Capítulo 3 - Violet (Degustação)

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Senti uma dor enorme no meu pescoço e o virei para o lado, tentando descobrir por que haviam me deixado dormir naquela posição ruim. Meus braços e pernas também estavam latejando e as minhas dúvidas só aumentavam, à medida que me dava conta desses fatos.

Paulatinamente fui abrindo meus olhos e me impressionei ao encontrar tudo na maior escuridão. Forcei minha vista, tentando ver algo, mas não obtive sucesso e estranhei este fato; ainda mais ao sentir um cheiro terrível invadir minhas narinas.

Onde estou?, era a única pergunta que rondava minha mente.

Eu não conseguia me lembrar de muita coisa do que tinha acontecido antes de ter caído no sono, mas desconfiava ter sido algo muito ruim, tendo em vista as péssimas condições em que eu me encontrava agora.

Meu pescoço novamente doeu e eu tentei levar uma de minhas mãos até ele, para massageá-lo, porém havia algo me impedindo. Olhei para baixo e vi que meus pulsos estavam amarrados. Forcei minhas pernas a se afastarem, mas estas estavam da mesma forma que os meus braços.

Que merda eu tinha feito?

Impulsionei meu tronco para cima, buscando força nos cotovelos para ir para frente e me sentar, e, com um pouco de esforço, consegui. Procurei apoiar minhas costas em algo, para não cair, pois estava levemente tonta e um enjoo fora do comum me tomava.

Ainda com a corda amarrada em volta dos meus pulsos, fui tateando no escuro até encontrar uma parede fria atrás de mim, na qual me encostei.

Respirei fundo, forçando o ar a invadir meus pulmões ainda mais rápido do que de costume. Entretanto, no momento seguinte, me arrependi, pois aquele cheiro de esgoto e mofo ainda continuava lá, com ainda mais intensidade - se é que isso era possível.

Após alguns segundos tentando conter a ânsia de vômito que me acometia, procurei resolver o principal dos meus problemas e depois me preocupar em pensar no que tinha me trazido àquele lugar horrendo, que nem mesmo ver eu conseguia, por causa da escuridão.

Tentei soltar primeiramente meus pés, pois sabia que os pulsos dariam bem mais trabalho, e fui, com muita dificuldade, desfazendo os fortes nós que fizeram na corda que amarrava meus tornozelos. Depois tive que me desdobrar ainda mais para conseguir o mesmo feito nas mãos. Porém, o esforço valeu a pena, já que alguns minutos mais tarde, eu estava totalmente desamarrada.

Passei a avaliar o quarto ao meu redor, usando a pouca luz da lua que entrava por uma pequena janela que se encontrava no alto da parede, e posso dizer que o que vi já me desestabilizou e desesperou na mesma proporção.

As paredes eram sujas, cheias de infiltrações - acho que era por isso que eu estava sentindo tanto frio - e também tinham teias de aranhas espalhadas por suas extremidades. Se vista de onde eu estava, havia uma escada no canto direito do cubículo, fazendo-me deduzir que aqui fosse o porão de alguma casa velha que, há muito, estava abandonada. Não tinha banheiro ou até mesmo nenhuma outra coisa que não fosse esse colchão fétido sobre o qual eu havia sido abandonada.

Por que fizeram isso comigo?

Forcei novamente minha mente a trabalhar e alguns flashes do que tinha acontecido invadiram minha mente. Primeiro, eu estava sofrendo por ter que me casar, mas depois eu me convenci de que isso não seria uma coisa tão ruim e decidi ir até o fim. Quando, depois de muita tristeza e lágrimas, me despedi de Charlie e Mary, entrei no carro, para ir até a igreja.

Ok, disso eu lembrava. Mas o que tinha acontecido depois?

Levantei-me, agoniada por não estar conseguindo chegar ao ponto que queria, mas me arrependi na mesma hora, pois o vestido longo não me ajudava a me locomover com muita facilidade e, a todo o momento, eu tinha que estar levantando a saia para não pisar nela. Além disso, por conta das cordas, meus pulsos e tornozelos continuavam doendo, latejando sem parar. Provavelmente, ficariam marcados por algum tempo.

Raptada (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora