Capítulo 3

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Capítulo 3

— E então... — virei-me e percebi que falava sozinho. O garçom sorriu, dando de ombros. Fiquei sem entender, com cara de perdido. Eu nunca estive numa orgia. O garçom também não sabia para onde aquele homem tinha se esgueirado. Bastava olhar ao redor, ver mais de trinta corpos nus mascarados, talvez mais de cinquenta, envolvendo-se uns nos outros, e isso tornava-se claro na mente de qualquer um. E lá se foi outra companhia, o tatuado segurando sua bandeja deixou-me sozinho, igualmente.

Suspirei. Achei que o misterioso homem de olhos intimidadores me guiaria pela festa. Só o que sobrara dele foi a calça desacanhada no chão, inibindo-o ainda mais de ser reconhecido. Mas aí pensei que talvez ele desejasse jogar comigo. Interessante. Busquei a visão de seu sorriso em minhas recém lembranças. Belisquei com os dentes a parte inferior de minha bochecha. E fiz cara de quem descobriu o quanto o jogo seria difícil. Mas divertido. Achá-lo seria de muita sorte.

Talvez ele estivesse em meu encalço, espreitando-me detrás de algum outro corpo, enterrando-se nesse, com sua cara de safado sorrindo escondido em minha direção. Busquei com os olhos – lembrando-me do sorriso dele, senhor M. – alguma boca familiar naqueles homens que estavam mais próximos: de um lado estavam cinco em fila, trepavam-se, fazendo um trenzinho; o último era um negro jambo. Imaginei o quanto deveria ser gostoso estar debaixo dele, vendo-o se remexer por detrás do moreno mais ou menos forte; ele ia e voltava com seu quadril, com um dos punhos fechados sobre a parte superior de sua bunda, a outra mão aberta nas costas do passivo, na medida que ia, fincava com força, tirando um gemido da boca do outro, e sucessivamente ele enfiava, e tirava, e enfiava de novo, num bamboleio delicioso de se ver.

Estava interessante, mas continuei meu percurso. Ainda vestido, mas de jeans aberto, fui caminhando, passando as mãos pelos corpos que eu me interessava. Dificilmente era capaz de não me interessar por nenhum. Todos corpos muito bem apanhados. Meio que ainda procurando em mim o atrevimento que se perdeu com o impacto da festa vip, quando emergi da escada, eu lembrei de que o rosto de M. era também bem demarcado. Mas naquela sala poderia ter muitos outros homens mais maduros. Além das máscaras e a luz embriagada. Não tinha nada que eu pudesse resgatar dos poucos momentos que o explorei para me ajudar naquela altura.

Contudo, para que eu me fixaria em apenas um homem numa sala recheada de corpos a serem distribuídos como docinhos de festa de aniversário de criança.

Minha mente pensou em mil coisinhas absurdas que eu poderia fazer. Mas tudo aquilo ainda me assustava, apesar do tesão visível em mim. Eu deveria ter pegado a bebida ao invés das uvas. As uvas? Perdi-as em algum momento que não percebi. Procurei algum outro garçom, que eram identificados apenas pela gravata e a bandeja que carregavam.

Do outro lado, numa espécie de um sofá sem espaldar, diferente do que o filho do prefeito estava mais atrás, avistei um homem numa cena que me seduziu: de cabelos claros, de costas para mim, deitado sobre outro; este com suas pernas soltas sobre o posterior da bunda dele deixava-se ser introduzido, com tudo, como um franguinho, enquanto tinha seu pescoço afagado pela boca do mesmo parceiro. Mesmo em seus olhos fechados, via-se, pela forma como cravava suas mãos nas costas do ativo, o quanto ser possuído daquela forma o deixava com tesão. O passivo contorcia sua cabeça para trás, na esperança daquele momento nunca acabar, ao que parecia. O branquinho que eu via de costas sobre ele enterrava as mãos no acento, subindo e descendo com uma rigidez que não cedia a nenhum gemido de dor quando incorporava-se fundo no loiro.

Ao entorno deles, quatro homens demonstravam a loucura que era ver aquilo, segurando seus rígidos membros, pressionando-os com força para frente e para trás. Um deles, sobre o mesmo sofá, procurava um espaço entre o casal, que se mantinha intocável, para afogar seu desejo na boca de algum. Percebi seu desespero ao esfregar seu pênis entre os beijos intensos que os outros dois trocavam entre si.

Os Sete Pecados (Romance Gay)Where stories live. Discover now