Projeto perfeito de Deus.

07 - A vida é uma caixinha de surpresa.

A última semana foi a pior da minha vida. Depois do murro que eu dei na cara do Davi, muita gente virou a cara para mim na igreja, deixei de ser o garoto bonzinho, para ser o babaca que esmurra o filhinho da mamãe.

De todas as coisas, que eu costumava fazer na igreja, eu estou só com a equipe do louvor e a banda Heróis da Fé no momento. E isso, já me trouxe reclamações, mas minha mãe ainda não me falou nada, ela está esperando, que eu converse com ela sobre o que está acontecendo, só espero que eu me ache, antes que ela desista de esperar.

Meu tio foi embora ontem à noite. E aqui em casa está horrível sem ele, não estou à vontade, escondendo os meus sentimentos da minha mãe, mas também não sei como dizer a ela, sobre todas essas confusões que estão na minha cabeça, não sei como dizer a ela, que estou apaixonado pela primeira vez, imagine então como vou dizer que quero conhecer o meu pai!

Hoje é domingo, dia de escola bíblica, na verdade eu amo a escola bíblica, mas hoje, tudo o que eu queria era ficar em casa e dormir, até Deus sabe quando.

Mas como nada disso é possível, eu desço correndo, pronto para mais um dia, chego no carro primeiro que a minha mãe o que é raro, geralmente ela é a primeira a chegar e ficar me gritando.

- Mamãe, estamos atrasados! - Grito entrando no carro.

Eu nem sei o que eu vou fazer na igreja hoje, eu sou a favor de que o dia em que a gente não está com disposição, é melhor ficar em casa do que ir para a igreja e ficar de cara amarrada.

- "Meu Deus isso está ficando sério"! - Penso alarmado.

Se há uma coisa que nunca, jamais, em hipótese alguma, eu posso fazer nessa minha vida, é me afastar de Deus, Ele é a minha força, o meu norte.

- "Senhor eu não quero te desapontar, e nem quero me afastar de Ti, não gosto Senhor, da pessoa em que estou me tornando, quebre-me Senhor, e faça-me de novo, não me deixe Senhor, me perder nessa imersão de sentimentos que tem me assolado. Dê-me sabedoria, para eu falar com a minha mãe, sobre o meu pai, ele é o homem que o Senhor escolheu para ser o meu pai, e eu gostaria de conhecê-lo, em nome de Jesus ajude-me". – Pedi a Deus.

- Não estamos não. - Minha mãe diz entrando no carro, me assustando.

Mas eu não digo nada, e ficamos naquele silêncio, pesado e desagradável.

Nós somos acostumados ao silêncio um do outro, e geralmente quando isso acontece, não é algo desagradável, mas hoje está insuportável.

- Não quer ligar o som? - Minha mãe pergunta. E eu percebi que ela estava chateada, e isso foi um soco no meu estômago.

- Não, obrigado! - Eu respondo, virando a cara para o outro lado.

Eu precisava fazer alguma coisa, eu não poderia fazer minha mãe sofrer daquele jeito.

Naquela manhã eu ouvia o que a tia Bel 'a professora da escola bíblica' falava, mas não compreendia o que ela estava falando, meus pensamentos estavam na minha mãe, e no fato de que ela estava cansada de esperar por mim, de esperar pelo meu tempo para eu dizer a ela o que estava me incomodando há dias, eu suspirei tentando prestar atenção no que a tia Bel dizia. E eu sorri intimamente ao ouvi-la.

- E vocês me dizem "mas professora, como assim? Pedro traidor! Como ele pôde trair Jesus dessa forma, nega-lo dessa maneira vergonhosa", pois é, foi vergonhoso o que Pedro fez, no entanto, no momento em que ele percebeu o que havia acontecido ele ficou envergonhado, e eu imagino Pedro se recolhendo em sua insignificância, sofrendo por ter traído o mestre amado, afinal ninguém duvida do quanto Pedro amava a Jesus; e nós, como nós temos negado a Jesus, como nós temos traído a Jesus? E temos reconhecido essa traição, temos nos arrependido? – Ela perguntou olhando a sala de uma maneira geral, mas como sempre acontece quando devemos alguma coisa, naquele momento me pareceu que ela olhou diretamente nos meus olhos.