Capítulo 11

897 54 2
                                    

"O Drew me disse que você dirigiu muito bem até." Jenny sussurrou para mim enquanto o professor não olhava.

"Você está utilizando ironia que eu sei."

"Sério! Pra quem nunca dirigiu na vida até que você não foi mal."

"Eu fiquei um pouco nervosa." Admiti. Faz alguns dias que eu não converso com ela propriamente. Ela não sabe sobre Ashton e nem de eu ter passado a noite no hospital com Luke e sinceramente tenho receio de contá-la tudo isso. Muita coisa pra processar.

"Relaxa, o Drew não vai fazer nada com você." Ela riu baixinho enquanto o professor dava as últimas explicações para assim podermos ir embora.

"Eu sei que não." Andrew podia ser um pouco intimidador, talvez muito. E eu fico desconfortável perto dele, mas eu sei que ele tem boas intenções apesar de tudo.

"Foi..." Mas o sinal me interrompeu, indicando o fim do período de aulas. Esperei até sairmos da sala para prosseguir com a minha fala. "Foi interessante." Conclui.

"Me diz que ele foi um babaca com você."

"O quê? Por quê?" Por que raios ela iria querer que ele tivesse sido um idiota?

"Seria mais fácil se ele tivesse sido. Assim você poderia odiá-lo e finalmente ficar com Luke." Isso me pegou tão de surpresa que parei no meio do corredor movimentado, causando trânsito e alguns veteranos estressados me xingando.

"O quê?" Repeti.

"Por que ele tem que ser legal?" Jenny continuava tagarelando e eu tive que correr um pouco para alcançá-la. Toquei em seu ombro e ela finalmente parou de falar.

"Você quer que eu fique com o Luke?" Perguntei.

"Óbvio." Ela revirou os olhos para mim."Mas isso não importa. Me diz o que eu preciso saber sobre os últimos dias  em que não nos falamos."

"Bom, eu beijei o Ash, mas tive que sair correndo por causa do Luke e agora acho que eles brigaram, porém Luke me garantiu que não. E, Ah! Eu vou sair com o Ash amanhã também." Tomei fôlego após soltar tudo, deixando de fora o motivo de eu ter ido atrás do Luke. É algo pessoa demais para sair contando por aí.

"Ual." Jenny arregalou os olhos. "Você ainda gosta dele não é?"

"Acho que eu não o superei mas ainda gostar é algo muito precipitado, na minha opinião." Admiti.

"Mas você definitivamente sente algo por Luke."

"Não sei." respondi honestamente.

"Eu sei que a qualquer momento o Luke vai aparecer para te levar na lanchonete, então vou falar a minha opinião rapindinho." Assenti com a cabeça para que ela continuasse. "Eu sou time Hills."

"Time Hills?" Indaguei fazendo uma careta,

"Hemmings e Mills. Fica melhor que Lannah." Ela acenou para mim e partiu. Jenny sempre gostou de inventar apelidos para os casais que ela acha que deveriam ficar juntos. O meu com o Ash é Hash, por exemplo.

Deixei o que precisava no armário e fui a procura de Luke.

---

"Eu ainda acho que você vai ficar gripada."

"Vou nada."

"Você é basicamente movida a sorvete."

"Bem isso."

"Se eu cortasse o seu braço agora provavelmente escorreria sorvete ao invés de sangue." Está tão frio hoje que apesar de estar usando várias blusas, eu não sinto praticamente nenhum membro do meu corpo.

"Seria bem legal pra falar a verdade." Respondi casualmente, imaginando a cena.

"Você ficaria sem um braço." Ash argumentou, usando o final do manga de sua blusa para cobrir sua mão.

"Mas ganharia sorvete de graça." Conclui sorrindo.

"Isso eu posso te dar." Parei de andar por um momento e o olhei. Seu nariz estava levemente rosado e seu olho já nem estava mais tão roxo devido a briga.

"Olha que eu vou cobrar." Disse quando percebi que fiquei o encarando por tempo demais.

"Combinado." Ele riu e apontou para um banco vazio no meio do parque, indicando que nos sentássemos lá.

"Essa merda está muito gelada." Ele xingou já se levantando em um pulo.

"Para de ser fresco." Brinquei, mas realmente estava gelado.

"Sério! Minha bunda vai congelar!" Reclamou.

"E o que você quer que eu faça? Ceda o meu colo para você sentar?" Eu perguntei ironicamente, mas depois que vi seus olhos arregalarem, me arrependi profundamente. "Ah não." 

Tentei me levantar, mas ele foi mais rápido e sentou-se em mim soltando todo o seu peso.

"Agora sim." Ele sorriu para mim, vitorioso.

"Tenho certeza de que isso deveria ser ao contrário. Estamos indo contra as leis de filmes românticos."

"E quem disse que somos normais?" Rolei os olhos.

"Você quase deixou o meu sorvete cair." Mas ele me ignorou.

"Eles não param de olhar para cá." Ash apontou com a cabeça para um grupo de meninos a alguns metros de distância de nós.

"Acho que nós estamos os deixando desconfortáveis."

"Ainda não, mas até que seria um bom plano."

"Ok Ash, e o que faremos para isso acontecer?" Eu olhei-o diretamente, o pequeno espaço entre nós me deixa levemente nervosa e desconfortável. Ele estudou bem o meu rosto e eu um rápido movimento roubou-me um beijo.

Eu quis me separar dele nesse momento, mas ele ainda está sentado em cima de mim. Eu não me senti exatamente a vontade, mas também longe de estar péssima. Sonhei por tanto tempo que ele me beijasse novamente, que esqueci de considerar que a razão me fizesse querer ficar com um pé para trás.

"Viu? Demonstração de afeto em público deixa as pessoas constrangidas." Ele afastou seu rosto do meu, mas permaneceu sentado.

"Realmente." Aqueles meninos já tinham ido embora antes mesmo de eu notar.

"O que você quer fazer?" Ash me perguntou, suas bochechas estavam um pouco coradas e seu rosto automaticamente se tornou mais jovem, mais vivo.

"Não faço ideia."

"Você quer subir em uma árvore?"

"O quê? Não!" Que tipo de pergunta é essa?

"Quer comer?" Olhei para as minhas mãos e percebi que o pequeno pote de sorvete ainda estava nelas, mas vazio.

"Não, eu ainda estou cheia." Ele se ajeitou de modo que ficasse com uma perna em cada lado do meu corpo, e pôs o pote ao lado e segurou minhas mãos.

"Não é possível! Estamos em um encontro, não tem nada que você queria fazer?" Ele me olhava quase suplicando para que eu desse alguma sugestão.

"Eu passo a minha bola pra você." Tentei soltar as minhas mãos de seu aperto, mas foi em vão.

"Como assim?" Ele conduziu meus braços até as suas costas, para que eu o abraçasse e ele fez o mesmo comigo.

"A gente faz o que você quiser." Dei de ombros.

"Você não quer que façamos o que eu quero." Ashton sorriu de lado, abobalhado.

"Você usou drogas?" Perguntei.

"Não."

"Bebeu?"

"Não."

"Está saindo comigo por causa de alguma aposta?"

"Você sabe que não." Ele balançou a cabeça.

"Então não tem por que não fazer o que você tem em mente." Seus olhos se focaram em minha boca antes de falar qualquer coisa.

"Então eu vou te beijar."

Ultimatum | l.h.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora