Capítulo 10

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Liam piscou algumas vezes, parecia tentar absorver a informação. Estávamos em silêncio. Ele saiu do quarto e fechou a porta.

— Não tenho boas lembranças da que aconteceu após você sair daqui. Como assim despedida?

— Você queria uma despedida, certo? — Eu me aproximei dele. — Eu só quero acabar logo com isso. — Segurei sua mão.

— Serena...

— Não diga nada, Noah, por favor. — Ele fechou os olhos.

Então depositei meu colar de lua em sua mão. Ele havia me dado em um dos meus aniversários, eu não conseguia conter minhas lágrimas. Noah abriu os olhos.

— Não precisa me... — Ele parou a frase. — Está chorando? — Ele tocou meu rosto com delicadeza.

— Eu não posso dizer que não me dói te perder, você sempre foi o meu melhor amigo. Eu estou te dando o colar porque sempre foi a minha lembrança. Eu chorei, por dias, só por não te ter por perto e agora você está bem a minha frente e eu não posso fazer nada, porque estou noiva de outro homem e você desaprova, mas eu queria que sim, eu me sinto tão sozinha aqui. — Eu desabei.

Noah me puxou para um abraço e eu chorei em seu ombro, ele acariciava meu cabelo.

— Eu ainda posso ser o seu melhor amigo, Serena. E, como seu melhor amigo, aceito suas decisões. Não precisa me devolver o colar. — Eu me acalmei.

— Quero que fique com ele, como o fim de uma fase. — Falei baixinho, ainda em seu ombro.

— Se isso é tão importante, eu fico. — Nós nos soltamos. — Boa noite, Serena.

— Boa noite, Noah. — Sorrimos.

Ele pôs a mão na maçaneta e abriu a porta. Fiquei o observando até a porta se fechar. Pensei em ir ao quarto de Kalel, assim que me virei o vi parado a porta. Me observando. Enxuguei as lágrimas e caminhei até ele. O príncipe beijou minha testa.

— Acabou. — Meu tom era baixo.

— Eu sei, eu ouvi tudo. — Disse compreensivo.

— Posso dormir contigo? Só dormir mesmo.

— Claro que pode.

Eu tirei o robe quando entrei em seu quarto, não falamos nada além de um "boa noite", seguido de um selinho rápido. Ficamos um tempo em silêncio, foi longo, mas nada constrangedor. Dormimos abraçados e acordamos aos pulos com um guarda invadindo o quarto. Puxei um cobertor para me recobrir.

— O que está acontecendo aqui? — O príncipe perguntou com raiva.

— Peço perdão, Vossa Alteza, mas a rainha foi aos aposentos de Lady Serena e não a encontrou. Ordenou que eu viesse verificar se teriam fugido novamente. — Ele se explicou rápido. Parecia envergonhado.

— Tudo bem, diga a minha mãe que estou aqui e peça para que ela aguarde o café da manhã para nos ver.

— Sim, Alteza. — O guarda saiu às presas.

Eu me levantei assim que a porta foi fechada. Kalel também saiu da cama. Não nos beijamos, apenas fui ao meu quarto para trocar de roupa. O príncipe iria fazer o mesmo. O café da manhã mal havia começado e a rainha já tinha me olhado torto. Eu não estava com trajes típicos do palácio, usava sim um vestido, mas um dos poucos que eu havia trazido, precisava me vestir rapidamente para o café, então não quis nada muito elaborado.

— Já não temos mais ordem nesse lugar. — Anastácia declarou em tom de desaprovação.

— Nunca tivemos, só fingíamos ter. — A rainha se irritou ao ouvir a resposta do filho.

Golpe de Estado (Coroa de Vênus - Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora