensei que ele estava por aí com uma garota, não entendi o mistério, mas com certeza ele me explicaria depois. Como eu tinha algum tempo livre, e eu nunca durmo durante o dia, eu fui dar uma volta.

Estávamos em um sítio lindo! Minha mãe iria amar este lugar. Fiquei andando e pensando nela, o que ela estaria fazendo à uma hora daquelas, sem mim? Espero realmente que ela esteja fazendo algo divertido. Apesar que sinceramente! Eu duvido muito. Eu sorrio imaginando minha mãe tentando se divertir, sem mim e sem as duas melhores amigas dela, a tia Mel e a tia Bel; e continuei andando sem rumo, pensando em minha doce e maravilhosa mãe.

Então de repente ouvi uma gargalhada, eu reconheceria aquela gargalhada em qualquer lugar. Segui em direção ao som. "Agora eu lhe pergunto, o quê eu fui caçar lá? Por ventura alguém me chamou lá? Não! Se a dita cuja estive precisando de ajuda não estaria gargalhando não é mesmo? Estaria pedindo socorro, não é mesmo? Mas a peça rara aqui o que faz? Vai atrás do som, vai atrás do que não é da sua conta e como diz o ditado popular à curiosidade matou o gato, e eu bem acho que esse gato aqui merecia morrer por ser tão curioso e intrometido".

Mas fazer o quê né? Lá fui eu. Quem disse que eu estava preocupado com ditado popular? Se o gato aqui tivesse que morrer ele morreria porque é um curioso sem noção. E chegando lá o que eu vejo? Meu melhor amigo, beijando aquela, que era o alvo de minhas orações; aquela que eu pedia a Deus para que viesse a ser a minha esposa no futuro, que fosse ela aquela que eu estava esperando em Deus.

Fiquei sem ação! Não sabia o que fazer.
Não sei como eu saí de lá. Fiquei andando e pensando, tentei voltar a pensar na minha mãe, mas não deu certo, eu só pensava nos dois agarrados tentando se engolir, isso mesmo se um fosse menor que o outro teria seria engolido. Pela primeira vez na minha vida, eu não cumpri meu compromisso com Deus, naquela tarde eu não voltei para o auditório. Fiquei pensando em tudo que eu já vivi com aqueles dois.

Quando a minha mãe chegou do hospital comigo, a tia Bel se prontificou a ajudar minha a bisa a cuidar da minha mãe e de mim. E elas nos contaram, que desde a primeira vez em que Ricardo me viu, ele tomou para si a tarefa de cuidar de mim.

Ele me defendeu de muito bullying, e comprou muita briga para me defender. A pesar que hoje seja o contrário sou eu quem o defendo, pois sou maior, mais forte, e mais responsável que ele, então agora eu sou aquele que cuida dele. Mas ele já cuidou bastante de mim. Lembro-me com um pesar no coração, pois agora eu posso me defender sozinho, mas gosto de ainda ter o meu melhor amigo do meu lado. Tenho quatorze anos, e 1,84 de altura, e pratico esportes, e faço taekwondo, então sou forte, peso em volta de oitenta a oitenta e cinco quilos, não tenho certeza, como meu foco não a forma física então não sou focado nisso, mas sou o que as garotas chamam de 'tanquinho', 'se bem que eu não entendo a razão dessa expressão, o tanquinho da minha mãe é uma caixa sem forma nenhuma', bem talvez afinal eu não seja um adolescente tão normal assim, tanto o esporte quanto a defesa pessoal foi devido ao bullying, e às vezes até abuso físico que eu sofria quando criança, se não fosse o Ricardo na minha vida com certeza teria sido muito pior.

Então devido ao meu tamanho as pessoas que não sabem que eu sou cristão, não se metem a besta comigo, nem com os meus amigos. Mas infelizmente não posso dizer o mesmo dos irmãos da igreja, mas isso é outra história, para outro momento.

Quanto a Ana Beatriz, conhecida por Bia, era só mais uma adolescente entre tantas na escola ou na igreja. Até que um dia, eu percebi que as coisas na vida do cristão não é fácil, e eu dou graças a Deus por isso, pois assim não tem porque os cristãos saírem por aí achando que podem alguma coisa, pois eu acredito que quando Jesus disse "no mundo tereis aflições" foi para que não esquecêssemos que é Ele o Senhor das nossas vidas.

Eu cheguei certa manhã à escola como em todas as manhãs feliz da vida, e contente por ter uma vida pacata e sossegada, sem grandes emoções, para alguns adolescentes isso pode ser angustiante, mas para mim era perfeito, então esbarrei com ela que saia correndo e chorando, na ocasião eu tinha doze e ela treze anos. Conhecíamo-nos da vida toda, e nunca a tinha visto chorando, era mais fácil ela fazer alguém chorar! Fiquei preocupado e fui atrás dela. Ela seguiu para a arquibancada da quadra, ainda chorando.

- O que houve Bia? - Eu perguntei preocupado.

Fiquei aflito, quando ela me olhou com aqueles olhos grandes e assustados. A cor dos olhos dela é de um castanho bem claro, dependendo da luz eles ficam verdes claros. Os olhos dela lembram os da minha mãe.

- Por favor! Vai embora não quero que você me veja assim. - Ela me respondeu chorando.

- Pois vamos faltar aula os dois, a não ser que você me diga o que está acontecendo. - Insisti sentando ao seu lado.

- Meu cabelo, está acontecendo o meu cabelo. Essa anomalia horrorosa! - Ela me disse fungando.

Eu fiquei olhando para ela. Ela estava completamente fora de si, e sinceramente eu não entendi porque, tudo isso por causa do cabelo?

- Bia se acalma. Qual o seu problema? Seu cabelo é lindo! - Eu disse sem entender porque do drama.

Foi a vez de ela me olhar, como se eu fosse o louco. Eu peguei delicadamente seu cabelo, era macio ao meu toque, eu o aproximei do meu rosto, também era cheiroso. Continuei a enrola-lo em minha mão, distraído, tentando pensar em algo que eu pudesse dizer à ela para que ela compreendesse o quanto ela era linda.

- Bia, você é única e perfeita em seu conjunto, porque Deus pensou em cada detalhe seu. Desde seu lindo e único cabelo vermelho até seus olhos castanhos...

- Meus olhos tem um tom de avelã. - Ela me corrigiu fungando.

Eu observei melhor, mas devido às lágrimas os olhos dela estavam mais para o verde transparentes das minhas bolinhas de gude do que para o avelã, ou o castanho claro natural, mas achei melhor não discutir, e menos ainda comentar sobre as bolinhas de gude, eu imaginei que ela não fosse gostar.

- Que seja! A questão aqui é, você vai deixar sei lá quem ou o que fazer você duvidar da maravilhosa mão de Deus, que trabalhou em cada detalhe que há em você, é sério isso? - Perguntei cético.

Ela sorriu para mim em meio as lágrimas, e eu não sei o que houve, mas naquele momento meu coração acelerou em um ritmo, que eu não sei como ele não saiu da minha caixa torácica, soltei os cabelos dela que ainda estavam em minha mão, porque percebi que minhas mãos começaram a suar. E desde aquele dia, a Bia nunca mais foi só mais uma adolescente, entre tantas outras, e para meu total desespero, se eu pensasse no fato de que a mãe dela não suportava a minha, e que a minha mãe apesar de amar a Bia, não fazia muita questão de consertar as coisas, bem eu estava em maus lençóis. A minha mãe costumava dizer que a irmã Edith não gostava dela e não havia nada que ela pudesse fazer a respeito, mas como eu já disse antes a minha fé está firmada no Deus do impossível, então comecei a orar.

Claro que eu nunca disse isso para ninguém, a não ser claro para Deus, eu acredito que Deus tem uma garota preparada para mim, aonde acrescentaremos coisas boas na vida um do outro, e que juntos trabalharemos para a obra do Senhor, e formaremos uma família que honre a Deus, e desde aquele dia naquela arquibancada, eu tenho orado a Deus para que a Vontade dEle prevaleça na minha vida, se está garota for a Ana Beatriz Deus cuidará para que tudo se encaminhe para que Sua Vontade prevaleça em nossas vidas.

E naquele momento, aquela que era o alvo das minhas orações estava nos braços do meu melhor amigo, e eu não fazia ideia do que fazer, em relação a nenhum dos dois. Só conseguia pensar que talvez ela não fosse aquela que Deus estava preparando para mim, mas apenas Ele poderia me responder a essa questão, só me restava, continuar orando para que Sua Vontade se cumprisse na minha vida, mesmo que naquele momento meu coração estivesse estilhaçado.

Continua...

Projeto perfeito de Deus.Where stories live. Discover now