Os Sete Pecados (Romance Gay)

Capítulo 20

Esse talvez seja um capítulo esclarecedor. 

Estou mudando o jeito de narrar a história, porque preciso expandir os pontos de vistas, talvez em alguns momentos fique sem nexo Raphael saber de algo, mas é uma história que ele já viveu e sabe de tudo, mas estou narrando assim porque na segunda versão do livro irei passar a voz da narração para a 3ª pessoa. Provavelmente teremos capítulos extras, sobre pontos de vistas da Paula e outras personagens, mas sempre serão extras dentro dessa versão do livro. Espero que gostem. 

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Capítulo 20

Olhei para os meus sapatos, antes de romper a porta da casa, emergi no mesmo beco escuro da noite em que estive ali, e senti-me no mesmo beco sem saída, até que, diferente dessa última noite que passei na boate, no fim do corredor agora não havia as mesmas luzes piscosas e coloridas, nem a voz da Lady Gaga que deu-me boas-vindas, nem mesmo os seguranças para nos revistarem, nem muito menos aquele anjo dançando seminu. Jofiel entrou primeiro. Quando cheguei onde deveria estar os seguranças nos esperando, não pude evitar que meus olhos se encontrassem com os de Miguel.

Bem antes desse instante já habitava em mim a impressão de estar no lugar errado no momento errado, e não foi preciso nada de sobrenatural para chegar a essa conclusão óbvia. As sobrancelhas pesadas de Miguel frearam nas curvas em que eu podia ter a certeza, lendo em seus olhos, que seu coração batia num lamento em que ele não podia fazer jus, ao fitar-me na entrada. Tinha os punhos cerrados sobre uma mesa no bar, de madeira escura. Ele tremeu os lábios, cravados. Mordeu os mesmos, com desenfreada agonia que fazia as veias de seus braços pularem, como se não houvesse mais nada correndo por dentro dela a não ser ódio. O mesmo sentimento que enrolava e contraía seus nervos.

Então ele abaixou a cabeça. Balançou-a. E inspirou, apenas, o desejo de querer estar num outro momento, imaginei.

Quando a levantou viu que detrás de mim surgiu minha irmã. Notei em seu semblante, onde suas marcas de expressões quase desenhavam perfeitamente um ponto de interrogação em sua testa, que ele se perguntou quem era ela. Mas isso não driblou sua fúria. Não fazia diferença no meio de todo o barulho de sua mente. Ou todo o silêncio corrosivo que ela poderia estar. E ele, simplesmente, deixando qualquer hesitação no chinelo, desabou seu ódio no espaldar de uma das cadeiras, sem medir a força e nem se quer preocupado para onde arremessava-a; a cadeira parou longe, por muito pouco não a jogou sobre a bancada do bar, o que lhe traria mais prejuízos caso quebrasse a vidraçaria que embelezava a base de sua construção em "J", com desenhos que lembravam ao período colonial de nossa história. Foi um pensamento besta que me passou, estando eu bagunçado pelo o que esperava acontecer ali, naquele momento, entre os dois irmãos. Miguel era um homem rico, nenhum prejuízo teria... Talvez só o coração dele sairia dali um sujeito cheio de prejuízos.

Minhas sobrancelhas afligiram-se sobre minhas pálpebras.

Paula deslizou-se, sorrateira, para o meu lado esquerdo, com seus olhos avoados ainda com o que vira do casarão por fora, apaixonada pelas avultadas colunas cilíndricas, com detalhes em gesso que coroavam o fuste, onde de cara nos injetava a sensação de que entrávamos num templo. Ela sempre achou as colunas arredondadas mais bonitas que as quadradas que antiquavam a varanda de nossa casa, na fazenda. Vivia pedindo ao nosso pai para que fizesse umas parecidas ali. Seus gostos eram bem idosos, melhor definição até agora que eu tenha encontrado para ela, embora tentasse esconder isso em suas roupas, nas maquiagens e na vida festeira que levava, a verdade, aqui entre nós, é que ela seria uma ótima vovó um dia.