Words

503 24 1
                                    

“Sempre disse que as palavras são como balas. Lançadas a velocidades inquebráveis, sem medos, sem receios, sem arrependimentos, sem nunca mudar de direcção, com apenas um objectivo… Atingir um alvo.

As palavras são apenas refúgios para almas perdidas no mundo de quem pode viver.

Com apenas uma palavra, podes fazer alguém viver, podes fazer alguém morrer, podes construir, podes destruir. Com apenas uma palavra, podes salvar ou podes enterrar. Com a mesma palavra, que te podes destruir ou tirar-te da destruição.

Para cada palavra à uma força, essa força que magoa, corrói, destrói, mata… Uma dor tão grande que provocamos aos outros e a nós mesmos, com apenas uma palavra.

Mas, no meio de tantas palavras ditas, por dizer, e por serem inventadas, qual a mais destruidora: Sim ou Não?”

Ouvi o toque de saída, dirigi-me rapidamente para o consultório de Zack, ele tinha de saber que eu andava a ser perseguida por uma menina estranha.

Cheguei.

- Olá Juliette – Ruth cumprimentou-me

- Olá.

- O Zack está lá dentro – ela sorriu – Podes entrar, se quiseres.

Assenti e dirigi-me lá para dentro.

- Então Juliette? – Ele disse enquanto fechava a porta – O que querias falar comigo?

- Zack, eu acho que estou a ficar doida.

- Porquê princesa?

- Tens noção que uma menina morta viva passa a vida atrás de mim?

- O quê? – Ele disse olhando-me seriamente

Contei-lhe tudo, a primeira vez que a vi, que a ouvi, o seu aspeto… Ele escreveu tudo no seu bloco branco.

- Juliette… - Ele suspirou – Nós temos um problema.

- Que se passa Zack?

- Esquizofrenia – Ele levantou-se – Isso faz parte dessa doença, ver coisas, ouvir, criar um mundo na tua cabeça paralelo ao nosso.

- E que eu faço? – Dirigi-me até ele – Eu não quero vê-la mais.

- Toma – Ele pegou em uma caixa de comprimidos e deu-mos para a mão – Toma isso sempre que ela ou outras coisas apareçam, toma só um – Acariciou-me o cabelo – Está bem?

- Está Zack, obrigada. – Saí do consultório, pois ele disse que tinha uma consulta.

Fui até um jardim que havia perto da minha casa. Sentei-me num banco, a pensar em tudo o que estava a acontecer comigo. Olhei o céu “Sinto a tua falta, mãe.”

Fechei os olhos, ao sentir algumas lágrimas caírem. Acabei por deitar-me no banco, ficando ali por um bom bocado.

Quando abri os olhos, já estava noite. Olhei para o meu relógio… 23:38h… Ouvi um barulho do outro lado do parque e decidi dirigir-me lá para perceber o que acontecia.

Aproximei-me e vi um grupo de adolescentes, que pelo aspecto, um pouco mais velhos que eu.

Eles riam, gargalhavam, na verdade. Pareciam tão felizes.

Ao pensar nesta ideia, um pequeno sorriso formou-se nos meus lábios.

- Que foi? – Um dos rapazes dirigiu-se até mim.

- Nada – Afastei-me um pouco – Desculpa.

- Não tem problema – Ele meteu o braço à volta do meu pescoço – Temos de aproveitar a vida.

- Porque estás tão feliz? – Eu perguntei

- Estou. – Ele ria sem parar – Mas tu pareces muito triste, queres estar feliz como nós?

- É claro que eu quero – Respondi sem pensar duas vezes.

- óptimo – Ele disse calmamente – Com isto vais estar bem, sem dor, sem tristeza, sem angustia, sem sofrimento...

Sorri ao ouvi-lo dizer isto.

- Queres? – Ele olhou-me enquanto me mostrava a sua mão, cheia de cocaína.

À Procura da FelicidadeWhere stories live. Discover now