Capítulo Quinze | Parte II

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“Ele vê o teu sorriso quando você quer chorar, Ele vê o teu silêncio quando você quer falar, Ele sabe exatamente o tamanho da ferida que fizeram em você.”
Samuel Mariano

ELISE

— Tudo bem, vamos recapitular — falo, agachada na frente de Lena e a encarando firmemente. — Quando chegarmos no parque, você não irá...

— Soltar a mão da mamãe em momento algum.

— Certo. E nada de...

— Falar com estranhos — ela me interrompe mais uma vez, sua voz transparece sua impaciência e ansiedade. — Eu já sei, mamãe! Podemos ir?

— Lise, amiga, se acalme, a Mile é uma boa menina, não irá desgrudar de você! — Lya intervém, pondo a mão em meu ombro.

Suspiro, ela tem razão. Mas o meu lado superprotetor que descobri assim que me tornei mãe não me deixa ficar relaxada, e o fato de estarmos indo para um local completamente movimentado só aumenta minha preocupação.

Me levanto e autorizo a ida de Milena para ir se encontrar com os outros na sala, ela sai praticamente correndo.

— Eu tenho medo de, no meio de tanta gente, ela acabar se perdendo.

— Eu sei, mas relaxa, ok? Estarei de olho nela também. — Ela pisca para mim, tentando me tranquilizar.

— Não tenho tanta certeza disso, você quando está entretida em algo não consegue prestar atenção em mais nada — brinco com um leve sorriso.

— Ei!

— Meninas, está na hora, vamos? — Martha surge no cômodo, Lya assente saindo do quarto em seguida. Olho para a mais velha parada no batente e solto o ar. — Anime-se, querida, você irá se divertir.

Martha tinha me convencido a ir, na verdade, ela deixou claro que não aceitaria um "não" como resposta e que não preciso preocupar-me com a questão do dinheiro, pois ela irá pagar a minha e a parte de Milena. Então, não tive outra saída a não ser aceitar.

Analiso as minhas vestes e sigo Martha para fora do cômodo. Ao entrarmos na sala, vemos o grupo que está evidentemente animado e, presenciando toda essa alegria, me sinto uma velha de oitenta anos.

Não demoramos a sair da residência. O combinado foi o mesmo que o do almoço de domingo: Derick, Milena e eu de táxi e o restante do grupo de carro com Lya. E quem mais influenciou nessa decisão foi Lena.

No momento, estamos no carro a caminho do parque. Dessa vez, Derick quis chamar o Uber, eu não opinei, pois por mim iríamos até de ônibus, o que seria mais econômico, mas, como minha opinião não vale de nada nessas horas, me limitei apenas a assentir com a cabeça.

Suspiro, já impaciente, ao flagrar pela terceira vez o motorista me olhar pelo retrovisor interno. Desde que entramos no automóvel, ele está me comendo com os olhos e não faz o mínimo esforço para disfarçar, o que está começando a irritar-me.

Derick percebe minha inquietação e me olha inquisitivo. Sua atenção recai sobre o homem que conduz o veículo e então ele compreende o motivo do meu desconforto. Antes que eu diga algo, Derick se manifesta.

— Poderia parar de olhar para ela desse jeito? — seu pedido soa mais como uma ordem, o tom de voz sério igualmente à sua expressão. O homem arregala os olhos ao ser pego em flagrante e rapidamente volta sua atenção para o trânsito.

— Desculpe, senhor — o homem diz com um tom meio constrangido.

Olho para Milena ao meu lado e esta continua jogando no meu celular, alheia ao que acontece a sua volta. Por fim, encaro Derick, mas este está olhando para a janela ainda com o semblante sério.

Mais Uma Chance | Completo [1° Versão] Onde as histórias ganham vida. Descobre agora