Ultimatum | l.h.

Capítulo 29 - parte 7 (final)

Antes que pudesse me deter, apertei a campainha. Ouvi passos por trás da porta e esta se abriu, revelando ninguém menos que o merda do Matt.

"Mano, pra que fazer barulho desse jeito? Era só ter mandado mensagem pra eu abrir a porta." Ele teve a audácia de dizer.

Me peguei pensando se eu e ele não vivemos em dimensões diferentes, já que não entendo absolutamente nada que ele queira dizer.

"Como eu ia saber? E por que misericórdia você tem meu número?" Franzi a testa, na região da glabela, e subconscientemente o cenho.

"Isso é história pra depois. Entra logo cáspita!" Se tinha uma coisa que nunca imaginei em Matt (não que eu tivesse o tempo ou vontade de pensar muito sobre tudo o que aconteceu essa tarde) era que ele fosse de família italiana. Calum namorou uma italiana, por isso reconheci o xingamento.

Relutante, entrei no apartamento, esperando encontrar imediatamente com Hannah, mas não foi o que aconteceu. Ao invés disso, dei de cara com seus pais, que pensei que estariam me olhando com cara de reprovação, mas, de verdade, se eu for bem sincero, eles parecem até... aliviados.

"Ah, finalmente!" Theresa, a mãe de Hannah, exclamou e veio correndo para me abraçar, confirmando o que eu achava. Será que eu perdi alguma coisa?

"Estávamos esperando por você, Luke." Jared falou enquanto se levantava para ficar ao lado de sua mulher. Os dois sempre muito amáveis. São os pais que eu nunca tive.

"O que está acontecendo?" Perguntei genuinamente perdido com tudo. O fato de eu estar naquela casa, na qual não entrava há meses (por mais que Tessa e Jared tentassem me convencer de visitar sempre que quisesse) e ter uma recepção dessas me deixou lisonjeado e espantado ao mesmo tempo.

"Ah Luke, querido. Você tem muito do que se informar." Tessa deu o sorriso de mãe que sempre dava à sua filha, quando me via em cima dela por causa de uma guerra de travesseiros. Era o tipo que queria sentir pena do que estava acontecendo, mas lá no fundo achava graça. Sei disso porque logo depois, certificando-se de que Hannah nunca estava olhando, ela dava uma leve piscadela pra mim.

"Onde ela está?" Meu coração não ia aguentar mais um segundo sem vê-la.

"Em seu quarto." Matt me respondeu com um bom humor que parecia nunca sair de seu corpo.

"Luke, só uma coisinha antes." Jared pôs uma mão em meu ombro, me impedindo de continuar a andar. "Saiba que ela mudou. Pega leve com ela." Ele deu um sorrisinho. Eu pegar leve com ela?

"Ela passou por um momento muito difícil quando saiu daqui." Ele continuou a dizer e a cada palavra que proferia, um pedaço de meu coração ia se despedaçando. Só de imaginá-la infeliz me fazia querer socar a todos que causaram isso, principalmente a mim.

"Jar, pare de assustar o menino!" Ela se virou a mim. "Ande Luke, estaremos aqui se precisar." E apenas assentindo com a cabeça, fiz meu caminho até seu quarto, respirando fundo antes de qualquer outra coisa.

Bati de leve na porta, mas ninguém respondeu. Decidi que já que fui até lá, deveria também simplesmente abrir a porta. E foi que fiz. Encontrei-a dormindo de bruços, toda esparramada pelo que assumi ser sua nova cama de casal, já que não me recordo de te-la visto antes.

Fechei a porta e me direcionei com a maior calma do mundo até seu lado. Retirei meus tênis, e me ajeitei no espaço sobrando, tomando muito cuidado para não acordá-la. Seu rosto estava virado para mim e me lembrei da serenidade com que dormia, ao oposto do dia a dia, quando uma carranca tomava seu lindo rosto. Mas era isso que mais gostava nela. O fato de ela parecer completamente durona por fora, mas capaz de também ser a pessoa mais sentimental que existe quando queria.