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NEM ACREDITO 60ºCAPITULO OBRIGADO A TODAS QUE ACOMPANHAM A FIC :) ESPERO QUE CONTINUEM...

MUITO OBRIGADO, LEIAM, CHOREM E COMENTEM :3

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Miley Cyrus – The Climb

I can almost see it

That dream I'm dreaming.

But there's a voice inside my head saying

You'll never reach it

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Depois de decorar a loja com o Harry, tanto eu como ele viemos cada um para sua casa, e apesar de já ser tarde e de eu estar um pouco cansada, quando cheguei a casa não consegui adormecer. Por mais voltas que desse na cama eu simplesmente não conseguia dormir, por isso andei ás voltas pela casa.

A tentar arranjar um motivo suficientemente bom que me fizesse voltar para a cama e finalmente poder dormir o meu merecido sono, mas nada acontecia, quanto mais andava pela casa mais o sono parecia desaparecer.

E como sempre eu acabava a pensar em toda a minha vida e a lutar para que as lágrimas não caíssem mais uma vez, e me fizessem pensar no quão fraca eu era por mais uma vez me estar a lamentar de todos os males da minha vida.

Enquanto andava pela casa, eu vi-me pela primeira vez em meio ano parada á frente da porta do quarto do meu pai, por mais que me tentasse mexer eu não conseguia, era como se alguém estivesse a comandar o meu corpo e não me deixasse sair dali.

Não me importei quanto tempo estive olhar para a porta, nem me importei pelo facto de no dia seguinte tinha que ir trabalhar…a única coisa que me passava pela cabeça era o que estaria para lá daquela porta e se eu estaria psicologicamente preparada para ir em frente e entrar….

Não sei se valia a pena, nem sequer conseguia pensar nos prós e contras de eventualmente poder entrar e causar a mim própria mais danos do que aqueles que eu já tinha. Sim porque os danos físicos podiam ser corrigidos, com palavras bonitas ou até mesmo com maquilhagem ou outra coisa qualquer, mas os danos psicológicos que eu tinha na minha mente, esses iriam-me acompanhar para toda a minha vida e nada nem ninguém me iria conseguir separar deles por mais que tentassem.

Era tudo um ciclo, demasiado vicioso para ser experimentado, uma vez que se está marcado nunca mais se pode voltar atrás porque todas as acções irão ter consequências, todas as pessoas vivem as suas vidas esperando pelas consequências dos seus actos e bem pelos vistos esta era a minha vida e estas eram as minhas consequências…ainda que não tenha sido eu a tomar as decisões era eu que estava agora a sofrer as consequências que não podiam ser mudadas de maneira alguma.

Uma vez mais o meu corpo pareceu ganhar vontade própria e eu não me consegui impedir a mim própria de levar a mão á maçaneta da porta e de abri-la, fiquei parada a observar tudo da ombreira da porta, as paredes, o chão, a cama, as almofadas, todos aquelas pequenas lembranças afixadas na parede do quarto, estava tudo exactamente no mesmo sítio…

Havia memórias a passar pela minha cabeça a cem á hora, e eu não conseguia impedir nada, a única coisa que conseguia fazer era fechar os olhos para que não me custasse tanto reviver tudo isto, parecia como uma dor de cabeça que nunca acabava e que cada vez piorava mais, eu só queria acabar com tudo isto de uma vez por todas.

A muito custo dei um passo em direcção ao quarto, quando estava lá dentro olhei á minha volta e tentei fazer de tudo para não chorar, não podia ser fraca, tinha que ser a pessoa forte que todos achavam que eu era. As estantes de livros penduradas na parede, estavam desarrumadas como sempre estiveram, o meu pai não gostava de ver os livros arrumados porque achava que assim significava que eles não tinham uso e para ele isso era impossível uma vez que ele era a pessoa que eu conheço que lia mais livros.

Para além de todos aqueles livros nas estantes havia ainda um sozinho de parte em cima da mesinha de cabeceira, ‘Cartas de Guerra – D’este viver aqui neste papel descripto’ aos poucos e poucos fui aproximando-me dele e quando lhe peguei senti logo o cheiro do meu pai o que fez com que as lágrimas caíssem finalmente como uma lufada de ar fresco. Abri o livro na página marcada, havia palavras sublinhadas por todo o livro por isso comecei a ler…

‘7.4.1971

Meu amor querido

Adoro-te minha gata de Janeiro meu amor minha gazela meu miosótis minha estrela aldebaran minha amante minha Via Láctea minha filha minha mãe minha esposa minha margarida meu gerânio minha princesa aristocrática minha preta minha branca minha chinezinha minha Pauline Bonaparte minha história de fadas minha Ariana minha heroína de Racine minha ternura meu gosto de luar meu Paris minha fita de cor meu vício secreto minha torre de andorinhas três horas da manhã minha melancolia minha polpa de fruto meu diamante meu sol meu copo de água minhas escadinhas da Saudade minha morfina ópio cocaína minha ferida aberta minha extensão polar minha floresta meu fogo minha única alegria minha América e meu Brasil minha vela acesa minha candeia minha casa meu lugar habitável minha mesa posta minha toalha de linho minha cobra minha figura de andor meu anjo de Boticelli meu mar meu feriado meu domingo de Ramos meu Setembro de vindimas meu moinho no monte meu vento norte meu sábado à noite meu diário minha história de quadradinhos meu recife de Manuel Bandeira minha Pasargada meu templo grego minha colina meu verso de Höderlin meu gerânio meus olhos grandes de noite minha linda boca macia dupla como uma concha fechada meus seios suaves e carnudos meu enxuto ventre liso minhas pernas nervosas minhas unhas polidas meu longo pescoço vivo e ágil minhas palavras segredadas meu vaso etrusco minha sala de castelo espelhada meu jardim minha excitação de risos minha doce forquilha de coxas minha eterna adolescente minha pedra brunida meu pássaro no mais alto ramo da tarde meu voo de asas minha ânfora meu pão de ló minha estrada minha praia de Agosto minha luz caiada meu muro meu soluço de fonte meu lago minha Penélope meu jovem rio selvagem meu crepúsculo minha aurora entre ruínas minha Grécia minha maré cheia minha muralha contra as ondas meu véu de noiva minha cintura meu pequenino queixo zangado minha transparência de tules minha taça de oiro minha Ofélia meu lírio meu perfume de terra meu corpo gémeo meu navio de partir minha cidade meus dentes ferozmente brancos minhas mãos sombrias minha torre de Belém meu Nilo meu Ganges meu templo hindu minha areia entre os dedos minha aurora minha harpa meu arbusto de sons meu país minha ilha minha porta para o mar meu manjerico meu cravo de papel minha Madragoa minha morte de amor minha Ana Karénine minha lâmpada de Aladino minha mulher.’

 

Nem sequer tentei parar as lágrimas porque mesmo que quisesse não iria conseguir quando bem no fundo da página eu vi umas pequenas letras que diziam:

 

Espero que saibas que te amo muito meu amor…

És a minha vida e para ti sublinhei todas estas palavras…

….que não chegam para dizer o quanto eu te amo

Paixx

Nesta altura eu soube que ninguém, nem nenhuma terapia me podia ter feito melhor do que estas  poucas e pequenas palavras do meu pai.

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Anaxx

Tá uma merda eu sei mas não tive tempo porque tive teste a matemática hoje e vou ter sexta a filosofia :(

O livro é verdadeiro existe mesmo fiquei a conhece-lo no outro dia quando estive numa apresentação de uma professora, ela leu pequenos excertos e choreiiiiii muito SOU SENSIVEL

Espero que gostem :)

Abandoned || H.S.Where stories live. Discover now