Os jardins do palácio tornaram-se o lugar preferido de Anastásia. Fazia longas caminhadas diariamente, muitas vezes sozinhas, outras vezes acompanhada de Phillip. Ele a fazia bem, gostava de estar na companhia dele, mesmo sabendo que não poderia se apegar demais, pois ele voltaria para a Inglaterra brevemente. Mas, mesmo assim, continuava se apegando aqueles momentos ao seu lado.
O vento batia violentamente em seu rosto, como se avisasse para ela entrar no palácio, pois outra tempestade de neve estava próxima, contundo, não se importava, o frio estava fazendo bem a ela, e por mais que muitas vezes chegasse a ser quase insuportável. Mas ela era uma russa, o inverno era como um lar.
— Anastásia! — Natasha gritou. — Anastásia!
— Estou aqui, Nat! — gritou de volta, acenando.
Sua irmã tentou andar rapidamente até ela, mas ela tropeçava na neve por causa da pesada roupa que usava para evitar o frio. Seu cabelo loiro estava solto, coisa muito rara de se ver, pois ela sempre o mantinha preso.
— Finalmente encontrei você. — sorriu.
— Deve ser algo muito urgente para estar me procurando desesperadamente. — Anastásia sorriu discretamente. — Diga-me seus segredos.
— Como sabe que é um segredo? — sua irmã arqueou as sobrancelhas e seu rosto ficou ligeiramente assustado.
— Ora, eu estava apenas brincando. — chutou um pouco de neve. — Agora vejo que realmente tem um segredo.
— Sim, eu tenho. Digamos que ele é um pouco grave.
— Santo Deus, o que andou fazendo?
— Apaixonando-me. — respondeu dando de ombros.
— Por quem? — sua curiosidade despertou completamente.
— Edik.
— Como? — perguntou surpresa.
— Sim, seu colega guarda. Meu Deus, não é possível que seja algo tão abominável me apaixonar por uma pessoa que não possui um título de nobreza.
— Fico feliz por você minha irmã. — pegou as mãos de Natasha. — Mas sabe o que virá futuramente, não sabe? Tenho absoluta que sabe mais do que eu, inclusive.
— Como se Edik não me lembrasse disso todo dia quando nos encontramos. — revirou os olhos e apertou a mão de Anastásia novamente. — Porém, serei forte. Lutarei por nós dois.
— Dimitri...
— Não quero falar sobre isso com ele ainda. — interrompeu Anastásia. — O casamento dele está próximo, não quero aborrecê-lo com minhas questões por enquanto. No momento certo, direi.
— Creio que o problema não será ele.
— Ah, com certeza não será ele. Será as pessoas que o rodeiam. Tenho somente medo disso. Eles vão querer impor um casamento entre mim e uma pessoa que possua títulos e um sangue nobre. Não aceitarei. Enfrentarei tudo por ele.
— Que paixão enlouquecedora é essa? — Anastásia crispou os lábios. — Ele faria o mesmo por você?
— Você acha que não?
— Quem sabe a resposta não sou eu. — pendeu a cabeça de lado.
— Creio que sim.
— Se os dois estiverem completos e certos sobre o que sentem, pretendem lutar por esse amor, direi que deve seguir em frente. Mas, escute-me minha irmã, haja com sabedoria e razão. O coração é traiçoeiro.
ESTÁ A LER
A grã-duquesa perdida
Historical FictionAnastásia adotada pela família Tchecov, não faz ideia da onde veio e como foi parar lá. A única coisa que ela tem como talvez uma lembrança da sua família seja um broche de ouro com a letra A gravado com rubis. Um dia resolve fugir para Moscou e ten...