Anastásia havia recebido uma carta escrita por sua mãe adotiva durante seu desjejum. Nádia comunicou que seu pai estava bem, e milagrosamente agradeceu pela ajuda dela. Ficou satisfeita e feliz por Ygor estar melhor e se recuperando bem. Voltou a tomar sua sopa tranquilamente e colocou a carta ao lado do seu prato. Feodora sentou-se ao seu lado logo em seguida, falando sobre a nova turbulência na família Bulganov.
— Gregori disse que a czarina está grávida.
— Isso não deveria ser bom? — Anastásia tomou mais da sua sopa.
— Deveria, eu acho. Mas tudo nessa família me deixa no mínimo confusa.
— Sério? Acho tudo aqui muito claro.
— Porque convive mais com eles, somente por isso. Pergunte aos outros empregados, vão dizer o mesmo que lhe digo.
— Digo-lhe que vocês têm uma imagem muito precipitada deles. Essa Lara não transmite algo bom para quem está próximo dela, entende?
— Entendo perfeitamente. Lembro a maneira como ela olhou para você. Era um olhar de desprezo, nem a conhecia ao menos. Ela odeia qualquer coisa que venha da czarina falecida. Chega a ser terrível.
— Acho que esse filho pode amolecer o coração dela.
— Possui um coração muito bom. — colocou a mão na de Anastásia. — Ninguém aqui tem fé nela, acho que nem ela mesma.
— Pois deveriam ter. — levantou-se e pegou o prato já vazio. — Não adianta reclamarem o tempo todo do temperamento da czarina se ninguém tem fé dela melhorar, nem que seja minimamente. Fica um ar estranho no palácio o tempo todo. É ruim até para nós empregados. — Anastásia colocou o prato na pia. — Ela precisa ser mais amada. Talvez a culpa seja não somente dela, mas do marido também.
— Ninguém jamais ousou dizer isso do czar. — Feodora falou espantada.
— Bem, eu ouso.
— Acha mesmo que é culpa dele?
— Acho. É tão nítido que ele ainda ama a falecida esposa.
— Isso sempre foi nítido para todos.
— Imagine que seu noivo tivesse uma noiva que morreu. Depois ele começou a namorar você, noivou e casou. De repente, ele começa a falar sobre a falecida noiva, como ela era e o quão ele a amava. Isso deve ser totalmente frustrante. Deus, eu não desejo isso para ninguém. — voltou a sentar ao lado da amiga.
— Não deveria voltar para o quarto de Natasha?
— Sim, mas eu tenho que guardar essa carta no meu quarto antes do meu regresso ao quarto da grã-duquesa.
— Eu guardo para você.
— Tenho que pegar uma coisa para mostrar a Dimitri.
— Dimitri? — Feodora cruzou os braços.
— Sim, irmão de Natasha.
— Parece até que são melhores amigos pelo grau de intimidade que vejo você tratando eles.
— Eles são bons comigo, permitiram o uso do primeiro nome quando não estivéssemos próximos de alguém. — ficou ruborizada.
Feodora lançou um olhar desconfiado para Anastásia, depois deu um pequeno sorriso.
— Posso ir com você até seu quarto?
— Claro.
Elas foram em direção aos corredores dos quartos dos empregados. Anastásia abriu a porta do seu quarto e as cortinas, pois mais cedo não teve muito tempo. Organizou umas roupas que estavam no chão, e Feodora começou a arrumar a cama.
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A grã-duquesa perdida
Historical FictionAnastásia adotada pela família Tchecov, não faz ideia da onde veio e como foi parar lá. A única coisa que ela tem como talvez uma lembrança da sua família seja um broche de ouro com a letra A gravado com rubis. Um dia resolve fugir para Moscou e ten...