accident;

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Uma viatura havia chegado, o que fez com que Finn soltasse Jack.

─ Idiota. - Jack falou empurrando Finn.

─ Eu não... - Finn começou a falar, mas parou pra olhar a viatura se aproximando.

─ Acham que alguém vai aparecer? - Perguntei.

Nenhum dos dois respondeu, estavam provavelmente perdidos em seus pensando pessimistas.

─ Alguém precisa falar com eles. - Continuei. ─ Contar o que aconteceu.

─ Você tem razão. - Jack falou finalmente, levantando para ir até lá, mas Finn o segurou.

─ É melhor não sair daqui.

─ Tira a mão de mim. - Jack falou afastando a mão de Finn bruscamente.

─ Fala baixo seu babaca. - Finn sussurou. ─ Nenhum de vocês vai até lá. É muito perigoso.

─ Perigoso é ficar aqui esperando pela morte. - Jack respondeu.

─ Não me obrigue a te bater. - Finn falou cerrando o punho, mas continuou olhando para a viatura lá parada.

Ficamos todos em silêncio por um tempo, olhando o carro lá parado, no meio da escuridão. O estranho era que nenhum policial saia de dentro dele, só continuava lá, com as sirenes girando em um hipnotizante círculo vermelho.

─ Por que ninguém sai? - Jack falou, parecendo ler meus pensamentos.

─ Tá. - Falei. ─ Jack, você viu pra onde a diretora foi quando tudo aconteceu?

─ Não. Mas eu sei pra onde a maioria das pessoas foi, talvez ela esteja lá também. - Jack respondeu.

─ Nós precisamos encontrá-la e avisar que tem um carro de polícia aqui. Talvez tenha sido ela mesma que ligou.

─ Vocês não ouviram o que eu falei? - Finn falou de repente. ─ Ninguém sai daqui.

─ Nós temos que ir. - Falei. ─ E se os policiais forem embora? Essa é a única chance que temos.

─ Ninguém vai a lugar nenhum. - Ele afirmou outra vez.

Jack e eu estavamos prontos para contrariar Finn e provavelmente começar uma discussão, mas foi nesse momento que ouvimos galhos se quebrando atrás de nós, na floresta. Eram passos, e estavam se aproximando cada vez mais.

─ Fiquem atrás de mim. - Finn sussurrou se pondo à nossa frente.

─ Eu não preciso de um guarda costas. - Jack falou tentando ver por cima do ombro de Finn.

Finn pegou um galho que estava caído no gramado e segurou com as duas mãos como se fosse um taco de basebol.

Alguns segundos depois um garoto saiu cambaleando do meio das árvores com a testa sangrando em um pequeno corte. Era Jaeden.

Finn soltou o galho. Jaeden olhou pra todos nós, andou mais um pouco e caiu um meus braços, desmaiando.

Jack e Finn se entreolham.

─ Ele... morreu? - Jack falou cutucando Jaeden.

─ Vira essa boca pra lá. - Falei afastando o cabelo de Jaeden de sua testa, pra ver o corte.

─ O que esse idiota estava fazendo lá? - Finn disse olhando pra floresta.

─ É melhor a gente ir. - Falei outra vez, ignorando Finn.

─ Ela tem razão. Aqui não é seguro, o que fez isso com Jaeden pode estar por perto. - Jack falou.

Finn relutou, mas depois de um tempo pensando -e depois de socar levemente o chão- ele concordou. Ele e Jack colocaram cada um, um braço de Jaeden sobre seus ombros enquanto eu fui alguns passos a frente pra ver se estava tudo bem pelo caminho.

─ É ali. - Jack disse depois de um tempo, apontando o dedo. ─ No galpão de ferramentas.

─ Espera. - Finn disse ofegante, enquanto colocava Jaeden no chão. ─ Preciso descansar. Só... um segundo.

Jaeden murmurou alguma coisa depois de um tempo, e em seguida abriu os olhos lentamente.

─ Jaeden. - Falei me ajoelhado perto dele. ─ O que aconteceu? Quem fez isso com você?

─ Eu não... - Ele falou levando a mão até o corte, depois, olhou para a mesma que agora estava manchada de sangue. ─ Porra!

Finn revirou os olhos.
─ Fala o que aconteceu

Jaeden encarou Finn.
─ Eu vi alguém correndo pra lá. Talvez tenha algo a ver com a Mary. Droga... a Mary. Onde o corpo dela tá?

─ Eu não sei cara. A diretora foi a última a ficar lá. - Jack respondeu. ─ Mas a polícia está aqui. Estávamos indo pra lá depois que deixássemos você com os outros.

─ Mudança de planos. - Finn falou. ─ Eles foram embora.

─ O que ?! - Jack e eu falamos juntos, depois corremos para olhar, e o carro já não estava mais lá.

─ É tudo culpa sua. - Jack disse empurrando Finn. ─ Ficou nos atrasando com esse papo de ser perigoso, quando o perigo real era ficar aqui.

─ Que perigo, Grazer? - Finn respondeu com calma.

─ Olha pra esse filho da puta. - Jack gritou apontando para Jaeden.

─ Para de fazer escândalo seu imbecil. - Jaeden sussurrou.

─ Eu acho que você deveria ser um pouco mais agradecido. - Finn falou. ─ Graças a mim estamos aqui agora.

─ Exatamente! Graças a você perdemos a chance de NÃO estarmos aqui. - Jack retrucou.

─ Me diz que tipo de policiais são alertados sobre um homicídio e não saem da porra do carro pra pelo menos olhar? - Finn disse como se aquilo fosse algo óbvio, que já devíamos saber.

─ Está dizendo que não eram realmente policiais? - Perguntei. ─ E como você sabia disso?

─ Isso é besteira. - Jaeden falou. ─ Vamos sair logo daqui. Nos leve até o resto das pessoas, Jack.

─ Você sabe muito bem do que eu tô falando. - Finn disse para Jaeden.

─ E eu disse que é besteira. - Ele respondeu.

Os dois se encararam por um tempo, depois Jack nos levou até o galpão, aonde todos, exceto a diretora estavam.
Nenhum deles disse ter ligado pra polícia, já que de acordo com os mesmos, seus celulares estavam no internato. Perguntamos da diretora e um dos garotos disse tê-la visto perto da árvore do balanço.

Quando fomos até lá a encontramos cavando um buraco no chão com uma pá. Ela estava toda encharcada de suor e suja de terra.

─ Dizem que Mary era sua sobrinha. - Jack sussurou antes de nos aproximamos dela.

A diretora, como já devem imaginar, tinha cavado o buraco para enterrar a garota, que não tinha nenhuma família além dela. Tentamos conversar com ela sobre tudo aquilo, mas nos 10 primeiros minutos ela não disse nada. Depois afirmou que não tinha chamado a polícia, já que de acordo com ela, os fios de telefone tinham sido cortados.

Finn e Jack a convenceram de que simplesmente enterrar um corpo sem avisar as autoridades era uma má idéia, e a levaram para o internato, onde a mesma ligou para a polícia com seu telefone particular, só que encobrindo o fato de ter sido um "assassinato". Dizendo apenas que Mary caiu da escada e acabou batendo a cabeça. Na verdade, era estranho o modo como ela disse isso ao telefone. Era como se ela realmente acreditasse nisso.

Mas não estaria Jack exagerando em sua história? Todos sabiamos como ele era um garoto criativo pra tudo. Talvez ele apenas tenha achado que foi algo a mais, quando na verdade tivera sido só um acidente, certo?

Internato | Finn WolfhardWhere stories live. Discover now