9. Mais uma dose de café forte

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Dora aquecia a água da máquina de café, colocou a cápsula e pronto saiu seu expresso. Dora gostava do seu café bem forte e quente. Miguel veio por trás e a abraçou. Ele adorava fazer visitas para Dora no seu trabalho e, é claro, que queria estar junto dela a maior parte do tempo.

-Só podia ser você! Que susto você me deu! -Dora sorria.

Miguel ficou subitamente sério:

-Eu não quis assustá-la, eu...

-Calma, Guel. Foi um susto bom.

Dora o beijou suavemente e perguntou:

-Quer um café?

-Claro.

-Como foi com a Lara? -Miguel estava curioso.

-Foi interessante.

-Gostou?

-Gostei. Acho que ela pode me ajudar.

-Ela é uma excelente psiquiatra, sempre se destacou na faculdade -Miguel se empolgava quando falava sobre sua grande amiga -Ela vem de uma família de psiquiatras e psicólogos. O pai dela é livre-docente em psiquiatria na USP e por muito tempo foi presidente do conselho diretor do IPq.

-IPQ?

-Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas. O avô dela foi um psiquiatra muito famoso e respeitado. Eu confio nela. São poucos médicos nos quais eu realmente confio, ela é uma. Tenho certeza que fará bem a você, meu anjo. Você sabe que quero o melhor para você.

-Isso será interessante - disse Dora com um sorriso de canto de boca.

Miguel segurou nas mãos de Dora e as beijou.

-Meu anjo, vamos dar uma volta no shopping?

-Agora?

-É. Você consegue fazer um intervalo?

-Consigo, sim. Deixa só eu avisar as meninas.

Dora voltou rapidamente com um sorriso nos lábios:

-Vamos, Guel?

Miguel beijou Dora nos lábios rapidamente e saíram da loja de mãos dadas. Foi ideia de Miguel pararem para tomar mais um café. A garçonete trouxe os expressos acompanhados de pequenos biscoitinhos em formato de estrelas ao lado das xícaras e de pequenos copos d'água e se foi.

-Guel, eu quero te contar mais uma coisa.

-É sobre meu ex-namorado.

-O que foi, Dora? -perguntou Miguel apreensivo.

-Eu vi o irmão do meu ex-namorado, o Fernando, morrer. Sua morte foi mesmo estranha.

-Como foi? -quis saber Miguel, já aflito.

-Calma, eu chego lá -respondeu do seu jeito calmo, colocando as mãos sobre as de Miguel que estavam em cima da mesa- Bom, a família do Antônio sempre teve dinheiro. Eles mantinham um yacht em Angra. Era costume passarmos o final de semana lá. Fazíamos passeios de barco. Era gostoso. Fernando adorava nadar. Sempre que ancorávamos perto de alguma ilha o Fernando dava suas braçadas. Uma vez, ele saiu para nadar, e, como não voltava, fomos ver o que estava acontecendo e encontramos o corpo dele inerte, boiando. Ele estava morto. Foi horrível e muito estranho. O mar estava calmo. Ninguém entendeu.

-É por isso que aquela mãe que eu conheci não acredita que ele tenha se afogado?

-É. A Clarice ficou muito abalada com o que aconteceu, quase perdeu a cabeça. A família nunca mais foi a mesma. -Miguel fez cara de que não sabia quem diabos era Clarice e Dora adivinhou seus pensamentos e disse: - Clarice é o nome da mãe, Guel.

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