Capítulo 16

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Oi, meus amores. Chega de desculpas.

Lembrem-se de curtir e comentar. É sempre bom saber o que vocês estão achando. Logo venho aqui responder aos últimos comentários que deixaram, e dar boas vindas a vários novos leitores.


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CAPÍTULO 16


Minha irmã e eu conversamos por mais um tempo, como pássaros voando, pousando a cada momento num assunto, quase sempre cortando direção de outros, procurando passar por nuvens mais claras. Aquelas que fossem menos densas. Mas era estranho como o alivio vinha, e da mesma forma se ia, falando de cargas, que transbordavam às vezes, e outras eram compactadas, sem perder o peso. Paula não demorou muito para fugir até o sono, longe do alçapão armado, pronto para nos prender a realidade do mundo. Ao acordar, se é que posso dizer que dormi, eu caí nessa armadilha, não como um pássaro inocente, mas como aquele sem opção. Olhei para a minha irmã, para conferir se ela estava ainda dormindo. Dormia como uma criança, transparecendo que o tempo nunca havia passado, que nossos joelhos ralados doíam mais que o coração, embora este tivesse muito para chorar. Quando crianças, dávamos cor aos nossos céus muito mais fácil, e grudávamos estrelas brilhantes por todo ele. E nossos olhos eram secados. Nossos corações enxugados por sons de risos de nossos pais, dizendo que tudo estava no eixos, que as brigas cessara. Quando crianças, tudo voltava a ser bom no dia seguinte, mesmo se os sorrisos dos adultos fossem forçados e amarelos, para nós um sorriso não funcionava como uma capa, a esconder muita coisa, pois quase nada éramos contaminados pela vida para entender disso.

Levantei-me, e fui ao quarto de nossa mãe. A cama arrumada e a luz do sol adentrando a janela, atrás das cortinas dançando ao ritmo do vento, trouxera-me Miguel aos pensamentos. Com sinceridade, acho que sonhei com ele durante as poucas horas que cochilei na última madrugada. Não me lembro com clareza. Mas se era possível lhe sentir o cheiro? Seu sabor de homem? Com toda a semelhança do que eu já havia provado antes.

Infelizmente, a boca dele que abandonou a minha em direção ao meu pescoço, com a respiração calorosa, cutucando-me na alma, foi a única imagem qual eu mantive registrada ao acordar.

Afaguei minha nuca.

Da porta do quarto de minha mãe, senti o cheiro de café subir as escadas. Desci-as. Sondei a sala, para confirmar que ela não estava por lá também; arrumou-se muito cedo, provavelmente, e partiu bem antes das sete horas, já que não a encontrei em parte alguma da casa. Nem na cozinha, onde o café já estava sobre a mesa, quentinho, junto dos pães franceses, confirmando que ela estivera ali. Cocei a cabeça, e bocejei, abafando um suspiro. Não dormi quase nada, e, pra ajudar, ainda acabei perdendo a hora.

Subindo a escada, em passos de tartaruga, deslizando os dedos no corrimão, voltei ao meu quarto, seguindo-me para o banheiro, tentando manter o máximo de silêncio que conseguia para não acordar minha irmã. Minhas ações estavam dormentes, num ponto em que o formigamento dentro de mim pedia por cama. Era hoje que eu seria demitido, pensei, se eu não corresse contra o tempo. Eu poderia tentar uma bolsa emergencial na faculdade, caso o dono da cantina do polo me mandasse pra rua. Eu ri, não rindo, se é que é possível.

Os Sete Pecados (Romance Gay)Where stories live. Discover now