Capítulo 14

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AVISO: O CAPÍTULO A SEGUIR PODE CONTER GATILHO!!!

Os dias se passaram. Meu pai tentou se comunicar comigo, enviou uma carta, eu não a respondi, sequer a abri. Estive indisposta desde o baile, eu tinha milhares de coisas para fazer. Conversei pouco com Warny, ela parecia feliz, disse que Liam a estava fazendo bem. Acreditei naquilo. O lorde sempre foi muito bondoso. Ele não estaria no palácio hoje, nem ele e nem Kalel. O rei e os duques também estariam ausentes. Todos estariam caçando. Kalel me convidou, iríamos pelo bosque, do outro lado dele havia bisões, eles seriam as presas. Os ursos estão hibernando nesse momento. Recusei, eu amava caçar, mas preferi repousar. Estava jogada em minha cama quando escutei batidas em minha porta. Sentei-me e disse:

— Pode entrar! — Tentei elevar o tom para garantir que a pessoa me ouvisse.

— Oi, irmã. — Jade disse ao entrar.

— Olá, irmãzinha, como está?

— Bem — Forçou um sorriso. — Hoje é a tarde das meninas.

Franzi o cenho.

— Como assim "tarde das meninas"?

— Sempre que os meninos saem para caçar, nós organizamos um chá. Poderia nos acompanhar com Madu, pedi para que Agatha a chamasse.

— Estou indisposta, por isso não fui com os meninos.

Eu tentava ao máximo evitar Anastácia.

— Serena, vamos, por favor. Só vamos ficar sentadas na sala do chá. Não será nada demais.

Sala do chá?

Eu sabia que o castelo era enorme e que tinha diversos cômodos. Porém, nunca imaginei que houvesse uma sala específica para que se tome um chá.

— Sim, fica no andar real. Minha mãe queria algo mais reservado para ela e suas damas. Somos da família, então podemos ir até lá também.

— Não é como se ela gostasse muito de mim. — Pensei alto.

— Serena, mamãe acha que nenhuma mulher é boa para o meu irmão. Não é algo contra ti. Ela só quer protegê-lo.

Eu não disse nada. Apenas a encarei. A princesa não se agradou com o silêncio. Então, usou chantagem emocional.

— E a Madu adoraria participar do chá, mas isso só seria possível na sua presença. Ela é sua dama de companhia.

— Tudo bem. — Suspirei. — Vou pela Madu.

— Mas não vai por mim? — Fingiu estar ofendida.

— Você, minha irmã, é muito dramática.

— Talvez eu seja. Entretanto, também sou ótima convencendo as pessoas, considero um dom. Agora, irei tomar um banho, as criadas já devem ter garantido que a água esteja quente, não quero tomar um banho gelado nesse frio.

Jade saiu, eu também precisava de um banho. Normalmente, eu o prepararia, mas solicitei que o preparem. Madu chegou logo após da saída da princesa. Deixou-me a sós assim que meu banho estava pronto. Não demorou muito para que eu terminasse de me lavar. Coloquei um vestido vermelho garnet, decote reto e mangas ¾. Por mais frio que estivesse lá fora, as paredes grossas do palácio conseguiam manter bem o calor. Meu vestido tinha mangas justas, assim como o busto, mas da cintura até seu fim, ele já não era mais tão próximo ao corpo. Seu tecido pesado dava um belo caimento a peça de roupa. Escovei meus cabelos negros que já não cortava há tempos, ele agora batia pouco mais de um palmo acima da cintura. Minhas ondas ficavam mais abertas quando escovava. Pus uma tiara simples, não era exatamente uma coroa, estava mais para um arco de cabelo. Todo em prata, ou ouro branco, eu não conseguia notar a diferença sem comparar ao anel que estava em meu dedo. Ouro branco. Não me surpreendeu, tudo por aqui era em ouro. Até mesmo o mais delicado arco com pequenos losangos arredondados.

Golpe de Estado (Coroa de Vênus - Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora