Hi, my name is Zack

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3 Dias no hospital, que inferno… Mas eu tinha noção que quando voltasse para casa, as coisas não iam melhorar.

                - No fim de se vestir, pode dirigir-se lá para fora – A enfermeira sorriu – A sua família está à espera.

Assenti e comecei a vestir a minha roupa para ir para casa.

                Dirigi-me devagar até ao corredor até encontrar a minha mãe, a sorrir-me.

Ela abraçou-me, eu não retribuo.

- O pai? – Eu perguntei

- Foi para casa com a Patrícia.

Acenei que sim e fomos em direcção à porta de saída.

- Bem-vinda! – A minha irmã abraçou-me – Tivemos medo de te perder.

- Posso ir para o meu quarto? – Perguntei ao meu pai

- Sim – Ele autorizou – mas primeiro temos de te dizer que amanhã às 9 tens uma consulta com um dos melhores psiquiatras do país.

Baixei a cara e concordei. Fui ao meu quarto.

Abri a porta devagar e estava exactamente tudo como eu deixei. Sangue no chão, tudo espalhado. Aquele tinha sido o último dia da minha vida. Eu não estava morta, mas também não estava viva. A minha vida tinha acabado naquele dia, não importa nada que tentem fazer.

Olhei-me ao espelho e a seguir para o meu braço, os poucos cortes reflectiam no espelho. Eu não aguento mais isto. Suspirei. Ajoelhei-me em frente à cama e apoiei os cotovelos no colchão. Fechei os olhos com toda a força com a esperança de fazer a minha vida acabar.  Agora. Devagar levantei-me e peguei na minha afia partida no chão, tirei a lâmina. É claro que nunca ninguém vai amar-me. Fiz mais alguns cortes no meu pequeno e frágil braço, sem pensar em consequências. “Tudo vai acabar para ti, Juliette”. Olhei de repente para o espelho e vi a menina. Ela cortava várias vezes o seu pescoço e ria repetidamente.

- SAI! SAI DA MINHA CABEÇA! – Gritei, enquanto mandava uma jarra ao espelho.

Comecei a andar para trás, a fugir de mim mesma. Acabei por tropeçar na minha cama e cai para cima dela. Deitei-me de barriga para baixo e coloquei os braços debaixo da minha cara, deitei a cabeça na almofada, as lágrimas caiam sem parar. Eu só queria alguém naquele momento para me abraçar.

- Bom dia. – Cumprimentei a minha secretária Ruth.

- Bom dia Dr. – Ela devolveu – Está muito bem-disposto.

- Sabe que estou sempre não é? – Olhei-a sem esperar resposta – Que temos para hoje?

- A Sra. Dora às 7, o Sr. Patrick às 8 e uma menina nova chamada Juliette às 9.

- Hum, está bem – Grunhi enquanto olhava para os papéis – Temos algumas informações sobre essa Juliette?

- Não muita – Ela começou a escrever no computador – Tem 12 anos, tentativa de suicídio, automutilação, por ai fora.

- Caso complicado – Comecei a dirigir-me para o consultório – Nada que não se resolva.

- Claro que sim Dr. – Ruth confirmou.

“Vai ser um longo dia.” - Pensei

Olhei para o relógio pela décima vez. 20:45h. Ir a um psiquiatra era a última coisa que eu queria. Porquê eu? Eu não estou maluca.

Caminhei até ao meu espelho. “Tudo vai acabar para ti, Juliette”… Ou talvez estivesse.

- Estás pronta? – Minha mãe perguntou do outro lado da porta

- Estou – Respondi com firmeza – Podemos ir.

Saí do quarto e com velocidade dirigi-me até ao carro.

- Não filha – Ela continuou a andar – Vamos a pé, o consultório é mesmo aqui em frente.

- Asserio? – Olhei-a com um olhar estranho – Como é que eu nunca vi que estava aí um consultório?

- Não sei – Ela encolheu os ombros – mas está.

Assenti e comecei a caminhar em direcção ao consultório.

Durante todo o caminho, ninguém disse uma palavra, estava um silêncio constrangedor.

Finalmente chegámos.

- Boa Noite – uma senhora cumprimentou quando entramos no consultório.

- Boa Noite – Minha mãe retribuiu e dirigiu-se até à senhora.

Fui com ela.

- Viemos para uma consulta – Minha mãe começou.

- Nome por favor – A senhora colocou os seus óculos e começou a escrever no computador.

- Juliette Darcy Derlont – Minha mãe respondeu e a senhora assentiu – Podem esperar ali ao fudo, o Dr. já vos chama.

Esperámos no máximo 5 minutos. Todos que estavam ali pareciam um pouco curiosos comigo, não paravam de me olhar. Talvez fosse pelas “mil” pulseiras que estivesse a usar. Eu não ia de manga comprida não é? Estávamos em Agosto.

- Juliette Derlont? – A secretária chamou-nos – Podem entrar, a última porta do corredor à direita.

Dirigimo-nos devagar pelo corredor. Havia salas de um lado e do outro e era um corredor bastante escuro, todo pintado de castanho com uns quadros esquisitos nas paredes e uns candeeiros com luz bastante fraca. Ouvimos um grito enorme. Virei a cara e os meus olhos bateram numa porta de vidro. Por curiosidade espreitei, mesmo a minha mãe ter-me aconselhado para não o fazer, estava um homem amarrado a uma cama com umas cordas estranhas e um colete vestido.

- Aquilo é um colete-de-forças – Minha mãe explicou – é aquilo que se faz às pessoas que não se conseguem controlar.

Baixei a cabeça e continuei a caminhar. Parei em frente à porta. Eu nunca teria coragem de bater. A minha mãe não se preocupou muito e fez isso por mim.

- Boa Noite – Um homem surgiu na porta.

Era um homem bastante alto, cabelo castanho claro, dava para notar uns olhos verdes que me olhavam. Tinha uma cor de pele morena e um corpo musculado. Vestia uma camisa justa preta e umas calças de ganga escura, notei também em umas All Star azuis. Como eu amava All Star. Óbvio que depois vestia aquela bata branca que dava cabo do aspecto de qualquer médico.

- Podem entrar – Ele acariciou-me a cabeça.

Entrámos. Era uma sala muito acolhedora, para ser sincera. Era toda branca ao contrário daquele corredor. Tinha uma secretária preta encostada à parede e dois sofás, um era castanho e grande e o outro localizava-se em frente deste sendo também castanho, mas era pequeno. Havia uma porta que dizia “Proibida a passagem a gente não autorizada” Fiquei curiosa com o que seria aquilo.

O médico colocou-se à minha frente e estendeu a mão.

- Olá, meu nome é Zack e o teu?

À Procura da FelicidadeWhere stories live. Discover now