Capítulo 2

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Lívia

Estava paralisada em meu lugar, simplesmente não podia acreditar no que meus olhos viam.

Parecia que tinha sido colocada dentro de uma cena de um filme no qual Bia era a diretora e falava em meu ouvido: ele é santo demais, perfeito demais, compreensivo demais. As palavras dela eram só o que vinha na minha mente no momento.

Otávio estava por cima de uma mulher, a qual eu não conseguia ver o rosto, porque estava de costas para ele, de quatro, e ele segurava seus cabelos, puxando-os e cavalgando-a como um cão no cio.

Eu continuava ali, vendo aquela cena, imóvel. Ainda não notaram minha presença, e de repente, um grito agudo invade o ambiente.

Só aí me dou conta de que o grito parte de mim. Continuo ali parada, com as mãos em minha boca, para abafar um outro som que já estava escapando. Os dois me olham imediatamente após o som, atônitos, quer dizer, Otávio estava em pânico. Já a cadela, estava até tentando disfarçar um sorrisinho.

Vagabunda, ordinária!

Na minha cabeça, começam a passar mil coisas ao mesmo tempo, palavras não se formam, está muito difícil assimilar a cena que vejo diante de mim.

Otávio sai de cima da mulher e se afasta o máximo que consegue, e assim que o faz fica completamente paralisado em seu lugar com os olhos que só transmitiam desespero, já a vagabunda estava de plateia, admirando a cena. Ele ameaça seguir em minha direção e o detenho com um movimento de mão. E só agora, começam a se formar palavras em minha boca.

— Como pude ser tão cega? Tão idiota? E pensar que eu vim aqui para te fazer uma surpresa e enfim termos a nossa primeira noite juntos!

Solto aos gritos, enquanto continuava parado me olhando, seus olhos azuis cheios de lágrimas.

— Como você teve coragem de fazer isso comigo? Eu tenho nojo de você! Você estava se fazendo de santo esse tempo todo, para quê? Não era obrigado a ficar comigo, por que me trair? Se não queria mais, por que não terminou? — exijo aos gritos.

Não responde, continua lá parado, e a loira falsa, vagabunda, solta o riso que estava segurando.

— Guarda para a próxima trouxa que você encontrar, vai te poupar tempo e dinheiro — falo, tirando a aliança e jogando na cara dele.

Ainda não responde, só fica parado me olhando, sem se preocupar em esconder as lágrimas que corriam pelo seu rosto.

A ânsia toma conta de mim, precisava sair daqui o mais rápido possível, mas minhas pernas não obedeciam a esse comando, estavam como se tivessem sido congeladas ao chão. Então, uso toda a raiva que estou sentindo como combustível e, enfim, começo a caminhar para a porta.

— Só mais uma coisinha: vai se foder! — grito antes de bater a porta atrás de mim, o que não me impede de ouvir seu grito em resposta.

— Lívia!!!

Corro em direção aos elevadores e aperto o botão em total desespero, minhas mãos e pernas com os mesmos sintomas de quando eu cheguei há pouco, mas agora o motivo não era mais ansiedade, e sim, ódio. Escuto o sinal do elevador no mesmo instante em que vejo Otávio, que continua nu, correndo atrás de mim pelo corredor. Entro apressada, mas ele segura as portas, fazendo menção de entrar atrás de mim, e só para no momento em que parece se dar conta de que está nu. O olho com um misto de repulsa e asco, então ele libera as portas que, enfim, se fecham.

Fecho os olhos e encosto na parede gelada do elevador, que nesse momento é um refrigério. Busco conseguir o controle e me lembrar de como se respira. Precisava me acalmar um pouco, teria que chegar em casa.

A Missão Agora é Amar - missão bope 1Where stories live. Discover now