Capítulo 3 - Degustação

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Melanie

— Foi algo que eu fiz? — Se esse é o comportamento padrão do Thomas,
não consigo entender como alguém consegue cair de amores por ele. Chato e não gosta de se enturmar. Bela combinação.
— Claro que não, deve ter se lembrado de um compromisso. — O tom desinteressado do Kadu seria convincente, mas o olhar trocado entre ele e o Mike diz outra coisa. — E as aulas? Você irá fazer o curso com as meninas? — Se ele quer mudar de assunto, não sou eu que vou impedir.
— Sim, tenho duas semanas de folga ainda, usarei esse tempo para me
ajeitar aqui, conhecer a área e conseguir um emprego.
— Eu vou conversar com o gerente do bar, ele precisa de alguém para
trabalhar lá, em algumas noites. O Tom bem que podia dar uma força, já que ele é amigo do dono.
Depois de sequer falar comigo, duvido que ele desse alguma força.
— Acho que sim, vou ver se ele fala com o Josh — Mike diz, dando-me
um sorriso pervertido. Bem que poderia mudar o meu foco do antissocial do Tom para o todo interessado Mike, se a Thay não estivesse completamente louca por ele! Ela sempre é atraída para os malandros, coisa que nunca
termina bem.
— Na realidade, não precisa. Bia, tu falas com o gerente e me apresentas
a ele, caso não dê certo, eu tenho duas semanas para achar alguma coisa,
além de ter dois meses tranquilos. — Odeio dever favores.
— Mas já deixamos o Tom avisado, e, qualquer coisa, ele entra em cena.
— Eu realmente queria que ele entrasse em mim, não em cena.
— Tudo bem, preciso desfazer as malas, procurar roupa ali dentro não está na minha lista de coisas preferidas para fazer! Vamos, meninas?
Despedimo-nos e voltamos para o apartamento, na realidade, queria só sair dali e parar de pensar em qualquer coisa envolvendo o Tom.
— E aí, Mel, gostou dos rapazes?
— Então, Kadu é fofo, Mike um galinha! — Olho para a Thay, a qual
está fazendo cara de paisagem. Merda! Ela realmente está a fim dele. — Já o Tom é estranho.
— O Tom não é o mais tagarela do mundo, mas hoje estava diferente! O
Kadu é uma graça mesmo e o Mike é aquilo ali sempre.
Também não me importa o que o Tom é ou deixa de ser, gosto de gente
divertida e não de um velhaco chato e todo quente, com corpo de um deus
e… merda!
— Vou organizar as minhas coisas, meninas, amanhã quero acordar cedo para dar uma volta por aí.
— Certo, gata! Quando levantares amanhã, nos chame e aí saímos juntas.
— Aceno com a cabeça enquanto as duas me abraçam.
— É bom te ter aqui!
— É bom estar aqui. Boa noite, lindas.
Pego uma garrafinha d’água e vou para o quarto desfazer as malas, não
trouxe tantas coisas, limite de peso ferra com tudo. Tive que escolher quais calças, blusas, casacos e vestidos iria trazer, mas não podia deixar a minha maleta de maquiagem para trás, nem fodendo faria isso. Organizo o roupeiro e pego meu note, já avisei para os meus pais que cheguei, mas preciso dar uma catada no Face e saber o que o povo anda aprontando.
Acordo num pulo, agarrada ao note. Pego o celular e vejo que são sete
horas. O meu corpo está todo dolorido por dormir demais, levanto-me e abro a janela, o vento que entra me desperta. Um cheiro de pão me atinge e vejo uma padaria em frente ao nosso prédio, que por sorte já está aberta. Enfio uma legging e um moletom, pego a carteira e as chaves e saio do
apartamento, pulo nas escadas e desço correndo, até que caio estatelada no chão.
— Porra, merda, caralho! De onde saiu esta parede?! — xingo tudo que
posso e mais um pouco, é nesse momento que escuto aquela voz.
— Você só pode ter um problema comigo ou gosta de esbarrar em mim de propósito!
Olho para cima e vejo uma mão estendida, subo mais um pouco para
encontrar um par de ombros largos e uma cara carrancuda. Levanto, sem
aceitar a sua ajuda.
— Por que diabos tu estás com esta cara de quem comeu e não gostou? E
não, eu definitivamente não quero te agarrar mais. — Merda de filtro, um dia eu morro pela minha boca grande.
— Não quer me agarrar mais? — Aquele sorriso de safado novamente,
olha o senhor frio e quente aí! Encosto-me à parede e respondo com o maior sorriso do mundo.
— Não. — Os olhos azuis intensos dele brilham, Tom se aproxima e
coloca as mãos na parede, cada uma de um lado do meu corpo, olho pra cima e ele abaixa a cabeça, consigo sentir a respiração dele na minha bochecha.
— Nós podemos mudar isso. — Ele inspira e eu solto o ar, não percebi
que o estava prendendo até aquele momento. Uma das mãos dele desce e aperta a minha cintura enquanto a boca mordisca a minha orelha. Engulo em seco e o empurro para o outro lado do corredor. Quando ele encosta-se à parede, grudo o meu corpo ao dele e percebo que está excitado. Passo as minhas unhas ao longo do peito e, assim que chego ao cós da calça, paro.
Olho para ele e lambo os lábios.
— Talvez, mas não hoje, Garotão! — Viro-me e saio pela porta, mais um
segundo e as minhas roupas estariam no chão, e, Deus me ajude, era isso o
que eu queria.
Respiro fundo e entro na padaria, olho todas aquelas guloseimas e
escolho um pouco de cada. Penso naquela ereção gigante e quase saio
correndo. Não acredito que logo eu, saí correndo em vez de me perder
naquele corpo. O rapaz do caixa me chama, pago e pego as minhas compras. Saio, dou um longo suspiro e balanço a cabeça. Não gosto quando os homens mudam de ardentes para congelantes, eu gosto deles quentes em todos os momentos.
Quando entro no meu apartamento, suspiro. Podia dar aulas de respiração para grávidas, estou ficando craque nisso. Vou para a cozinha arrumar o
café, quando está quase pronto, ligo o som bem alto numa música eletrônica e chamo as meninas, abrindo as portas dos quartos delas e me atirando na cama. Gosto de acordá-las com estilo.
Após vários resmungos e maldições contra as minhas futuras gerações,
ambas levantam e entram sonolentas na cozinha.
— Sério que tu precisas nos acordar assim? Eu juro que te mato na
próxima vez! — Um olhar assassino da Bia me faz cair na gargalhada.
— O que é tão engraçado, Mel? Quase morri do coração — a dramática
da Thay fala com a mão no peito.
Paro com as risadas e olho para ela.
— Mas não morreu. Deixem de drama e mexam estas bundas gostosas,
vamos tomar café.
— Eu sei por que aceito essas tuas loucuras, é amor
— Exatamente, é o amor. Como não me amar? — Caímos na gargalhada
e estamos bem de novo.
— Onde tu compraste tudo isso? — Decido não comentar o encontro com o Tom. Nada vai rolar com o vizinho, ele é gostoso, mas é louco.
— Aqui na padaria da frente, estava tudo quentinho, mas vocês
demoraram para levantar!
— Aquela padaria é ótima, mas não sabia que eles abriam tão cedo. —
Acredito nisso, afinal, as duas acordam lá pelas onze, só almoçam e saem correndo para o curso.
— Sim, eles abrem. Mas, e aí, nós vamos sair, certo? Vamos ter pouco
tempo, então andem com isso que só vou trocar de roupa e estarei pronta.
Depois de meia hora, saímos para gastar. Queria comprar papel de
parede, roupas de cama, cortinas novas e alguns artigos de decoração.
Entramos e saímos de trens, fiquei perdida e se tivesse que voltar sozinha, provavelmente, dormiria na rua. As meninas me apresentaram a Times Square, fiquei louca por tudo aquilo, se durante o dia era daquele jeito, imagina à noite?
Quebrei a magia e fomos para algumas lojinhas distantes.
Voltamos para casa e comemos um yakisoba maravilhoso. As meninas
saíram para o curso e eu fiquei com a limpeza da casa. Troquei de roupa,
liguei o som bem alto e coloquei a mão na massa. Limpei a cozinha, sala, banheiro e todos os quartos. No início da noite, fui levar o lixo para fora e
desci com cuidado. Não queria encontrar com certo moreno de olhos azuis.
Quando voltei, encontrei com Kadu.
— Oi, Kadu! — Ele, além de lindo, tem aquele sorriso sincero.
— Mel, já conheceu a cidade?
— Dei uma passeada hoje, fui comprar algumas coisas para decorar o meu quarto! Ei, vocês têm alguma escada? Preciso colar o papel de parede no meu quarto.
— Temos sim, posso deixar para você lá amanhã e, se quiser ajuda, posso
colocar o papel.
— Sério? Preciso sim, não sou boa com trabalhos manuais! Amanhã às
nove, pode ser?
— Claro, amanhã às nove! — Nós nos despedimos e entro no apartamento, estou tão cansada. Tomo um banho, preparo salada e uns bifes e espero as meninas. Depois de jantar, vou direto pra cama.
Acordo com alguém batendo na porta, pego o celular e já são nove horas!
Merda, é o Kadu. Levanto correndo e abro a porta, só que, em vez de
encontrar um rosto sorridente, dou de cara com olhos azuis enigmáticos e
uma carranca profunda agarrado numa escada!
— Oi, Tom.

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