another strange boy;

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Três dias já haviam se passado desde o dia em que toda aquela confusão tinha acontecido. Aparentemente, a palavra de Mary sobre ter certeza de que Finn estava jogando basquete bastou para a diretora, que não ligou pros responsáveis dele. Quanto aos pais da garota, a diretora informou que provavelmente tinha sido algum animal, e eles acreditaram, já que tinham dito que a filha só arrumava esse tipo de confusão.

No entanto, eu não via Finn desde o dia em que Jack e eu fomos falar com ele, e ele disse que iria pra floresta. Era fato pra todo mundo que Finn sempre fazia esse tipo de coisa, sumir quando bem entendia e depois voltar como se nada tivesse acontecido. Mas na realidade, sempre que isso acontecia, alguém aqui e ali sempre acabava vendo ele em algum lugar, afinal eram muitos alunos. Mas não dessa vez.

─ Isso pode até ser bom. - Jack falou, cruzando as mãos atrás da cabeça.

Estávamos sentados em uma mesa que ficava em baixo de uma árvore, perto do internato. Normalmente era um lugar onde os garotos costumavam jogar xadrez, mas nós estávamos apenas discutindo o fato de Finn ter "sumido".

─ Como isso pode ser bom? - Perguntei.

─ Bom pra mim, é claro. Assim eu fico com o quarto só pra mim. - Jack respondeu.

─ Isso não tem graça. - Falei.

─ Você sabia que o Finn tem uma caixinha com uns insetos mortos? - Jack falou como se no lugar dos insetos fosse um humano.

─ Você anda mexendo nas coisas dele? - Perguntei, indignada.

Jack deu de ombros e sorriu.
─ Talvez.

Depois disso o horário pra terceira aula apitou no relógio de pulso de Jack e seguimos para o internato. A aula era artes, e o professor, que adorava essa coisa de "pintura ao ar livre" nos mandou pra fora pra que a gente pintasse "elementos da natureza". Jack, Kate e eu pegamos nossas telas e descemos. Kate estava com uma idéia de pintar umas folhas secas, e Jack achou que a idéia era legal, então fomos para trás do internato, perto da entrada da floresta.

Mas nós não fomos os únicos com essa idéia, porque quando chegamos já havia um garoto lá. Ele era alto e seu cabelo era liso, tinha lindos olhos que não consegui decifrar se eram azuis ou verdes. Ele estava com uma de suas mãos no bolso da calça e com a outra segurava um pincel.

─ Quem é esse? - Jack sussurrou, olhando para o garoto com um olhar meio estranho.

A verdade era que eu não fazia idéia. Ele não era novo, porque eu sempre estava na biblioteca e saberia se alguém novo tivesse chegado nos últimos dias, ou se eu não tivesse visto com certeza Kate me falaria. Mas então quem era ele e por que eu nunca tinha visto antes?

─ Eu vou falar com ele. - Jack falou dando um passo a frente, mas Kate segurou a gola de seu uniforme o puxando de volta.

─ Acho melhor não. - Ela disse. ─ Vamos pra outro lugar.

─ Que? Por que? Quem é ele? - Perguntei.

─ Ninguém. Só vamos. - Kate falou enquanto estranhamente se apressava pra sair dali.

Que coisa estranha. Pensei. Kate não era assim. Normalmente, ela sempre esclarecia todas as minhas dúvidas sobre tudo, mas então por que ela estava agindo desse jeito?

Eu estava observando Kate juntar seus materiais de pintura enquanto pensava sobre isso, mas então ela desviou seu olhar para atrás e de mim e soltou um gritinho abafado.

Me virei e então no meu campo de visão estava Jack, estendendo a mão para o garoto.

─ Oi me chamo Jack, qual o seu nome? - Ele disse.

O garoto olhou para Jack, depois deu um breve risinho de canto e então voltou a atenção para sua pintura.

─ Vamos Jack. - Falei ao me aproximar. ─  Kate disse que tem um lago aqui perto.

─ Ei, eu to falando com você. - Jack falou para o garoto, me ignorando.

─ Jack, vamos. - Falei entre dentes.

O garoto riu mais uma vez, sem olhar para nós, enquanto continuava a pintar.

─ Me chamo Jaeden, se é tão importante pra você saber. - Ele disse de repente.

Jack abriu a boca para responder, mas o garoto chamado Jaeden completou, antes mesmo que Jack pudesse falar :

 ─ E você deve ser o garoto que não para quieto.

─ O que ? - Jack falou parecendo que iria socar o garoto ali mesmo.

─ No entanto, eu não sei quem é você. - Jaeden falou olhando para mim, com um certo interesse estranho.

─ Eu me cham- Comecei a falar, mas Jack interrompeu.

─ Nós já vamos. - Ele disse me puxando.

Jaeden ficou parado nos encarando, até que saíssemos de seu campo de visão.

─ Que merda foi essa? - Falei quando estávamos longe.

─ Esse com certeza vai entrar na mesma lista de garoto estranho que o Finn. - Jack falou.

─ Por que ?

─ Você não viu o que ele estava pintando ?

─ Não.

─ Tinha um garoto cheio de sangue no meio de umas árvores. - Jack falou. ─ Me deu calafrios.

Depois, caminhamos de volta até onde a turma toda estava. Jack me disse no caminho que pensando melhor, o garoto da pintura de Jaeden parecia com o Finn.

─ Mas o sangue parecia ser dele ou...? - Perguntei

Jack deu de ombros.

O professor chamou todo mundo um tempo depois, Jack e um menino com quem tinha feito amizade estavam andando um passo a minha frente, rindo de alguma coisa que Jack tinha dito. Os dois entraram, mas eu fiquei parada na porta. Será que Jaeden sabia alguma coisa sobre o Finn? Isso podia ser bobagem, mas de alguma forma, cooperou pra que eu ficasse realmente preocupada. Jack percebeu que eu não estava andando e então me chamou :

─ (s/n), você vem?

Olhei pra floresta atrás de nós mais uma última vez naquele dia e pensei em como queria que Finn surgisse ali de repente, como da ultima vez. E então, entrei.

Internato | Finn WolfhardOnde histórias criam vida. Descubra agora