A verdade sempre aparece

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Acordo de repente com a pulsação acelerada e assustada. Estou com algum tipo de medicação injetada no braço e em uma sala branca. Em menos de um minuto, Sara aparece. Pelo menos um rosto conhecido. Respiro aliviada, mas ainda estou assustada.

- Sabia que você é muito dura na queda? - Ela ri, debochando de mim. Sara está com uma prancheta na mão, preenchendo alguma coisa e com jaleco.

- Estamos no hospital? - Ainda meio dopada, pergunto a ela para poder me situar e ela continua rindo de mim. - O que aconteceu? - Só me lembro de não estar me sentindo bem e discutindo com... – Espera, cadê o Lorenzo?

Sara continua caindo na gargalhada e eu começo a me sentir nervosa e levemente com raiva.

- Você está toda ruim aí e está pensando no Lorenzo? Isso é que é amor, amiga. - Reviro os olhos em reprovação.

- Cala a boca, Sara. - Eu acabo rindo, me entregando às bobeiras dela. - Agora pode me explicar o que aconteceu?

- Você está tão confusa e tão dentro desse assunto de vingança mais amor de Lorenzo com Daniel no meio e ciúmes, que acabou ficando com pressão alta e teve um ataque tão histérico que acabou desmaiando. Nada demais. E só somou com seu estômago vazio e umas cervejas que tomamos ontem. - Eu bufo, relaxando na cama e revirando os olhos.

- Graças a Deus. Já estava pensando que...

- Não, Olívia. Você não está grávida. Você esqueceu que você não pode mais ter filhos depois daquele episódio? - Meu peito dói ao ouvir isso, mas eu sei que é verdade. Eu já tinha aceitado e me convencido, mas desde que Lorenzo voltou para a minha vida, esse pensamento vem me atormentado com as lembranças.

- Mas eu nem falei nada. Estraga prazeres. - Eu levo na brincadeira e ela ri. Mas já ouviu falar: "Toda brincadeira tem um fundo de verdade?" Pois é.

- Seu Romeu está lá fora esperando por você. - Ela diz como se perguntasse o que ela deveria fazer. Vou continuar com o pensamento que devo me afastar dele.

- Se livra dele pra mim, por favor. - Eu digo fechando os olhos. Ela assente com um "arrã" e sai da sala.

Depois de algumas horas de estabilidade da minha pressão, recebo alta e sou liberada. Sara me dá o recado que Lorenzo pediu para eu ligar para ele, mas não vou ligar. Quanto mais longe dele eu ficar, melhor. Se eu não achasse o trabalho dele bom e não pensasse nas crianças dele, ele já estava na rua.

Ao chegar em casa, me deparo com um vaso de orquídeas e um bilhete de Lorenzo: 

"Oi Olívia, eu sou ruim com flores, mas eu acho que as orquídeas combinam com você por significarem beleza feminina... Melhoras e me ligue se precisar de algo. Não me dê mais esse tipo de susto. Se cuida, Lorenzo Albertini." 

Meu coração dispara mais uma vez, não posso nem ler o nome desse homem que meu mundo vira de cabeça pra baixo. Lembro-me da primeira florzinha que ele me deu na escola e acabo sorrindo pela lembrança, mas logo volto aos dias atuais. Daniel também me ligou, espero que ninguém tenha visto como eu salvei o número dele no meu celular. Será que eu devia ligar para ele?

- Alô?

- Olívia, como você está? Está tudo bem? Soube que você teve algum problema de saúde. Está em casa? - O tom de voz dele parece preocupado e descontrolado.

- Daniel, está tudo bem. Foi só um pico de pressão, um problema de família. Muita coisa na cabeça. Mas já estou em casa, vou repousar hoje e amanhã.

- Graças a Deus. Quer que eu vá para aí?

Dou uma risada incrédula.

- Daniel, você está do outro lado do oceano. Fique onde está. - ele bufa decepcionado.

Tudo que vai, voltaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora