Dear mom...

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Querida mãe, faz dois meses que partiste e me deixas-te sozinha. Sabes… as coisas não estão muito bem. O pai fica deitado o dia todo e quando eu lhe peço para sair ele diz que me odeia. Mãe, o pai disse que eu sou um peso na vida dele, ele disse também que não tem de aturar uma filha doente. Sim mãe, eu estou doente. Muito na verdade. Não ficarei melhor…. O pai também se recusou a pagar-me as consultas com o Zack, mas, felizmente, o Zack é a melhor pessoa que eu conheço e continua a falar comigo. A Patrícia saiu de casa, duas semanas depois do acidente. Ela não aguentou ficar aqui. Como eu a entendo… Mãe, a minha vida já não faz sentido. E se eu achava que, antes estava mal, então agora eu estou morta. Eu morri contigo. Mãe… Sinto a tua falta.”

O Zack disse-me que escrever cartas à minha mãe, não me ia ajudar, mas eu fi-lo. Eu precisava sentir que ela ainda estava comigo, de algum modo eu acreditava que ela as lia… Estupidez, não?

Pousei o diário em cima da cama enquanto limpava as lágrimas que caiam em meu rosto. Eram 6 da manhã… Mais um dia de aulas. Como aquilo era um pesadelo.

            Ouvi a campainha, fui abrir a porta.

- Bom dia! – Zack apareceu com um sorriso.

- Bom dia.

- Estás sozinha? – Ele perguntou enquanto pousava um croissant quentinho em cima da mesa da cozinha.

- Não – respondi – O meu pai está no quarto.

- Estás bem? – Ele perguntou-me acariciando-me o cabelo

- Estou cansada – Olhei para o chão – Não dormi muito esta noite.

Agressivamente, ele pegou no meu braço e levantou-me a manga da camisola. Alguns cortes ainda ensanguentados se faziam notar.

- Tu precisas parar com isto – Ele gritou – Tu sabes o esforço que eu estou a fazer para que não sejas internada? – Ele parecia zangado

- Zack… Desculpa – eu comecei a chorar – Eu não aguento perder mais ninguém, tu és a única pessoa que eu tenho, não me deixes, por favor – Eu fiquei desesperada

- Pronto – Ele ajoelhou-se à minha frente – Eu estou aqui, eu adoro-te está bem?

- Eu também te adoro tanto Zack – Respondi enquanto lhe dava um abraço.

Querida mãe,

Todos na escola gozam comigo. Até já me bateram e a minha alcunha é “a deprimida”. Mãe, eu já não estou a aguentar mais. Eu não durmo, não como, não falo… eu só te escrevo. Eu preciso de ti, aqui comigo. Eu preciso que tu me digas que tudo vai ficar bem. Mãe… Achas que eu sou feia? É que todos acham… O pai já não gosta de mim… A Patrícia já não me fala à mais de um mês. As minhas únicas palavras são dirigidas ao Zack. Eu já te disse o quanto ele é espectacular? Ele é o meu melhor amigo… Ele sempre está ao meu lado. É bom ter alguém. Mãe… Eu amo-te.”

….

“Querida mãe,

Nem imaginas o que tem acontecido. A minha depressão piorou, acho que já não era nada de que eu não estivesse à espera. Todos os médicos me querem internar, mas o Zack não deixa. Ele diz que toma conta de mim… Eu confio nele. Acho que ias gostar de ver como ele é atencioso. Às vezes até dorme aqui em casa.

Mãe… Desculpa tudo o que te fiz. Eu estou realmente mal. Acho que já não como nada à mais de 24 horas. Estou terrível, na verdade.

Hoje, na escola, uma colega minha disse que eu devia morrer. Eu concordo com ela.

Já não vejo o pai à 5 dias. Ele está sempre trancado no quarto…

Mãe… Tenho saudades de ouvir-te dizer que me amas. Eu sei que não há amo-te mais sincero. Preciso de um. Preciso de ti…”

À Procura da FelicidadeWhere stories live. Discover now